Paula Sampaio é a artista convidada do 11º Diário Contemporâneo

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Nascida em Belo Horizonte, Paula Sampaio migrou para a Amazônia ainda criança com a família. Formou-se em Jornalismo pela UFPA e atuou como fotojornalista por muitos anos.

Seu olhar atento registrou diversas transformações ocorridas na região, seja no dia a dia como repórter fotográfica ou em seus ensaios documentais.

Seus projetos de fotografia falam sobre as migrações na Amazônia, bem como as comunidades e vivências que são atravessadas por grandes estradas abertas na região, como as rodovias Belém–Brasília e Transamazônica.

Ocupação, colonização da região, memórias orais e patrimônio imaterial são alguns dos temas recorrentes em seu trabalho. Suas séries são reflexões sobre a natureza e a fragilidade dos seres.

Foto: Paula Sampaio

Atualmente é responsável pelo Núcleo de Fotografia do Centro Cultural Sesc Ver-o-Peso e continua desenvolvendo seus projetos. No momento, dedica-se a organizar seu arquivo pessoal.

Paula Sampaio é a artista convidada da 11ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

Confira a entrevista:

Você é alguém que migrou, que saiu de Belo Horizonte e veio para Belém. Seus trabalhos têm muito desse olhar sobre os trajetos, os percursos. Acredita que há uma ligação com a sua própria vivência?

Pois é, sou parte de uma família migrante. Quando viemos para a Amazônia nos anos de 1970, já partimos de Rio Preto/SP, só nasci em Minas. Passei a minha infância mudando de lugar. Moramos em vários municípios ao longo das rodovias Belém-Brasília (nos estados do Maranhão, Pará e Goiás) e perto de Carolina, na Transamazônica. Então, trago em mim essa vivência e também esse espírito viajante. As estradas são a minha casa.

Você atuou por muitos anos como repórter fotográfica. Pode falar um pouco dessa rotina? Sente falta?

Foram quase 30 anos de um cotidiano intenso. Fotografando praticamente todo dia, uma ação visceral, onde tive a chance de atravessar em questão de horas muitas existências, além do prazer de ver essa produção chegar na vida de milhares pessoas, – às vezes bem, e em outras mal – o que também é um grande aprendizado. Essa partilha foi um exercício incrível e eu aproveitei e me entreguei a esse ofício com muita intensidade sempre, aprendi muito e utilizo essa experiência para tudo que faço. Se sinto falta? Da prática sim, mas a forma como isso se dá cotidianamente nas redações atualmente, que foram o espaço das minhas experiências, não. Com certeza fiquei muito mais exigente. Claro que o jornal impresso me fascina, até faço os meus (risos). Criei um projeto, o ‘Folhas Impressas”, que é o reflexo da minha paixão.

O fotojornalismo tem uma pressa em comunicar o agora. No fotodocumentarismo o tempo é um pouco mais generoso com os projetos. É isso mesmo?

Muitas vezes me perguntaram isso e eu sempre respondia que sim, o tempo era um diferencial determinante. Mas hoje, ando desconfiada desse senhor “O Tempo”, ele tem revelado novas faces para mim. Então, talvez seja o espaço e a dinâmica da prática e como isso se resolve no” tempo da comunicação”, a grande questão. E também porque esses conceitos de fotojornalismo, documentarismo, vão sendo acrescidos de muitas camadas no curso da história. Deixo essa provocação e não uma resposta.

Virgínia Feitosa atravessando atoleiro no momento em que desiste de viver na Transamazônica. Foto: Paula Sampaio

Seus ensaios e pesquisas falam muito sobre memória, migração, natureza e ocupação. Quanto tempo leva uma pesquisa como a da Transamazônica ou do Lago do Esquecimento?

Esses trabalhos todos estão na minha vida, então o tempo é a duração da minha própria existência. É curioso isso, mas de verdade não sinto que tenha terminado nada, estou sempre encontrando um novo começo dentro de cada uma dessas temáticas e também uma nasce da outra. “O Lago do Esquecimento” é um bom exemplo, é “filho” do trabalho nas estradas (Transamazônica e Belém-Brasília, que realizo desde 1990 e nunca acabei). Nasceu das minhas viagens em busca de comunidades alagadas no trecho da Transamazônica, no município de Novo Repartimento, que desapareceu com a inundação provocada pelo represamento do Rio Tocantins durante a construção da Hidrelétrica de Tucuruí. Na busca pelos atingidos pela barragem acabei encontrando outros seres, as árvores fossilizadas, que formam essa paisagem trágica e todo o mundo que vive nesse lugar inacreditável e suas histórias.  E do “Lago do Esquecimento” nasceu a fotoinstalação “Árvore” e por aí vai. Então, para mim, o tempo de um trabalho é enquanto eu viver e sentir vontade de revisitar esses espaços todos, reencontrar as pessoas…. Assim, a única coisa que finalizo são as etapas, batizo com um nome e sigo com tudo no meu coração. Nesse aspecto a fotografia é uma linguagem muito generosa porque ela sempre nos oferece a possibilidade de renascimento.

Há muito da relação com o outro em seus ensaios, com as pessoas e as comunidades. Como que se dão essas relações?

Sempre foi natural. Trabalho em áreas de migração onde encontro pessoas com quem me identifico. Tem muito mineiro, baiano, maranhense, então, é como se eu estivesse frequentando a casa de conhecidos e o ambiente também. Desde criança vivo na amazônia, tudo é familiar.

Há também a denúncia. Qual o peso da responsabilidade em comunicar as desigualdades e ocupações que vêm acontecendo?

A responsabilidade é tentar tratar essas questões a partir da experiência de quem está mergulhado nelas: os protagonistas dessas histórias. Buscar meios para que eles mesmos falem sobre sua condição, por isso trabalho com relatos, memórias. Foi a forma que encontrei de tentar comunicar tudo isso de forma partilhada e com relação às imagens, elas se impõem, eu só tenho que estar disponível. Agora, nos últimos três anos tenho me dedicado a estudar e rever meu arquivo que está se perdendo, então, não estou presente na cena. Ocorre que essas temáticas que são a base do trabalho que faço estão no nosso presente, assim acabam servindo de referência para pesquisas (TCCs, teses, dissertações, livros didáticos) e outras criações como, por exemplo, o filme “O Reflexo do Lago” do Fernando Segtowick, baseado no livro “O Lago do Esquecimento” que tem tido uma ótima repercussão. E assim as responsabilidades vão sendo divididas. Aliás, o movimento fotográfico em Belém sempre teve essa característica meio híbrida e partilhada, isso é uma sorte, nunca estamos sozinhos.

PAULA SAMPAIO

Nascida em 1965, em Belo Horizonte (MG), veio ainda menina para a Amazônia com sua família e em 1982 escolheu viver e trabalhar em Belém (PA). Durante o curso de Comunicação Social, na UFPA, descobriu a fotografia e, em seguida, foi aluna de Miguel Chikaoka, na Associação Fotoativa. Optou, então, pelo fotojornalismo. A sua principal referência nessa área foi o Jornal O Liberal, onde trabalhou como repórter fotográfica entre 1988 e 2015. Desde 1990 desenvolve projetos de documentação fotográfica e ensaios autorais sobre o cotidiano de trabalhadores, em sua maioria, migrantes que vivem às margens dos grandes projetos de exploração e em estradas na Amazônia, principalmente nas rodovias Belém-Brasília e Transamazônica. Além de imagens, também guarda sonhos e histórias de vida (escritos e/ou contados) de pessoas que fotografa nesses caminhos.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar.

RETROSPECTIVA – 2011: A dinâmica do urbano

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A edição de número dois do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia ocorreu em 2011 com a temática de “Crônicas Urbanas” e, após refletir sobre as identidades brasileiras no ano anterior, o projeto trouxe o questionamento acerca da cidade como lugar de ação da cultura.

Da série “Ainda queria falar de flores”, de Anita Lima, selecionada em 2011.

Com o desenvolvimento da imagem fotográfica, o registro das cidades, pessoas e seus modos de vida foi crescendo junto. O cotidiano, seus desafios e representações foram, então, colocados como lugares de provocação para os artistas. Questões urbanas, ambientais, sociais e artísticas se sobrepõem nas cidades do século XXI e o contemporâneo é um tempo desafiador e crítico.

A cidade foi elemento fundamental para as narrativas fotográficas apresentadas. O tema de 2011 colocou o artista como parte importante do espaço urbano. Nele, o fotógrafo não é mero espectador atento para capturar o que salta ao seu olhar, mas sim um ator que vive suas próprias representações e expressões de identidade.

COMISSÃO DE SELEÇÃO

Os trabalhos foram julgados por uma comissão formada por Alexandre Sequeira, artista plástico e fotógrafo, mestre em Arte e Tecnologia pela UFMG, doutorando em Arte pela mesma instituição, professor do ICA/UFPA e que desenvolve trabalhos que estabelecem relações entre fotografia e alteridade social; Tadeu Chiarelli, curador e crítico de arte, professor titular no curso de Artes Visuais da USP, ex-diretor da Pinacoteca de São Paulo e do Museu de Arte Contemporânea da USP e que já atuou como curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo; e Marisa Mokarzel, doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e mestre em História da Arte pela UFRJ, professora e pesquisadora do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura e professora de História da Arte do curso de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem, ambos da UNAMA.

Os três membros do júri também tiveram a oportunidade de encontrar e conversar com o público de Belém. Tadeu Chiarelli realizou o bate-papo “A Fotografia e o Museu Contemporâneo: curadoria e pesquisa” no qual debateu assuntos como a inserção cada vez mais forte da fotografia na arte contemporânea e o papel cultural que exerce o museu de arte hoje. Na ocasião, o crítico apresentou obras que fazem parte do acervo do MAC-USP e analisou como este acervo estava sendo repensado.

Marisa Mokarzel ministrou a palestra “Imagens e Afetos” na qual refletiu sobre o acumulo de imagens e a falta de afeto tendo como apoio “A arte da desaparição”, de Jean Baudrillard. Ela discutiu a arte no mundo contemporâneo observando os trabalhos de Luiz Braga, artista convidado da edição.

Já Alexandre Sequeira realizou a oficina “Diálogos Fotográficos”, na qual proporcionou diálogos entre as duplas formadas por participantes. Autores como Nelson Brissac Peixoto, filósofo e professor da PUC/SP e Ítalo Calvino, escritor italiano foram debatidos. As duplas também puderam sair para fotografar e pensar juntas, construindo narrativas através do diálogo e da poética do encontro.

Sabonete de bolinha, 1998. Foto: Luiz Braga

ARTISTA CONVIDADO

Luiz Braga foi o artista convidado da segunda edição. A mostra “Solitude”, apresentava fotografias coloridas e em preto e branco que indicavam a memória daquele que não está. O artista, que registrou boa parte das recentes transformações da cidade de Belém, sempre teve como marca forte a figura humana, mas nessas imagens somente o seu rastro está presente. Por meio das lembranças que se misturam, o público pôde passear por diversas casas, desde uma residência sua antiga até a do escritor paraense Bruno de Menezes, na Cidade Velha.

O convite para adentrar no ambiente do lar também pôde ser visto no vídeo “Do outro lado da rua” formado por cerca de 70 fotografias de uma novena feita na casa de Dona Zuleide, vizinha que morava em uma casa em frente ao seu estúdio fotográfico. Entre os cantos e ladainhas, a fé e a acolhida estão evidentes em uma pequena memória de quem foi aquela mulher e de como foi esta cidade.

Luiz Braga também realizou um bate-papo com o público. A ideia era aproximá-lo de sua trajetória e das motivações criativas que levaram o artista a produzir trabalhos que vão desde a fotografia clássica até a narrativa fragmentada em vídeo, como os que foram apresentados na edição de 2011 do projeto.

PREMIADOS E SELECIONADOS

A comissão analisou 287 obras e premiou os trabalhos de Silas José de Paula (CE), Leonardo Sette (PE) e Roberta Carvalho (PA).

Silas foi o vencedor na categoria “Crônicas Urbanas” com a série “Gente no Centro” na qual suas imagens quadradas registram um pouco da agitação urbana e de suas pessoas. Onde muitos enxergam caos e desordem, Silas viu o multicolorido das barracas e daquelas figuras humanas sem rosto que se misturam apressadas à paisagem da cidade.

Já Leonardo Sette, vencedor na categoria “Diário Contemporâneo” com sua instalação “As Luzes Inimigas”, apresentou sua técnica impecável alinhada com uma narrativa multimídia. As fotografias em preto e branco registram de um jeito documental clássico protestos de cunho político ocorridos na França. Já o vídeo com imagens registradas em um trem mostra seus passageiros transportados com pressa até seu destino, ao mesmo tempo em que leem com tranquilidade o jornal. Agitação e naturalidade na Cidade-Luz sob o olhar crítico do artista.

Sarkozy-Le Pen, Paris, 2007. Foto: Leonardo Sette

No Diário Contemporâneo a fotografia é o ponto de partida para as reflexões e isso pôde ser confirmado com a premiação de Roberta Carvalho na categoria “Diário do Pará” com o trabalho “Symbiosis”. Nele as árvores interagem com a cidade, pulsam e olham aqueles que passam pela rua. Projetadas nas copas das arvores, as imagens de rostos humanos tornam mais efetiva a relação entre homem e natureza. Experimentação e expressividade que falam daquilo que é orgânico e que liga todos os seres vivos.

Além disso, foram selecionados os trabalhos de 18 artistas, são eles Anita Lima (SP), Carlos Dadoorian (RJ), Coletivo Cia De Foto (SP), Everaldo Nascimento (PA), Fabio Okamoto (SP), Felipe Baenninger (SP), Fernanda Antoun (RJ), Fernanda Grigolin (PR), Francilins (MG), Haroldo Saboia (CE), Ionaldo Rodrigues (PA), José Diniz (RJ), Keyla Sobral (PA), Marina Borck (BA), Pedro David (MG), Péricles Mendes (BA), Ricardo Macêdo (PA) e Viviane Gueller (RS).

FOTOJORNALISMO NO MUSEU

Dentre as novidades da segunda edição estava “Diários da Cidade”, uma mostra especial com trabalhos de 18 fotógrafos do Jornal Diário do Pará. Adauto Rodrigues, Alex Ribeiro, Amaury Silveira, Anderson Coelho, Antônio Melo, Celso Rodrigues, Cezar Magalhães, Everaldo Nascimento, Keylon Feio, Marcelo Lelis, Marcos Santos, Mário Quadros, Mauro Ângelo, Ney Marcondes, Rogério Uchôa, Tarso Sarraf, Thiago Araújo e Wagner Almeida integraram a coletiva. A curadoria desta mostra foi de Mariano Klautau Filho, Alberto Bitar e Octávio Cardoso.

Os fotojornalistas são profissionais que vivenciam diretamente a dinâmica das cidades. Os trabalhos dos fotógrafos do Jornal Diário do Pará saíram, então, do acervo do jornal para as paredes do museu. Além disso, um bate-papo foi realizado com os fotojornalistas e o público. O encontro também contou com a presença de Octávio Cardoso, editor de fotografia do Diário do Pará e a mediação da jornalista Dominik Giusti.

AÇÕES

Além da ação formativa com Alexandre Sequeira, foram oferecidas mais duas oficinas. “Processos da Cianotipia”, com Eduardo Kalif, deu a oportunidade dos participantes se debruçarem sobre um dos primeiros processos de impressão fotográfica em papel.

Já em “Fotografia Documental”, Guy Veloso usou a sua pesquisa para o projeto “Penitentes” como ponto de partida para compartilhar com os participantes como elaborar um projeto de pesquisa e realização de um ensaio documental. Planejamento, mapeamento, técnicas de abordagem, exibição, redes de contatos e informações foram alguns dos temas abordados.

Ernani Chaves realizou o bate-papo “Fotografia, cidade e o retorno do flâneur”, no qual, a partir de Walter Benjamin e Franz Hessel, mostrou a possibilidade do flâneur na fotografia, esta como uma leitura da cidade e o fotografo como um narrador. O encontro teve a mediação de Ionaldo Rodrigues.

E Mariano Klautau Filho, curador do projeto, na palestra “Mutações do Fotográfico” analisou ideias como deslocamento, poética, narrativa e ação nas temáticas e trabalhos das duas edições então realizadas do Diário Contemporâneo.

O PROJETO

O Diário Contemporâneo contribuiu para a descentralização das questões sobre arte no país, pois há uma década vem lançando proposições e chamando os artistas para o debate, consolidando o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

INSCRIÇÕES ABERTAS

Em 2019 o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia comemora 10 anos de atuação. As inscrições da edição especial de aniversário já estão abertas e seguem até dia 13 de junho sendo realizadas somente pelo site www.diariocontemporaneo.com.br

Oficina de fotojornalismo com Eugênio Sávio destacou os desafios da profissão

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Por: Debb Cabral

O mineiro Eugênio Sávio trabalha com fotografia há mais de 25 anos. Como fotojornalista, colaborou com diversas publicações, jornais, revistas e agências internacionais. Fez também a cobertura das Olimpíadas de Pequim, 2008 e de cinco Copas do Mundo de Futebol. E foi a partir de toda essa experiência que ele realizou no período de 19 a 21 de maio, através da programação formativa da 7ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, a oficina “Fotojornalismo em tempos de transformação” visando debater os novos dilemas da profissão.

Belém, Pará, Brasil. Arte. Fotojornalismo em tempos de transformação – Com Eugênio Sávio. Da esquerda para a direita: Simone Machado; Haydee Marinho; Karina Martins; Walace de Oliveira; Glaucio Lima; Nailana Thiely; Wagner Almeida; Ana Paula Rodrigues; Barbara Freire; Ursula Tavares; Eugênio Sávio; Márcia Pontes; Wagner Santana. 21/05/2016.
Foto: Irene Almeida.

“Esse mercado onde eu vivi muitos anos está mudando e eu tive que mudar um pouco também e procurar outros perfis de trabalho”, comentou Eugênio. A transição do analógico para o digital, o universo das agências e dos bancos de imagens, bem como a ética de trabalho instigaram os participantes que trouxeram dúvidas a respeito de que caminhos a profissão está tomando.

A participação do leitor é cada vez mais comum nos grandes veículos de comunicação. Ele envia para a redação do jornal as imagens tiradas com o celular instantaneamente. Esse assunto inquietou Barbara Freire, participante da oficina, “o amador faz uma imagem, não com a mesma técnica, mas ele manda uma imagem que ocupa um espaço no jornal”, ressaltou ela enquanto Eugênio mostrava que isso de maneira alguma tira do jornal a responsabilidade de conferir a veracidade daquela situação, daí a necessidade de um profissional como o fotojornalista.

Belém, Pará, Brasil. Arte. Fotojornalismo em tempos de transformação – Com Eugênio Sávio. Ana Paula Rodrigues e Eugênio Sávio. 21/05/2016.
Foto: Irene Almeida

Ter iniciativa e sugerir projetos. O fotografo destacou que é importante para o fotojornalista ter atitude e fotografar bastante. Assim ele propôs aos participantes uma atividade prática, com saída de campo em busca de um personagem para compartilhar sua história através das fotografias.

O resultado pode ser conferido na forma de imagens e depoimentos:

Abertas as inscrições para oficina de fotojornalismo com Eugênio Sávio

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Por: Debb Cabral

Na era da imagem digital a oficina “Fotojornalismo em tempos de transformação”, com o fotógrafo mineiro Eugênio Sávio, pelo Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, vem debater os novos dilemas da profissão. A ação formativa ocorrerá nos dias 19 e 20 de maio, das 09 às 12h e das 15 às 18h, já no dia 21 de maio será somente das 09 às 12h, no auditório do Museu de Arte Sacra. O público-alvo são fotógrafos com breve experiência na área do fotojornalismo. As inscrições, que são gratuitas, seguem abertas até dia 13 de maio e serão feitas via ficha de inscrição disponível no site www.diariocontemporaneo.com.br e envio de portfólio em PDF com 10 imagens para o email contato@diariocontemporaneo.com.br. As vagas são limitadas.

Shenyang, China. Foto: Eugênio Sávio
Shenyang, China. Foto: Eugênio Sávio

Segundo o artista, “a digitalização do processo de produção de fotografias e a evolução da internet provocaram uma enorme transformação na produção e distribuição no jornalismo. Mas e a fotografia? Como ela ficou diante de tantas mudanças? Esta oficina pretende refletir sobre o processo de produção de imagens nestes novos tempos”.

O primeiro dia do curso terá como foco a Fotografia Documental e o Fotojornalismo, conceitos e definições como os de jornalismo cidadão, jornalismo multimídia, fotojornalismo na internet, além de novas ferramentas como os fotolivros serão apresentados.  Já no segundo dia, a atividade será prática, com saída de campo e edição. A oficina encerra com montagem e apresentação dos resultados.

O ARTISTA

Eugênio Sávio é professor de fotografia na PUC Minas. Jornalista pela UFMG. Mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Há 25 anos trabalha como fotógrafo na área editorial. Como fotojornalista, colaborou com diversas publicações, jornais, revistas, agências internacionais. Fez a cobertura das Olimpíadas de Pequim, 2008 e de cinco Copas do Mundo de Futebol. Como produtor cultural, atuou em 12 estados brasileiros com o projeto Foto em Pauta, lançado em 2004. É o produtor e curador geral do Festival de Fotografia de Tiradentes, realizado desde 2011.

EXPOSIÇÕES DO DIÁRIO CONTEMPORÂNEO

A sétima edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é dedicada especialmente à constituição oficial da Coleção de Fotografias do Projeto, exibida no Museu da UFPA e no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas até 19 de junho, contando com 46 trabalhos todas as regiões do país. Também faz parte da programação desta edição a exposição “Belém: ressacas, heranças”, que reúne trabalhos de oito artistas atuantes em Belém, os quais apresentam um olhar mais crítico em relação à cidade.

SERVIÇO: Abertas as inscrições para oficina de fotojornalismo com Eugênio Sávio. A ficha de inscrição e as informações completas estão disponíveis no site www.diariocontemporaneo.com.br. Inscrições até 13 de maio. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA). Informações: Rua Aristides Lobo, 1055 (entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa) – Reduto. Contatos: (91) 3355-0002, 98367-2468, premiodiario@gmail.com e contato@diariocontemporaneo.com.br.

Das páginas do jornal para a galeria

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> Imagem do fotógrafo Anderson Coleho, que integra a mostra “Diários da Cidade”

Pela natureza da sua atividade diária, os fotojornalistas do Diário do Pará compõem mostra especial do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, que será aberta hoje (16), às 19h, no Museu Casa das Onze Janelas. A coletiva “Diários da Cidade” reúne imagens de 18 fotógrafos.

A ideia da mostra surgiu a partir do tema do projeto este ano: Crônicas Urbanas. A curadoria foi feita pelo curador geral do Prêmio Diário Contemporâneo, Mariano Klautau Filho; e pelos editores de fotografia do Diário do Pará, Alberto Bitar e Octávio Cardoso, que fez uma seleção cuidadosa, baseando a escolha no estilo de cada fotógrafo. Por conhecerem de perto o trabalho de todos os fotógrafos, os editores buscaram o acento mais autoral de cada um deles.

SELEÇÃO

Selecionar as fotografias para a mostra foi um árduo trabalho. Diariamente, o volume de fotografias produzidas para o jornal é muito grande. Diante da predominância de temas factuais nas imagens, determinadas quase sempre por uma pauta jornalística, observar a plasticidade e os elementos visuais foi essencial para a curadoria. “Os fotojornalistas são autênticos cronistas visuais do cotidiano. Agora a questão do factual deve ser reconstruída revelando o potencial plástico das imagens. O factual tem sua força, mas a fotografia vai permanecer como imagem quando o impacto gera um outro tempo, não mais o factual”, explica Mariano. Octávio complementa que a intenção é expor que os repórteres fotográficos têm poética própria. Ele elucida que não se trata de uma mostra de fotojornalismo, mas de fotógrafos que são fotojornalistas.

Nas imagens apresentadas, Belém e outras cidades dos arredores com suas belezas e tristezas. Cenas das editorias de Polícia e Cidades são predominantes: crimes, incêndios, desastres como o desabamento do prédio na Travessa Três de Maio, enchentes, árvores derrubadas, cenas corriqueiras da periferia, como o movimento em uma quitanda de frutas. As luzes do caos urbano, o movimento de chegada na capital paraense pela visão dos ribeirinhos, de quem mora do outro lado do rio Guamá, crianças brincando de futebol em uma rua de piçarra. “A cidade é a protagonista”, define um dos curadores da mostra, Alberto Bitar. “Tentamos pinçar as fotos pela vida que contêm, independente de estar mostrando um assunto específico, e para mostrar o outro lado da produção desses fotógrafos”, diz Octávio.

Em imagens, o ritmo da cidade

Aproposta é mostrar o trabalho de fotógrafos que estão intimamente relacionados com a dinâmica da cidade. “Algumas imagens não foram publicadas no jornal, mas marcaram muito quando foram feitas, ficaram na nossa memória. Selecionamos as fotografias em conjunto com cada fotógrafo, tiramos outras do acervo do jornal”, diz Alberto Bitar, acrescentando que fotógrafos como Wagner Almeida e Anderson Coelho apresentarão trabalhos inéditos, em vídeo.

Em “Lume”, de Wagner Almeida, um som veloz, rápido, dá o tom das imagens do trânsito caótico de Belém, à noite, em que luzes brancas e vermelhas dos carros compõem as fotografias. Já em “Margem”, de autoria de Anderson Coelho, a ideia é retratar a saída diária de pessoas que moram nas ilhas ao redor de Belém, rumo à capital. Segundo Alberto, que também participou da produção e edição dos vídeos, os trabalhos se completam e por isso vão estar dispostos diametralmente na sala da exposição do Museu Casa das Onze Janelas.

“É a Belém de dentro e de fora. São olhares que se completam. Um mostra a correria de Belém e outro a calma do rio”, comenta.

“A mostra também é uma oportunidade para o fotógrafo experimentar, levando a fotografia estática para o suporte em movimento. Isso é um bom exemplo de como é possível reinventar o tempo de uma fotografia que esteve nas páginas de um jornal e criar uma outra intenção”, acrescenta Mariano, destacando que é também um modo do fotojornalista ver o seu trabalho em outro contexto e perceber outros potenciais.

VISITE

Mostras “Diários da Cidade”, no Museu Casa das Onze Janelas (Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha). Informações: 3224-0871 / 3242 – 8340 / contato@diariocontemporaneo.com.br

Circuito de exposições será aberto no dia 15

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> Imagem de Ney Marcondes (PA), que integra a mostra “Diários da Cidade”

Mostra “Crônicas Urbanas” será aberta na próxima terça-feira (15) no Museu da UFPA, que recebe também a exposição “Solitude”, com imagens inéditas de Luiz Braga, fotógrafo homenageado

Será lançada nesta terça (15), às 19h, no Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA), a II Mostra Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – Crônicas Urbanas. Depois de se debruçar sobre a diversidade cultural brasileira em sua primeira edição, desta vez o projeto tomou como ponto de partida a cidade como lugar privilegiado de ação da cultura. E propôs ao artista um exercício sobre o universo urbano, seu cotidiano, suas imagens e representações.

Participam da mostra 21 artistas (veja aqui a lista completa), selecionados entre 254 inscritos provenientes de várias regiões brasileiras. Destes, três foram premiados: Silas José de Paula (CE), na categoria Crônicas Urbanas; Leonardo Sette (PE), na categoria Diário Contemporâneo; e Roberta Carvalho (PA), na categoria Diário do Pará. Cada vencedor receberá um prêmio de R$ 10 mil, além uma ajuda de custo para a produção dos trabalhos, no valor de R$ 1.200 – que será conferida a todos os 21 artistas selecionados.

> Imagem de Francilins Castilho (MG), que integra a mostra “Crônicas Urbanas”

A comissão julgadora do concurso – formada pelo curador, historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli; a curadora e professora Marisa Mokarzel; e o fotógrafo e professor Alexandre Sequeira – analisou um total de 254 trabalhos. Participaram da seleção artistas de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), São Luiz (MA), Cuiabá (MT), Brasília (DF), Aracajú (SE), Macapá, (AP) e Manaus (AM).

Solitude

Na ocasião, também será aberta à visitação a mostra “Solitude”, com trabalhos inéditos de Luiz Braga, fotógrafo homenageado desta edição. A longa trajetória imagética do fotógrafo, marcada pela forte presença humana, aqui se faz inversa. É por meio das ausências que emergem as lembranças da infância, dos vizinhos que se foram, das trocas afetivas.

A mostra retrata momentos importantes da vida de Luiz, com situações fotografadas em casas distintas, como a do escritor paraense Bruno de Menezes, na Cidade Velha. Ainda como parte da programação do II Prêmio Diário Contemporâneo, Luiz fará um bate-papo com o público no dia 6 de abril, no IAP.

> Imagem de Luiz Braga, que integra a mostra “Solitude”

Diários da Cidade

Uma das novidades desta edição, a mostra “Diários da Cidade” reunirá imagens produzidas por fotógrafos do Diário do Pará, com curadoria de Alberto Bitar, Octavio Cardoso – editores de fotografia do Diário – e Mariano Klautau Filho – curador geral do projeto. Dezoito artistas integram a exposição, que será aberta nesta quarta-feira (16), às 19h, na Sala Gratuliano Bibas, no Museu Casa das Onze Janelas.

No Laboratório das Artes, Luiz Braga exibirá o vídeo inédito “Do Outro Lado da Rua”, em que apresenta cerca de 70 fotografias de uma novena feita em uma casa da travessa Tirandentes, no bairro do Reduto, em frente de onde hoje está situado o seu estúdio fotográfico.

PARTICIPE

Mostras “Crõnicas Urbanas” e “Solitude”

Abertura: 15 de março, às 19h, no Museu da UFPA (Av. José Malcher, esquina com Generalíssimo Deodoro, Nazaré).

Visitação: até o dia 15 de maio.

Entrada franca.

Mostras “Diários da Cidade” e “Do Outro Lado da Rua”

Abertura: 16 de março, às 19, no Museu Casa das Onze Janelas (Praça Frei Caetano Brandão, Cidade Velha).

Visitação: até o dia 17 de abril.

Entrada franca.

Novidades também pelo Twitter: www.twitter.com/premiodiario

Informações: 3224-0871 / 3242 – 8340 / contato@diariocontemporaneo.com.br