Janduari Simões e sua fotografia transversal em palestra no MUFPA

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Ocorreu na terça-feira (27) um bate-papo entre Janduari Simões e o público do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o artista que é o convidado desta 5ª ediçãofalou sobre sua trajetória no Museu da UFPA, lugar que abriga a exposição individual “Cidade Invisível”, que apresenta série inédita de restos da Fábrica Palmeira, em 1975, e a grafia de fachadas populares e apartamentos no centro da cidade.

Janduari começou projetando alguns de seus ensaios, contou como foi a experiência de morar e estudar em Roma, cidade que o encantou. “Foi em Roma que eu comecei a fotografar a rua. Eu comprava filme 35mm pra fotografar a rua”, disse. Nascido em Itabuna, no interior da Bahia, teve de ir para o exterior para poder estudar fotografia como desejava. Autodidata, aprendeu muito do que sabe hoje devorando livros e revistas de fotografia, como a Revista Realidade, que o deixou impressionado com as grandes reportagens fotográficas.

Quando voltou ao Brasil, em Salvador, trabalhou como fotojornalista, mas também buscou participar de grupos de debate sobre fotografia. Com uma trajetória plural e marcada pela inquietação, Janduari se lançou mais uma vez ao novo, ingressou no curso de Artes Visuais.

“A universidade precisa muito de pessoas como você lá dentro. A Acadêmia quase sempre se nutre das coisas que vem do mundo para depois refletir”, observou Alexandre Sequeira e Janduari refletiu que “o curso de Artes Visuais pode ajudar a escolher que caminho tomar, como melhorar a minha visão”.

Na exposição do MUFPA, um recorte da transversalidade do seu arquivo, onde o tradicional e o contemporâneo se encontram e se completam. “Me encantou muito em ver a cidade e eu fiquei me perguntando como isso acontece na cabeça do Janduari”, comentou Maria Christina e o fotógrafo respondeu, “as vezes eu saio de casa sem rumo e a luz me chama a atenção para alguma coisa”.

Ao falar da exposição, Alexandre Sequeira comentou, “eu fiquei muito feliz em ver a Palmeira, mas é incrível o quanto a arquitetura modernista de Belém se perdeu e o paraense parece que tem uma paixão pela memória, apesar de insistir em não valorizar”. O registro da destruição da quadra que abrigava a Fábrica Palmeira foi feito no final dos anos 70, hoje a realização de trabalhos como esse se tornou mais difícil, ao falar sobre a violência em Belém, Janduari concluiu, “a cidade está ficando cada vez mais opressora”.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Texto: Debb Cabral

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