Três perguntas para: Michel Pinho

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A série “Patrimônio” de Michel Pinho, convidada para integrar a Mostra Especial “Pequenas cartografias (e duas performances)” nesta 5ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia apresenta  um relato sobre os campos de concentrações nazistas na Europa.

Confira a entrevista:

Forca de Auschwitz, Polônia. Foto: Michel Pinho

Debb Cabral – Tuas fotografias tem um caráter documental muito forte. Como que é apresentar um trabalho sobre política e história em um prêmio de arte?

Michel Pinho – O trabalho é uma reflexão sobre os espaços que marcaram o século XX, marcaram mesmo com arames, com cimento e dor. A fotografia nesse caso é uma tentativa de levantar uma discussão sobre o que queremos lembrar e o que queremos esquecer. O prêmio de arte é um espaço privilegiado para isso.

Debb Cabral – É uma série que é um questionamento sobre o estado de barbárie pelo qual a humanidade passou. Como falar isso através de imagens?

Michel Pinho – As imagens são reflexos de uma dor, de uma condição humana. Fiquei abalado alguns meses depois que voltei da Polônia, demorei para abrir os arquivos com as fotografias. Elas passaram a ser referência de um incomodo pessoal em relação a dor alheia. Sinto que elas me silenciam.

Debb Cabral – Este ano o Prêmio está completando cinco anos. Como você o avalia?

Michel Pinho – Vi o prêmio nascer, sinto-me honrado de ser convidado pela magnitude que ele ganhou nesses curto prazo. A fotografia paraense chegou em um nível de excelência tal que o prêmio diário é um dos seus maiores interlocutores. Vida longa.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Texto: Debb Cabral

Três perguntas para: Felipe Bertarelli

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A série “As Paisagens” de Felipe Bertarelli, selecionada nesta 5ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, mostra lugares da cidade de São Paulo que são fotografados de modo que uma grande massa de escuridão envolva pontos de luminosidade e somente alguns elementos possam ser vistos. Estar perdido é uma sensação constante ao visualizar as fotografias.

Confira a entrevista:

Da série “As Paisagens” de Felipe Bertarelli

Debb Cabral – Nas suas fotografias, as paisagens mostram uma cidade que quase ninguém nota em meio à correria do dia-a-dia. Que cidade é essa?

Felipe Bertarelli – Uma questão recorrente do meu trabalho é registrar a cidade nos momentos onde não existe qualquer presença humana, onde podemos nos deixar levar pelos detalhes que deixamos de prestar atenção. “As Paisagens” retratam os espaços dessa cidade de uma forma quase cênica, onde podemos ver as luzes compondo detalhes, revelando ou ocultando partes desses lugares, mostrando caminhos, possibilidades e nuances que não são perceptíveis durante o dia.

Debb Cabral –  Como que é o processo de produção dessa série? Você tem que observar muito antes de realizar a fotografia, olhar, conhecer a cidade…

Felipe Bertarelli – Durante as séries que produzi anteriormente (os pontos, os carros, os relógios, os túneis, as rotatórias), sempre acabo observando algum detalhe e isso vai se formatando aos poucos, até o momento que realizo os primeiros testes. A partir disso, todos esses lugares que passei começam a ser visitados novamente e fotografados. A série “As Paisagens” foi produzida durante dois anos, gerando um acervo rico de imagens, e após a edição, 33 imagens foram selecionadas para representar este extenso trabalho.

Debb Cabral – Este ano o Prêmio está completando cinco anos. Como você o avalia?

Felipe Bertarelli – A importância do Prêmio é apresentar e dar acesso a imagens que são produzidas nos mais diversos lugares do país, por grandes expoentes da fotografia contemporânea brasileira em um importante polo cultural.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Texto: Debb Cabral

Três perguntas para: Rodrigo José

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Pelo segundo ano, além da individual do artista convidado, o Museu da UFPA recebe, também, uma coletiva que traz um recorte do que de novo está se produzindo na fotografia paraense. Veteranos e jovens fotógrafos apresentam ao público seus mais recentes trabalhos. A mostra “Pequenas cartografias (e duas performances)” acentua mais ainda a intenção do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia de valorizar e fomentar a cultura paraense.

“Primavera”, de Rodrigo José é um trabalho desenvolvido no ambiente interno de uma casa, em que as fotografias procuram investigar o lado afetivo de um lugar que estava em via de desaparecer. É uma série em que a fotografia trabalha como um vetor de descobertas que possibilita a reflexão de um universo particular.

Confira a entrevista:

Público observa as imagens de Rodrigo José durante a abertura da exposição. Foto: Irene Almeida

Debb Cabral – Primavera é uma época em que nem o sol e nem a sombra imperam. Como foi o processo de produção do teu trabalho para chegar nessa ideia?

Rodrigo José – “… é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós próprios…” trecho do livro “O Conto da Ilha Desconhecida” de José Saramago.
Foi isso o que senti (e pude talvez enxergar) quando passei um tempo longe de Belém, onde se deu o início de tudo. O trabalho não teve um processo de criação definido, ou tampouco questões conceituais, ele nasceu a partir de um necessidade de vida, foi emotivo e visceral.

Debb Cabral – Você participa de uma exposição que apresenta um recorte do que de novo está se produzindo na fotografia paraense. Como você observa isso?

Rodrigo José – Eu não me observo. Faço fotografia por que gosto, ou por que preciso, precisar num sentido de necessidade interior, talvez como uma necessidade existencial. Afinal, costumo dizer que me conheci mais através da fotografia do que em anos de terapia, rs.

Debb Cabral – Este ano o Prêmio está completando cinco anos. Como você o avalia?

Rodrigo José – Eu tenho acompanhado desde seu início, o tempo passou rápido demais, é um prêmio relativamente novo, mas que já possui sua notoriedade dentro do cenário nacional.
A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.
Texto: Debb Cabral

Três perguntas para: Diego Bresani

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Vencedor do Prêmio Diário de Fotografia, Diego Bresani (DF) é fotógrafo e diretor de teatro, formado em Artes Cênicas. Sua pesquisa atual constitui uma experimentação com as fronteiras entre a fotografia documental e a encenação.

Confira a entrevista:

Público observa as imagens de Diego Bresani durante a abertura da exposição. Foto: Irene Almeida

Debb Cabral: Em que constitui a série “Ao Lado”?

Diego Bresani: A série “Ao Lado” surgiu de uma questão constante que tem em Brasília. Eu sou de Brasília, nascido e criado lá, numa cidade que foi feita para os  carros, a partir da ideia de que a coluna vertebral dela são as vias. Lá, a vida de criança e de adulto é, basicamente, sempre dentro de um carro se locomovendo em Brasília de um lado para o outro. Então, é sempre normal a gente, pela janela do carro, ver situações que acontecem na cidade com pessoas que não estão no carro. Eu comecei a guardar essas imagens.

Debb Cabral: Então todas essas imagens de fato aconteceram?

Diego Bresani: Todas essas imagens existiram de verdade, são imagens reais. O que acontecia, é que eu não andava com a câmera, então parava e anotava num caderno o que tinha na imagem que tinha acabado de ver. Depois eu retorno a esse lugar e com atores reenceno a mesma imagem que vi quando estava passando de carro.

Eu destaco da cronologia real da coisa uma ação que estava acontecendo e isolo-a. A partir dessa ação absolutamente banal, corriqueira ou ordinária eu realoco-a em outro lugar e proponho ao espectador a experiência de criar cada um a sua história, seja um antes ou depois.

Debb Cabral: Você é de Brasília, como que é estar expondo aqui em Belém, mostrar a tua fotografia a partir do olhar daqui do Pará?

Diego Bresani: Eu respeito à fotografia que vem sido feita em Belém há muitos anos. Ela é muito respeitada no Brasil inteiro, a fotografia, as figuras, os fotógrafos e as pessoas que trabalham com fotografia aqui. Pra mim é muito importante e muito especial estar aqui, pois sempre tive Belém como referência e a vi com muito respeito. Esse prêmio foi uma surpresa, porque foi a primeira vez que eu mandei alguma coisa pro Prêmio.

Quando eu recebi a noticia da premiação foi num sábado à tarde, eu fui pra casa, tomei um banho e fui numa vernissage de uns fotógrafos amigos meus. Quando cheguei a vernissage foi como se eu tivesse ganhado o Oscar: todo mundo sábia do prêmio, todo mundo me parabenizou e foi ai que eu vi como o Prêmio tem uma importância nacional, ele é muito reconhecido e é muito valorizado.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Texto: Debb Cabral

Janduari Simões e sua fotografia transversal em palestra no MUFPA

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Ocorreu na terça-feira (27) um bate-papo entre Janduari Simões e o público do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o artista que é o convidado desta 5ª ediçãofalou sobre sua trajetória no Museu da UFPA, lugar que abriga a exposição individual “Cidade Invisível”, que apresenta série inédita de restos da Fábrica Palmeira, em 1975, e a grafia de fachadas populares e apartamentos no centro da cidade.

Janduari começou projetando alguns de seus ensaios, contou como foi a experiência de morar e estudar em Roma, cidade que o encantou. “Foi em Roma que eu comecei a fotografar a rua. Eu comprava filme 35mm pra fotografar a rua”, disse. Nascido em Itabuna, no interior da Bahia, teve de ir para o exterior para poder estudar fotografia como desejava. Autodidata, aprendeu muito do que sabe hoje devorando livros e revistas de fotografia, como a Revista Realidade, que o deixou impressionado com as grandes reportagens fotográficas.

Quando voltou ao Brasil, em Salvador, trabalhou como fotojornalista, mas também buscou participar de grupos de debate sobre fotografia. Com uma trajetória plural e marcada pela inquietação, Janduari se lançou mais uma vez ao novo, ingressou no curso de Artes Visuais.

“A universidade precisa muito de pessoas como você lá dentro. A Acadêmia quase sempre se nutre das coisas que vem do mundo para depois refletir”, observou Alexandre Sequeira e Janduari refletiu que “o curso de Artes Visuais pode ajudar a escolher que caminho tomar, como melhorar a minha visão”.

Na exposição do MUFPA, um recorte da transversalidade do seu arquivo, onde o tradicional e o contemporâneo se encontram e se completam. “Me encantou muito em ver a cidade e eu fiquei me perguntando como isso acontece na cabeça do Janduari”, comentou Maria Christina e o fotógrafo respondeu, “as vezes eu saio de casa sem rumo e a luz me chama a atenção para alguma coisa”.

Ao falar da exposição, Alexandre Sequeira comentou, “eu fiquei muito feliz em ver a Palmeira, mas é incrível o quanto a arquitetura modernista de Belém se perdeu e o paraense parece que tem uma paixão pela memória, apesar de insistir em não valorizar”. O registro da destruição da quadra que abrigava a Fábrica Palmeira foi feito no final dos anos 70, hoje a realização de trabalhos como esse se tornou mais difícil, ao falar sobre a violência em Belém, Janduari concluiu, “a cidade está ficando cada vez mais opressora”.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Texto: Debb Cabral

Três perguntas para: Yukie Hori

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A série de cinco crônicas, intitulada “Dedicatórias”, da paulista Yukie Hori, foi a vencedora desta 5ª edição, na categoria Prêmio Diário Contemporâneo. As fotografias recriam memórias, estabelecidas na revisita ao arquivo pessoal, quando são percebidas também, as referências formativas da poética da autora.

Confira a entrevista com a artista:

Da série Dedicatórias, de Yukie Hori

 Debb Cabral: Como foi o processo de produção dos teus trabalhos? Cada crônica tem suas características, como foi produzir cada uma?

Yukie Hori: As cinco crônicas foram compostas por fotografias tomadas entre 2008 a 2013 em viagens ao Japão.

A criação dos trabalhos teve início com a seleção das imagens, em revisita ao meu arquivo pessoal. Nesse processo, pude perceber referências que, de alguma maneira, estão presentes em minha poética e achei justo citá-los, dedicando uma crônica para cada autor, respeitando suas respectivas “personalidades”, tentando demonstra-las na escolha do papel, da moldura, da montagem das fotos…

Como não se trata de um ensaio de tema único, mas histórias curtas de duas ou três imagens chamo cada conjunto fotográfico de crônica.

Debb Cabral: Todo ano o Prêmio tem um tema que norteia as mostras, mas este ano não teve. Como foi trabalhar com o Não-tema?

Yukie Hori: Não acho que não houve entre os artistas da mostra um “trabalhar com o Não-tema”. Imagino que essa ausência de tema permitiu aos artistas uma escolha mais livre do trabalho que seria submetido ao Prêmio, liberdade que percebi na variedade de assuntos e misturas de linguagens e meios presentes nas obras selecionadas para a mostra. Acho essa diversidade dá mais conta de um possível panorama da fotografia atual do que uma mostra com algum tema definido.

Debb Cabral: Este ano o Prêmio está completando cinco anos. Como você o avalia?

Yukie Hori: Fiquei surpresa com o número alto de inscritos nesta edição e saber como a boa qualidade dos trabalhos dificultou a seleção do júri. Isso é sinal de que o Prêmio está amadurecendo no circuito da fotografia brasileira e de que a qualidade dos fotógrafos, principalmente dos jovens artistas, esta cada vez melhor.

Participei da primeira edição e agora do quinto, fico muito feliz de fazer parte da história do Prêmio Diário.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Texto: Debb Cabral

Tabloide da 5ª edição pode ser baixado gratuitamente

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Desde a sua primeira edição o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia disponibiliza ao público um tabloide com matérias sobre Premiados, Selecionados, Artista Convidado e Mostra Especial, além de outras mais, produzidas somente para essa mídia.

Foto: Ivan Padovani

A capa desta edição se valeu da estética da série “Campo Cego”, de Ivan Padovani, numa capa minimalista  que destacou a fotografia.

O Tabloide é encartado no Jornal Diário do Pará no final de semana que antecede a abertura das exposições, sempre no domingo, dia de maior circulação e tiragem do jornal; além disso, ele é distribuído na abertura e visitação das exposições e possui o material educativo da edição para ser trabalhado em sala de aula por professores e educadores.

Baixe gratuitamente AQUI!

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Texto: Debb Cabral

Público diverso e participativo na oficina “Olhar de Brinquedo”

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Seguindo com o seu objetivo de formar multiplicadores, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia ofertou a oficina “Olhar de Brinquedo” que teve como público-alvo professores e educadores de diferentes disciplinas que atuam na educação básica. A oficina integrou o programa de atividades do projeto educativo “Olhos de Assombro”. A coordenadora da ação educativa, Adriele Silva disponibilizou três turmas, para que os interessados pudessem escolher a data e o horário que fossem melhor para eles.

Segundo Adriele, o curso, mesmo com a greve dos rodoviários que ameaçou seu processo, “foi bem produtivo e participativo”. Diversos motivos levaram os participantes a se inscreverem, além daqueles que foram “selecionados” a partir de alguma ligação com a educação, “uma pessoa participou desse momento pela curiosidade/vontade em investir no seu ‘hobby fotográfico’ e outra participou como pesquisadora, pois esta escrevendo seu trabalho de conclusão de curso e viu nesse momento uma oportunidade de pesquisar mais sobre processos de mediação educativa em museus. Essa relação foi fundamental para as discussões que buscamos provocar”.

Foto: Adriele Silva

Uma metodologia intuitiva e que levava em conta a si mesmo e o outro, sempre “fazendo relações entre sentimentos, lembranças e teorias fomos nos percebendo enquanto ‘seres de encontro’ e que esses encontros – pensando o papel do educador – também são responsabilidades competentes a profissão e acima de tudo as relações que criamos/alimentamos/estabelecemos com qualquer sujeito. A partir daí fomos passando por questões relacionadas a percepção de como podemos construir esses percursos/roteiros de viagens aos possíveis encontros que podemos ter com a arte. Então atravessamos a necessidade da busca por informações, da definição de objetivos que estejam ou não relacionados as instituições que cada grupo esteja ligado, da divisão de tarefas, da parceria entre os diferentes níveis de mediação para perceber esse processo como uma complexa rede de saberes/fazeres humanos em prol – nesse caso do nosso projeto – do artístico. E quando digo perceber essa complexa rede enfatizo a necessidade perceber criticamente o lugar do ‘espaço cultural’, da ‘escola’ e da ‘família’ nessa construção que é sensível, mas também é política, social, econômica, cultural e afetiva”, refletiu.

Foto: Adriele Silva

O lúdico também esteve presente, através de dinâmicas e uso de objetos como apoio, como conta Adriele, “fechamos o dia fazendo uma atividade de construção dessas redes a partir de uma pequena ‘fita de moebius’ que em um dado momento de entrelaça e cruza todos nós em um só emaranhado de fios banhados pelo desejo de sensibilização ao que nos constitui e ao que consequentemente também constitui o outro”.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Texto: Debb Cabral

Três perguntas para: Alberto Bitar

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Com o objetivo de oportunizar que o público conheça um pouco mais sobre a carreira, trajetória e trabalho selecionado dos artistas, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inaugura em seu site a categoria “Três perguntas para”, na qual será divulgada uma breve entrevista com um fotógrafo participante de qualquer uma das mostras.

A estreia será com Alberto Bitar, fotógrafo paraense que levou o Prêmio Diário do Pará dessa 5ª edição com o trabalho “Bank Blocks”.

Bank Blocs, de Alberto Bitar

Debb Cabral: O que é o “Bank Blocks”? Fala um pouco sobre esse teu trabalho que foi premiado nessa 5ª edição.

Alberto Bitar: Eu estava no Rio para a avaliação de um prêmio, e quando nós saiamos nos intervalos do julgamento eu comecei a perceber que vários bancos tinham na fachada o resultado do que tinham sido os protestos dos Black Blocks, eu percebi também, que vários deles apresentavam, nos tapumes, as cores características dos bancos e isso me chamou atenção. Eu comecei a fotografar isso meio que sistematicamente nos intervalos e, depois que terminou o julgamento, eu ainda fiquei mais uns dias no Rio e saí pra fotografar mais bancos já com a intenção de fazer esse conjunto de imagens.

Debb Cabral: Todo ano o Prêmio tem um tema que norteia as mostras, mas este ano não teve. Como foi trabalhar com o Não-tema?

Alberto Bitar: Os temas, eles te dão uma indicação, mas eles nunca te fecham completamente, esse ano, a única diferença é que não tinha essa indicação, era completamente livre. O que eu achei legal, o que eu gostei, é que essa era uma poucas das oportunidades que eu tinha de mostrar esse trabalho, se não fosse no Prêmio, eu não sei se eu teria outra oportunidade de mostrar.

Debb Cabral: Este ano o Prêmio está completando cinco anos. Como você o avalia?

Alberto Bitar: Ele tem uma carreira legal. Eu acho que o Prêmio está subindo, num acréscimo, a cada ano que passa ele tem mais procura, mais inscrições, ele está crescendo e eu acho que ele tem uma história bacana.

A “Mostra dos artistas premiados e selecionados”, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e as exposições “Cidade Invisível”, de Janduari Simões; e “Pequenas cartografias (e duas performances)”, com trabalhos de Marise Maués, Michel Pinho, Cinthya Marques, Rodrigo José, Marco Santos e Luciana Magno; no MUFPA, seguem com visitação até o dia 22 de junho de 2014. A entrada é franca.

Texto: Debb Cabral

Janduari Simões fará palestra no Museu da UFPA

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O público terá a oportunidade de participar na terça-feira (27) de um bate-papo com Janduari Simões, no Museu da UFPA, lugar que abriga a exposição individual “Cidade Invisível”, que apresenta série inédita de restos da Fábrica Palmeira, em 1975, e a grafia de fachadas populares e apartamentos no centro da cidade. Janduari é o artista convidado da 5ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. O evento ocorre às 19h e tem entrada franca. A mediação será de Marisa Mokarzel.

Ele nasceu em 1949, em Itabuna, no interior da Bahia, e chegou a Belém em 1975, querendo viver a vida. Naquela época tinha uma câmera Pentax SP a tiracolo, era fotógrafo autodidata e aprendia muito do que sabe hoje devorando livros e revistas de fotografia. Entre as muitas indas e vindas de sua trajetória, se fixou na cidade, trabalhou para o Museu Paraense Emílio Goeldi e viajou muito pela Amazônia, pelas capitais e pelos interiores.

Foto: Janduari Simões

Seu trabalho autoral se desenvolve na área de pesquisa da cultura popular brasileira, as músicas, danças e atividades presentes nos múltiplos desdobramentos de nossa cultura. Ele constituiu um grande acervo de imagens sobre cultura e o homem da Amazônia, de onde se destacam as produzidas no estado do Pará, que chamaram a atenção de Mariano Klautau Filho, curador do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, e resultou em um convite para ter uma mostra individual nesta edição.

O encontro, nas palavras do fotógrafo “será um relato de experiência, falando sobre o começo de trajetória em Belém, ilustrado com fotos e paginas das publicações nas quais foi veiculado meu trabalho jornalístico, sem muita teoria acadêmica”.

A exposição reúne 50 fotografias. Em uma parte um recorte pontual de sua sensibilidade sobre o espaço urbano e as mutações que ocorrem na arquitetura, com um olhar atento para a estrutura formal das moradias, e as semelhanças que anulam o limite entre centro e periferia; do outro lado, um trabalho muito significativo e tocante: o registro da destruição da quadra que abrigava a Fábrica Palmeira, no final dos anos 70. A destruição marca também o nascimento de uma das maiores cicatrizes urbanas que Belém já produziu e que hoje tem o nome de “Buraco da Palmeira”.

Foto: Janduari Simões

Segundo Mariano, “as pessoas preferem ver os desenhos, rótulos, marcas dos antigos catálogos da Palmeira como se fossem bibelôs românticos e com isso poderem suspirar exercitando seu gozo nostálgico, mas não querem enxergar que houve um massacre de uma quadra inteira e que isso está relacionado hoje com o poder das construtoras e incorporadoras que continuam destruindo a cidade diante de gestões e institutos de patrimônio subservientes. As fotografias de Janduari vão muito além disso, e recolocam nesse contexto a invisibilidade de uma cidade, uma cidade que a gente não quer ver ou não consegue mais ver”.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

SERVIÇO: Janduari Simões fará palestra no Museu da UFPA. Data: 27 de maio de 2014. Horário: 19h. Local: Museu da UFPA (Av. Governador José Malcher (esquina com Generalíssimo Deodoro). O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio do Shopping Pátio Belém e Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática, Instituto de Artes do Pará  (IAP) e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA). Informações: Rua Aristides Lobo, 1055 (entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa) – Reduto. Contatos: (91) 3355-0002; 8367-2468; premiodiario@gmail.com e http://www.diariocontemporaneo.com.br.

Texto: Debb Cabral