Em março, a comissão de seleção, formada por Alexandre Santos (UFRGS), Rubens Fernandes Junior (FAAP/SP) e Mariano Klautau Filho, depois de quatro dias intensos escolheu os 30 artistas, dentre os 518 inscritos, que constituem um recorte do que mais instigante está se produzindo na fotografia contemporânea. Agora, o público poderá finalmente conhecer as obras escolhidas para essa 5ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. A “Mostra dos artistas premiados e selecionados” inaugura nessa terça (22), às 19h, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas. Com entrada franca, a visitação seguirá até o dia 22 de junho.
Nascido em Belém, em 1970, e formado em Administração de Empresas, Alberto Bitar iniciou na fotografia em 1991, ano em que passou pelas oficinas de fotografia da Associação Fotoativa. Desde 1992 desenvolve ensaios pessoais, já tendo participado de diversas mostras nacionais e internacionais, além de integrar o acervo de museus e coleções.
É dele o Prêmio Diário do Pará, pelo trabalho “Bank Blocks”, numa referência ao termo Black Bloc, tática de protesto de rua de ação direta que começou na Alemanha da década de 1980, e que visa atacar prédios, carros e outros símbolos capitalistas como forma de reivindicar atenção para a sua causa. Fotojornalista do jornal Diário do Pará e com a vivência constante da redação, Alberto acompanhou a ação dos Black Blocs no Brasil, onde tomaram força durante os protestos de 2013, quando manifestantes foram às ruas em várias cidades do país em protestando, em sua maioria, contra o aumento na passagem do transporte coletivo homologado pelas prefeituras.
“Nos bancos, situados nesses lugares, encontrei algo diferente ao que estava acostumado nas paisagens urbanas que conhecia. […] A presença desse novo elemento não significa apenas que ali haviam acontecido embates e protestos anteriores. Aquilo não era simplesmente um remendo do resultado daquelas investidas, mas além de marcas ou símbolos do que havia ocorrido também seria uma tática de defesa aos ataques dos Black Blocs que ainda poderiam acontecer dali para frente, o que chamei de Bank Blocs”, observou Alberto.
“Dedicatórias”, da artista visual e designer gráfico Yukie Hori (SP), é uma série de cinco crônicas de três ou duas imagens, tomadas entre 2008 a 2013 em viagens ao Japão. Segundo ela, “são imagens produzidas sem o comprometimento anterior ao registro de formar um ensaio fotográfico de tema definido, mas que recriam memórias, estabelecidas na revisita ao arquivo pessoal”, nesse momento também são percebidas as referências formativas da poética da autora. Este trabalho foi vencedor na categoria Prêmio Diário Contemporâneo.
“Não por acaso, minha pesquisa em desenvolvimento no mestrado no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da USP tem especial atenção às influências da arte e cultura japonesas na prática artística e a discussão da fotografia na esfera da Arte Contemporânea. Este portfólio dialoga, portanto, com essas questões”, acentua Yukie.
Vencedor do Prêmio Diário de Fotografia, Diego Bresani (DF) é fotógrafo e diretor de teatro, formado em Artes Cênicas. Sua pesquisa atual constitui uma experimentação com as fronteiras entre a fotografia documental e a encenação, como na série “Ao Lado”, na qual o público observará que são cenas da vida cotidiana com as quais o artista se depara constantemente, flagrantes de um momento na vida de pessoas desconhecidas, feitos pela janela do carro ao se deslocar pela cidade. “Eu as vejo, as guardo em minha memória e depois volto ao seu lugar original e as reenceno usando outras pessoas, na maioria das vezes atores e atrizes. isolando-as assim, de seus contextos originais. A intenção é trazer de volta à vida momentos ordinários que seriam negligenciados se não fossem recriados. Quando estas imagens costumeiras são vistas de fora de suas cronologias originais, recriadas no tempo e desprovidas de informações extras, elas demandam do expectador que ele/ela imagine e crie seus próprios contextos para estes momentos, assim como o que as precedeu e o que as sucedeu. As fotografias das situações ‘realocadas’ se tornam então, provocações para novas histórias”, diz Diego.
Além dos premiados, estarão presentes na exposição, as obras dos artistas selecionados nessa 5ª edição, são eles: Alex Oliveira (BA); Amanda Copstein (RS); Toni Pires (SP); Carol de Góes (RS); Daniel Moreira (MG); Fábio Del Re (RS); Felipe Bertarelli (SP); Francilins Castilho Leal (MG); Tom Lisboa (PR); Ionaldo Rodrigues (PA); Isabel Santana Terron (SP); Ivan Padovani (SP); Juliana Kase (SP); Juliano Menegaes Ventura (RS); Keyla Sobral (PA); Letícia Lampert (RS); Marcelo Martins de Figueiredo (MG); Marco A. F. e Eduardo Veras (RS); Marilsa Urban (PR); Marlos Bakker (SP); Nelton Pellenz (RS); Paula Huven (MG); Pedro Clash (SP); Péricles Mendes (BA); Rafael D’alò (RJ); Randolpho Lamonier (MG); e Victor Galvão (MG).
Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.
SERVIÇO: Exposição do 5º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia abre nessa terça. Data: 22 de abril de 2014. Horário: 19h. Local: Espaço Cultural Casa das Onze Janelas (Praça Frei Caetano Brandão s/n – Cidade Velha). Entrada franca. Visitação até 22 de junho de 2014. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio do Shopping Pátio Belém e Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA).Informações: Rua Aristides Lobo, 1055 (entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa) – Reduto. Contatos: (91) 3355-0002; 8367-2468; premiodiario@gmail.com e http://www.diariocontemporaneo.com.br.