Público lotou o Museu da UFPA no bate-papo com Jorane Castro

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Por: Debb Cabral

Na ultima quarta-feira (10), ocorreu no Museu da UFPA, o bate-papo “Fotografia, cinema e o tempo”, com a cineasta Jorane Castro, artista convidada desta edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

Foto: Luciana Medeiros

Mariano Klautau Filho, que mediou o encontro, acrescentou à atividade cinematográfica de Jorane Castro sua prática artística no campo da fotografia com intensa participação em projetos e exposições especialmente nos anos 80 e 90 e em projetos desenvolvidos pela Fotoativa. “A prática e a percepção fotográficas fundaram de certo modo toda a formação em cinema da Jorane, e a fotografia que ela exercitou naquelas décadas possuía um traço muito forte de ficção, hibridismo de linguagens, experiências narrativas e posturas, digamos assim, anti-documentais. Esse tipo de poética é muito afinado com os trabalhos que muitos artistas realizam hoje com a fotografia. Quando convidei a Jorane para ser artista convidada da 6ª edição do Diário Contemporâneo, pensei especialmente em trazer para o contexto de hoje a particularidade de um trabalho, pouco visto e pouco exibido para somar ao seu ofício de cineasta, bem mais conhecido pelas novas gerações”, observou.

Jorane que nunca imaginou em exibir os trabalhos que integram a mostra “Diante das cidades, sob o signo do tempo”, contou que acabou conhecendo a produção fotográfica paraense por conta de um trabalho da escola. “Quando eu cheguei na Fotoativa e vi que lá havia a possibilidade de expressão poética, eu fiquei. Assim eu fui me envolvendo cada vez mais”, lembrou.

Belém na década de 80 era bem isolada de informações e grupos de pesquisa se tornaram também grupos de afeto, preenchendo as lacunas que a cidade deixava. A informação era dividida e multiplicada. “A diversidade fotográfica paraense hoje tem muito a ver com isso, com esse modo de se relacionar”, afirmou Jorane.

A Jornadas Fotográficas, o antigo Grupo FotoPará e as Semanas Nacionais de Fotografia eram oportunidades de troca, inclusive com fotógrafos de outras regiões do país. “A agitação era muito forte e dava vontade de criar toda hora. A curiosidade e o apego à fotografia do outro foi também muito formador”, disse.

Mariano contou que se surpreendeu ao encontrar no no acervo de Jorane um cotidiano banal e particular em grande volume, se relacionando muito com o que ela se apropriava de filmes. Ao ser questionada em como o cinema tomou à frente do seu trabalho, Jorane lembrou que sempre esteve envolvida com a ficção e a narrativa em seus trabalhos, porém ” o que existia antes eram tentativas. Quando fui para a faculdade que eu comecei a me aprofundar no cinema”.

Foto: Emanoel Loureiro

Ela foi estudar e morar em Paris, uma cidade muito gentil e propicia para quem gosta de cinema. Ao voltar para o Brasil veio realizar filmes na Amazônia. A cineasta não gosta de fazer filmes que busquem afirmar a identidade amazônida de uma maneira autoritária, isso seria cair no regionalismo, segundo ela “o que interessa é se a história do filme é boa, se as pessoas vão gostar e se envolver com ele por duas horas”.  A obra não deve se bastar pelo fato de apresentar essa região tão pouco vista, isso deve ser somente mais uma camada dentro do filme.

Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.

As mostras “Tempo Movimento”, com trabalhos dos artistas premiados, selecionados e participações especiais, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; e “Diante das cidades, sob o signo do tempo”, de Jorane Castro, artista convidada desta edição, no MUFPA;  seguem com visitação aberta até o dia 28 de junho de 2015. A entrada é franca.

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