Diário Contemporâneo abre exposições e comemora marca de cinco anos

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O feriado que precedeu a abertura das exposições da 5º edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia foi de trabalho intenso. A presença dos artistas premiados Diego Bresani e Yukie Hori; dos selecionados Rafael D’Alo, Letícia Lampert, Pedro Clash e Ivan Padovani de fora do estado, além dos fotógrafos paraenses foi fundamental para deixar uma marca no processo que é a realização de um projeto como o Diário Contemporâneo.

Foto: Irene Almeida

Os cinco anos de premiação, deixaram nos espaços expositivos obras que foram incorporadas aos acervos e, que agora tomam corpo como coleção. “Conversando com o Mariano e a equipe, chegamos à conclusão de que o Prêmio deveria permanecer no acervo da Casa de uma maneira mais significativa. Já que ao longo dos anos, das edições anteriores, o Prêmio generosamente cedeu a Casa as obras premiadas, e pensamos juntos na possibilidade de fazer com que dentro do acervo da Casa das 11 Janelas criássemos um fundo do Diário Contemporâneo. Eu acho que isso representa um ganho para a Casa e especialmente também, para o Prêmio, porque poderemos contar, futuramente, a memória do Prêmio”, comentou Armando Queiroz, diretor do Espaço Cultural Casa das 11 Janelas.

“A coleção Prêmio Diário vai abrigar não só a coleção que já viemos formando ao longo desses cinco anos, como também se tornar disponível para que os artistas possam nos oferecer obras. Essa ação, sem duvida, vai favorecer ainda mais a arte, uma noticia que nos agrada muito”, afirmou Jussara Derenji, diretora do Museu da UFPA.

Foto: Debb Cabral

O número recorde de inscrições e a formação das coleções nos espaços expositivos são o resultado de um trabalho constante, como observou o curador do projeto, Mariano Klautau Filho: “importante é chegar à quinta edição, e a gente chegou à quinta edição com muito esforço, mas também com um ótimo saldo positivo, porque o projeto tem sido comentado, discutido e está no circuito. Os 518 inscritos é o resultado disso, e também porque o projeto estabelece um dialogo com a produção brasileira, ganhando um respeito muito grande no circuito da arte, entre os artistas e pesquisadores de arte”.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

Texto: Debb Cabral

Espaços culturais ficarão fechados devido greve dos rodoviários

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 Informamos que o Espaço Cultural Casa das 11 Janelas e o Museu da UFPA, que abrigam exposições do 5° Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia se posicionaram a manterem-se fechados caso a greve dos rodoviários permaneça. Contudo, assim que a situação esteja resolvida será retomado o atendimento normal.

Carta aberta à população, em especial aos artistas, estudantes, professores e pesquisadores em arte de Belém

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O Espaço Cultural Casa das Onze Janelas e o projeto Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia vêm manifestar o seu repúdio ao episódio ocorrido no Laboratório das Artes durante a abertura da mostra de selecionados e premiados da V Edição do Diário Contemporâneo no dia 22 de abril do corrente ano.

Seis estudantes do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará, que não representam o todo do curso e seus professores, arremessaram restos de comida na obra de uma artista selecionada para a mostra do referido projeto, no Laboratório das Artes, na tentativa clara de danificá-la. Em seguida, o grupo encaminhou-se para outro espaço do Museu onde se localizava o trabalho de outro artista também selecionado para mostra. Nesse momento o grupo foi interceptado por uma artista que se encontrava no local que, ao observar indignada o acontecido, decidiu questionar o ato cometido contra o trabalho artístico. Sem explicações e justificativas plausíveis o grupo interrompeu a continuidade do ato diante da informação de que câmeras de vídeo registravam os espaços expositivos.

Depois de analisar as imagens gravadas, a Casa das Onze Janelas, pertencente ao Sistema Integrado dos Museus e Memoriais da Secretaria de Cultura do Estado – como instituição pública, dedicada à produção contemporânea no Brasil e no Estado do Pará, e referência no norte do Brasil como espaço vivo para exposições e projetos no campo da arte – não admite comportamentos como os efetuados por tais estudantes, atitudes consideradas nocivas ao livre debate e à pesquisa em arte.

Como projeto artístico, o Prêmio Diário Contemporâneo de fotografia abrange mostras, oficinas, palestras, publicações e ações educativas em torno da produção no campo da fotografia, promovendo o intercâmbio entre a produção local e a fotografia brasileira produzida pelos jovens artistas. Como iniciativa privada, o projeto só é possível de ser realizado com as parcerias institucionais públicas como o Museu da Universidade Federal do Pará, a Casa das Onze Janelas e o Instituto de Artes do Pará.
O Diário Contemporâneo também não tolera o ato cometido pelos estudantes por entendê-lo, primeiramente, vergonhoso por se tratar de um ataque de artistas/estudantes de arte ao trabalho de outro artista. No mínimo, é constrangedor perceber a falta absoluta de razão e de inteligência por parte dos ofensores ao trabalho de um colega.

Em segundo lugar, tal ato fere princípios básicos no que se refere à compreensão do que seja arte como conhecimento e discussão crítica. Faltam nesses estudantes de arte o entendimento mais profundo e complexo sobre os campos do conhecimento sobre história da arte, sistema da arte, aprendizado da arte, crítica da arte, teoria da arte e filosofia da arte.

Fica a impressão que tais alunos não reconhecem o aspecto mais básico do lugar que eles ocupam em um sistema de conhecimento. Ocupar uma vaga em uma Universidade Federal no Brasil, país de grande miséria social, é ocupar uma voz ativa. É, principalmente, ocupar um lugar de poder. Mais importante que recusar o poder é conhecer as suas armadilhas e saber utilizá-lo de forma inteligente e crítica.

O ataque à obra da artista é um ataque ao trabalho de profissionais que buscam desenvolver a formação em arte em diálogo com todas as formas possíveis de prática da arte, seja no espaço das galerias e museus, assim como nos espaços públicos e, especialmente, refletindo abertamente sobre todas as materialidades possíveis incorporadas, absorvidas e reativadas pelo artista contemporâneo.

Exige-se, fundamentalmente, capacidade poética e consequência nos atos praticados em favor da arte. Macular a delicadeza de uma obra é um péssimo caminho rumo à impossibilidade de fala e escuta do Outro. Atacar a obra de um artista com restos de comida é definitivamente um ato autoritário. Será necessário chamar a inteligência de volta para reconquistar o respeito de sua comunidade e de seus pares no processo de discussão crítica que queremos e precisamos manter na cidade de Belém.

Armando Queiroz – Diretor da Casa das Onze Janelas

Mariano Klautau Filho – Curador do projeto Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia

Diário Contemporâneo abre inscrições para oficina “Olhar de Brinquedo”

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O programa de atividades do projeto educativo em espaços culturais vem sendo realizado durante as exposições do 5º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, desde o dia 22 de abril e seguirá assim até dia 22 de junho de 2014. Dentro desse programa, intitulado “Olhos de Assombro” é proposta a oficina “Olhar de Brinquedo” que tem como público-alvo professores e educadores de diferentes disciplinas que atuem na educação básica e entendam a imagem como meio de produção de conhecimentos. As inscrições são feitas até o dia 06 de maio através da ficha de inscrição disponível no site www.diariocontemporaneo.com.br. O candidato interessado deverá informar qual turma deseja participar: Turma 1: 08 de maio, das 08 às 12h | Turma 2: 08 de maio, das 14 às 18h | Turma 3: 09 de maio, das 08h às 12h. A ação acontecerá no Museu da UFPA e as inscrições são gratuitas. Vagas limitadas.

O workshop de Ana Mokarzel também teve como público-alvo professores e educadores. Foto: Irene Almeida

A metodologia se desenvolverá a partir de um encontro com a apresentação do material educativo e artístico da 5ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia a fim de gerar conteúdo e/ou material a ser desdobrado em sala de aula que seja equilibrado ao que se propõem pelo projeto.

Dessa maneira. “Olhos de Assombro” surge com a intenção de olhar cada participante como experiência, afeto, caminho, sujeito. Para isso, foi planejado um percurso que se cruza ao da própria experiência fotográfica que precisa de diferentes tempos, como o de observação, envolvimento, click, expectativa, resultado, desdobramentos e de reinício infinito desse ciclo. Assim como o cruzamento com a fotografia enquanto objeto teórico, pois o Prêmio não está apenas preocupado em executar uma ação educativa sobre obras fotográficas, mas preocupado, inclusive, com as possíveis inferências provindas das experiências com o público e com as obras de forma única ou coadunadas entre as diferentes partes.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

FAÇA SUA INSCRIÇÃO AQUI

SERVIÇO: Diário Contemporâneo abre inscrições para oficina “Olhar de Brinquedo”. Turma 1: 08 de maio, das 08 às 12h | Turma 2: 08 de maio, das 14 às 18h | Turma 3: 09 de maio, das 08h às 12h. Local: Museu da UFPA (Av. Governador José Malcher (esquina com Generalíssimo Deodoro). Inscrições gratuitas pelo site http://www.diariocontemporaneo.com.br. Vagas limitadas. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio do Shopping Pátio Belém e Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA).Informações: Rua Aristides Lobo, 1055 (entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa) – Reduto. Contatos: (91) 3355-0002; 8367-2468; premiodiario@gmail.com e http://www.diariocontemporaneo.com.br.

Texto: Debb Cabral

O tempo, o fluxo e a ação em workshop de fotografia com Fernando Schmitt

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Texto: Debb Cabral

Corrida contra o tempo. Dar tempo ao tempo. Áureos tempos. No tempo do onça. Fechar o tempo. Lapso de tempo. Matar o tempo. Não ter tempo a perder. O tempo é cruel. O tempo não para. O tempo voa. Amarelados pelo tempo. É só uma questão de tempo. Só o tempo dirá. Tempo é dinheiro.

Quantos tempos tem o tempo?

Essa e outras questões nortearam a dinâmica do workshop “A fotografia no limite do tempo”, com Fernando Schmitt, que aconteceu no período de 22 a 25 de abril, no Instituto de Artes do Pará, pelo 5º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

Workshop “A fotografia no limite do tempo”. Foto: Debb Cabral

“Cercar o tempo é uma tarefa inglória, vamos transitar acerca do tempo”, explicou Fernando logo no primeiro encontro com os participantes. Professor e alunos coletaram referências (textos, imagens, questões) acerca da relação pessoal e fotográfica com o tempo. A fotografia no seu limite buscou extrapolar as fronteiras entre as linguagens.

Fotógrafo paulista que teve a série “O menino” selecionada nesta edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, Pedro Clash, que também participava do workshop, observou: “o tempo pra mim é uma mutação. O meu tempo, a minha preguiça, o meu clima, são determinantes na minha fotografia”.

O resultado do workshop foi uma coleção de projetos de experiências fotográficas. Desta vez, na ação formativa, buscou-se alinhar as ideias de um projeto fotográfico já existente, que cada participante trouxe e compartilhou com o grupo. Mais do que produzir as fotografias, a intenção foi a de olhá-las com mais calma e buscar compreender onde elas queriam nos levar. “Você pode pensar a fotografia como uma espera, de algo que se transforme em ato”, concluiu Fernando. Uma relação de fluxo e potência, de existir no tempo e nunca fora dele.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

Bate-papo com Janduari Simões terá nova data para acontecer

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Texto: Debb Cabral

Devido a forte chuva da última quinta-feira (24), muitas pessoas ficaram impedidas de comparecer ao Museu da UFPA, para o bate-papo com Janduari Simões, artista convidado do 5° Prêmio Diário Contemporânea de Fotografia. O evento será remarcado e a nova data será divulgada em breve.

Lembramos a todos que a “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Bate-papo com Janduari Simões nessa quinta-feira

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Texto: Debb Cabral

Janduari Simões participa nessa quinta-feira (24) de um bate-papo com o público do Museu da UFPA, lugar que abriga uma exposição individual de seus trabalhos. Ele é o artista convidado da 5ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. O evento acontece às 19h e tem entrada franca.

Nascido em 1949, em Itabuna, no interior da Bahia, Janduari Simões chegou a Belém em 1975, querendo viver a vida. Naquela época tinha uma câmera Pentax SP a tiracolo, era fotógrafo autodidata e aprendia muito do que sabe hoje devorando livros e revistas de fotografia. Entre as muitas indas e vindas de sua trajetória, se fixou na cidade, trabalhou para o Museu Paraense Emílio Goeldi e viajou muito pela Amazônia, pelas capitais e pelos interiores.

Seu trabalho autoral se desenvolve na área de pesquisa da cultura popular brasileira, as músicas, danças e atividades presentes nos múltiplos desdobramentos de nossa cultura.

Foto: Janduari Simões

Ele constituiu um grande acervo de imagens, de onde se destacam as produzidas no estado do Pará, que chamaram a atenção de Mariano Klautau Filho, curador do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, e resultou em um convite para ter uma mostra individual nesta edição. O encontro, nas palavras do fotógrafo “será um relato de experiência, falando sobre o começo de trajetória em Belém, ilustrado com fotos e paginas das publicações nas quais foi veiculado meu trabalho jornalístico, sem muita teoria acadêmica”.

A exposição reúne 50 fotografias. Em uma parte um recorte pontual de sua sensibilidade sobre o espaço urbano e as mutações que ocorrem na arquitetura, com um olhar atento para a estrutura formal das moradias, e as semelhanças que anulam o limite entre centro e periferia; do outro lado, um trabalho muito significativo e tocante: o registro da destruição da quadra que abrigava a Fábrica Palmeira, no final dos anos 70. A destruição marca também o nascimento de uma das maiores cicatrizes urbanas que Belém já produziu e que hoje tem o nome de “Buraco da Palmeira”.

Foto: Janduari Simões

Segundo Mariano, “as pessoas preferem ver os desenhos, rótulos, marcas dos antigos catálogos da Palmeira como se fossem bibelôs românticos e com isso poderem suspirar exercitando seu gozo nostálgico, mas não querem enxergar que houve um massacre de uma quadra inteira e que isso está relacionado hoje com o poder das construtoras e incorporadoras que continuam destruindo a cidade diante de gestões e institutos de patrimônio subservientes. As fotografias de Janduari vão muito além disso, e recolocam nesse contexto a invisibilidade de uma cidade, uma cidade que a gente não quer ver ou não consegue mais ver”.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

SERVIÇO: Bate-papo com Janduari Simões nessa quinta-feira. Data: 24 de abril de 2014. Horário: 19h. Local: Museu da UFPA (Av. Governador José Malcher (esquina com Generalíssimo Deodoro). O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio do Shopping Pátio Belém e Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA). Informações: Rua Aristides Lobo, 1055 (entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa) – Reduto. Contatos: (91) 3355-0002; 8367-2468; premiodiario@gmail.com e http://www.diariocontemporaneo.com.br.

Fotografia paraense em destaque no Prêmio Diário Contemporâneo

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Seguindo a programação de aberturas de exposições do 5º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o Museu da UFPA recebe, nessa quarta-feira (23), às 19h, duas mostras especiais: “Cidade Invisível”, de Janduari Simões, artista convidado desta edição; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com um breve resumo da nova produção fotográfica e artística do estado, através dos trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno.  A entrada é franca e a visitação seguirá até o dia 22 de junho.

Este ano, o artista convidado vem reforçar, mais uma vez, a necessidade de se construir um panorama da produção fotográfica no nosso estado. Janduari Simões nasceu no interior da Bahia, mas seu acervo se constitui, em grande parte, com imagens sobre cultura e o homem da Amazônia, sobretudo do Pará. Em “Cidade Invisível”, ele apresenta um questionamento sobre história, memória e patrimônio. Numa parte, um recorte pontual de sua sensibilidade sobre o espaço urbano e as mutações que ocorrem na arquitetura, com um olhar atento para a estrutura formal das moradias, e as semelhanças que anulam o limite entre centro e periferia. Onde, segundo o curador do projeto, Mariano Klautau Filho, “as fachadas de casas populares assumem uma conformação construtivista e os apartamentos projetados na era moderna da arquitetura se revelam na sua ocupação contemporânea uma assimetria, linhas irregulares e certo caos distantes do projeto inicial para o qual foram pensados”.

Foto: Janduari Simões

Do outro lado, um trabalho tocante, que foi realizado final dos 70, época em que a quadra que abrigava a Fábrica Palmeira estava sendo destruída, e marcando, então, o nascimento de uma das maiores cicatrizes urbanas que Belém já produziu, a qual hoje tem o nome de “Buraco da Palmeira”. “As imagens do Janduari dos restos da edificação da Fábrica Palmeira são melancólicas, e ao mesmo tempo são registros documentais de uma paisagem que ninguém (ou quase ninguém) fotografou”, conta Mariano, acentuando que “As pessoas preferem ver os desenhos, rótulos, marcas dos antigos catálogos da Palmeira como se fossem bibelôs românticos e com isso poderem suspirar exercitando seu gozo nostálgico, mas não querem enxergar que houve um massacre de uma quadra inteira e que isso está relacionado hoje com o poder das construtoras e incorporadoras que continuam destruindo a cidade diante de gestões e institutos de patrimônio subservientes”. Na sua observação, as fotografias de Janduari recolocam nesse contexto a questão da invisibilidade de uma cidade, cidade essa que muita gente não quer ver ou não consegue mais ver.

MOSTRA ESPECIAL

Pelo segundo ano, além da individual do artista convidado, o Museu da UFPA recebe, também, uma coletiva que traz um recorte do que de novo está se produzindo na fotografia paraense. Veteranos e jovens fotógrafos apresentam ao público seus mais recentes trabalhos. A mostra “Pequenas cartografias (e duas performances)” acentua mais ainda a intenção do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia de valorizar e fomentar a cultura paraense.

Marise Maués apresenta a obra intitulada “Nóstos”, composta por um vídeo, que teve como local de produção a ilha ribeirinha de Maracapucu Miri, localizada o município de Abaetetuba. “Sou egressa desse lugar, contudo aos dois anos fui levada juntamente com mais oito irmãos para a cidade, pois para minha matriarca era imprescindível à educação, a fim de nos garantir um futuro melhor. Apesar desse afastamento, sempre tive contato com os costumes e tradições ribeirinhas, seja pela ancestralidade ou por visitas em épocas de férias”, conta Marise. O trabalho mistura natureza e feminilidade.

Já o fotógrafo e historiador Michel Pinho expressa seu convite à reflexão, um questionamento sobre o estado da humanidade que beira barbárie, o qual legitimou e legitima a violência. “Patrimônio” é composto por fotografias que navegam entre a estética do lugar e o registro do patrimônio deixado pelos nazistas. “Descobri que a dor atravessa fronteiras e as edificações que antes serviam como apenas um estábulo, passaram a ser campos de extermínio. A proposta da exposição se encaixa nesse viés, falar de processos transnacionais questionar como a construção visual do nazismo ajuda-nos a compreender a dor que emana dos prédios, caminhos, banheiros e arames, muitos arames que lá e cá estão”, reflete Michel.

Primavera. Foto: Rodrigo José

“Primavera”, de Rodrigo José é um trabalho desenvolvido no ambiente interno de uma casa, em que as fotografias procuram investigar o lado afetivo de um lugar que estava em via de desaparecer. É uma série em que a fotografia trabalha como um vetor de descobertas que possibilita a reflexão de um universo particular.

“Flat – Volto para dormir todos os dias nas ruínas”, de Cinthya Marques, trata-se de uma série de fotografias que buscam retratar o ambiente que artista reside, a partir da linguagem ficcional, observando uma única perspectiva: a vista da janela de um apartamento, próximo a Avenida Presidente Vargas, centro comercial de Belém. “Assim como um estrangeiro, que ao chegar à nova cidade se depara com uma visão acerca do seu próprio mundo, pretendo discutir na série a sensação daquele que observa pela primeira vez uma nova paisagem ao seu redor, para falar sobre o primeiro olhar que lançamos no local em que se transita, aquele olhar sobre o novo, o diferente e o desconhecido”, conclui Cinthya.

“Flat - Volto para dormir todos os dias nas ruínas”, de Cinthya Marques
“Flat – Volto para dormir todos os dias nas ruínas”, de Cinthya Marques

No cotidiano de fotojornalista do jornal Diário do Pará, Marco Santos observou: “sempre tive uma certa paixão por composições que envolvem o que chamamos de sinistro. É uma sensação provocada pela escuridão e pela luz. Algo que revela de forma abstrata a existência e elementos, nas imagens”. Em “Sinistro”, vemos fotografias de situações arrasadas, mas que renovam a esperança com pequenas coisas, quase imperceptíveis.

Já no registro da performance “O silêncio ancorava as asas: ser pedra depende de prática”, da artista Luciana Magno, observamos imagens em que a força da natureza se impõem. O trabalho é uma reflexão sobre a vida e seu fluxo, a partir do lançar-se ao desconhecido.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

SERVIÇO: Fotografia paraense em destaque no Prêmio Diário Contemporâneo. Abertura: 23 de abril de 2014. Horário: 19h. Local: Museu da UFPA (Av. Governador José Malcher (esquina com Generalíssimo Deodoro). Entrada franca. Visitação até 22 de junho de 2014. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio do Shopping Pátio Belém e Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA).Informações: Rua Aristides Lobo, 1055 (entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa) – Reduto. Contatos: (91) 3355-0002; 8367-2468; premiodiario@gmail.com e http://www.diariocontemporaneo.com.br.

Texto: Debb Cabral

Mostra do 5º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia abre nessa terça

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Em março, a comissão de seleção, formada por Alexandre Santos (UFRGS), Rubens Fernandes Junior (FAAP/SP) e Mariano Klautau Filho, depois de quatro dias intensos  escolheu os 30 artistas, dentre os 518 inscritos, que constituem um recorte do que mais instigante está se produzindo na fotografia contemporânea. Agora, o público poderá finalmente conhecer as obras escolhidas para essa 5ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. A “Mostra dos artistas premiados e selecionados” inaugura nessa terça (22), às 19h, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas. Com entrada  franca, a visitação seguirá até o dia 22 de junho.

Nascido em Belém, em 1970, e formado em Administração de Empresas, Alberto Bitar iniciou na fotografia em 1991, ano em que passou pelas oficinas de fotografia da Associação Fotoativa. Desde 1992 desenvolve ensaios pessoais, já tendo participado de diversas mostras nacionais e internacionais, além de integrar o acervo de museus e coleções.

Bank Blocs, de Alberto Bitar

É dele o Prêmio Diário do Pará, pelo trabalho “Bank Blocks”, numa referência ao termo Black Bloc, tática de protesto de rua de ação direta que começou na Alemanha da década de 1980, e que visa atacar prédios, carros e outros símbolos capitalistas como forma de reivindicar atenção para a sua causa. Fotojornalista do jornal Diário do Pará e com a vivência constante da redação, Alberto acompanhou a ação dos Black Blocs no Brasil, onde tomaram força durante os protestos de 2013, quando manifestantes foram às ruas em várias cidades do país em protestando, em sua maioria, contra o aumento na passagem do transporte coletivo homologado pelas prefeituras.

“Nos bancos, situados nesses lugares, encontrei algo diferente ao que estava acostumado nas paisagens urbanas que conhecia. […] A presença desse novo elemento não significa apenas que ali haviam acontecido embates e protestos anteriores. Aquilo não era simplesmente um remendo do resultado daquelas investidas, mas além de marcas ou símbolos do que havia ocorrido também seria uma tática de defesa aos ataques dos Black Blocs que ainda poderiam acontecer dali para frente, o que chamei de Bank Blocs”, observou Alberto.

Ume, da série Dedicatórias, de Yukie Hori

“Dedicatórias”, da artista visual e designer gráfico Yukie Hori (SP), é uma série de cinco crônicas de três ou duas imagens, tomadas entre 2008 a 2013 em viagens ao Japão. Segundo ela, “são imagens produzidas sem o comprometimento anterior ao registro de formar um ensaio fotográfico de tema definido, mas que recriam memórias, estabelecidas na revisita ao arquivo pessoal”, nesse momento também são percebidas as referências formativas da poética da autora. Este trabalho foi vencedor na categoria Prêmio Diário Contemporâneo.

“Não por acaso, minha pesquisa em desenvolvimento no mestrado no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da USP tem especial atenção às influências da arte e cultura japonesas na prática artística e a discussão da fotografia na esfera da Arte Contemporânea. Este portfólio dialoga, portanto, com essas questões”, acentua Yukie.

Diego Bresani: Série Ao Lado – Homens brigando na seca

Vencedor do Prêmio Diário de Fotografia, Diego Bresani (DF) é fotógrafo e diretor de teatro, formado em Artes Cênicas. Sua pesquisa atual constitui uma experimentação com as fronteiras entre a fotografia documental e a encenação, como na série “Ao Lado”, na qual o público observará que são cenas da vida cotidiana com as quais o artista se depara constantemente, flagrantes de um momento na vida de pessoas desconhecidas, feitos pela janela do carro ao se deslocar pela cidade. “Eu as vejo, as guardo em minha memória e depois volto ao seu lugar original e as reenceno usando outras pessoas, na maioria das vezes atores e atrizes. isolando-as assim, de seus contextos originais. A intenção é trazer de volta à vida momentos ordinários que seriam negligenciados se não fossem recriados. Quando estas imagens costumeiras são vistas de fora de suas cronologias originais, recriadas no tempo e desprovidas de informações extras, elas demandam do expectador que ele/ela imagine e crie seus próprios contextos para estes momentos, assim como o que as precedeu e o que as sucedeu. As fotografias das situações ‘realocadas’ se tornam então, provocações para novas histórias”, diz Diego.

Além dos premiados, estarão presentes na exposição, as obras dos artistas selecionados nessa 5ª edição, são eles: Alex Oliveira (BA); Amanda Copstein (RS); Toni Pires (SP); Carol de Góes (RS); Daniel Moreira (MG); Fábio Del Re (RS); Felipe Bertarelli (SP); Francilins Castilho Leal (MG);  Tom Lisboa (PR); Ionaldo Rodrigues (PA); Isabel Santana Terron (SP); Ivan Padovani (SP); Juliana Kase (SP); Juliano Menegaes Ventura (RS); Keyla Sobral (PA); Letícia Lampert (RS); Marcelo Martins de Figueiredo (MG); Marco A. F. e Eduardo Veras (RS); Marilsa Urban (PR); Marlos Bakker (SP); Nelton Pellenz (RS); Paula Huven (MG); Pedro Clash (SP); Péricles Mendes (BA); Rafael D’alò (RJ); Randolpho Lamonier (MG); e Victor Galvão (MG).

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

SERVIÇO: Exposição do 5º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia abre nessa terça. Data: 22 de abril de 2014. Horário: 19h. Local: Espaço Cultural Casa das Onze Janelas (Praça Frei Caetano Brandão s/n – Cidade Velha). Entrada franca. Visitação até 22 de junho de 2014. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio do Shopping Pátio Belém e Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA).Informações: Rua Aristides Lobo, 1055 (entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa) – Reduto. Contatos: (91) 3355-0002; 8367-2468; premiodiario@gmail.com e http://www.diariocontemporaneo.com.br.

Texto: Debb Cabral

Selecionados para o workshop “A fotografia no limite do tempo”

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ADAN BRUNO COSTA DA SILVA
ALEX GARCIA DE OIVEIRA
CAMILA AZEVEDO DINIZ
DEBORA CINTHIA RODRIGUES MONTEIRO
ELIZABETH GOMES
EMERSON DA COSTA COELHO JÚNIOR
EVERTON MAURÍCIO PEREIRA NASCIMENTO
FLAVIO AUGUSTO DA SILVA CONTENTE
HELDILENE GUERREIRO REALE
IONALDO RODRIGUES DA SILVA FILHO
MARIA CHRISTINA BARBOSA
MONIQUE HELENA DIAS BARROS
PAULO SÉRGIO DAS NEVES SOUZA
SANDRO DESTRO LIMA
TAIANE NOVAES DO CARMO
VICTORIA CORREA SAMPAIO
WALKIRIA ALMEIDA LOUREIRO
YAN FARIA DOS SANTOS