Diário Contemporâneo abre exposições em novo ciclo do projeto

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A 11ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia está pronta para receber o público a partir desta quarta-feira (21), no Museu do Estado do Pará. O visitante poderá conferir de perto a mostra coletiva Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos, com curadoria convidada de Rosely Nakagawa, e O Lago do Esquecimento, individual de Paula Sampaio, com curadoria de Mariano Klautau Filho. O agendamento é feito pelo site do projeto: www.diariocontemporaneo.com.br. Ontem (20), alguns dos artistas participantes desta edição e os realizadores se encontraram para uma abertura reservada. 

Rosely Nakagawa, Mariano Klautau Filho, Camilo Centeno, Armando Sobral e Nilton Lobato na abertura da 11ª edição. Foto: Irene Almeida

Insistir e não desistir. Na ocasião, Mariano Klautau Filho, curador geral do projeto, ressaltou a importância das exposições estarem acontecendo, mesmo com todas as dificuldades impostas pelo ano de 2020. “Eu acredito que esta 11ª edição só está acontecendo hoje devido ao Camilo Centeno, ele não desistiu e batalhou para que ela se realizasse ainda este ano. Hoje iniciamos o que eu chamo de a ‘segunda década do projeto’, onde estamos experimentando algumas novidades para que nós tenhamos um fôlego mais interessante. Pela primeira vez, nós temos uma curadora convidada para trabalhar o tema na mostra principal, a Rosely Nakagawa, uma pessoa que já colabora há muitos anos com a produção do Pará. Eu a escolhi para inaugurar essa curadoria e, a partir daqui, vamos imprimir no projeto uma série de discussões sobre curadoria compartilhada”, disse.

Karina Motoda, Henrique Montagne, Zé Barretta, Melvin Quaresma, Suely Nascimento e Anna Ortega são alguns dos artistas desta edição. Foto: Irene Almeida

Rosely coordenou o júri que fez a seleção dos trabalhos da mostra coletiva e, a partir do tema proposto para 2020, fez a curadoria das obras. Ela contou com a assistência e o projeto expográfico de Flávio Franzosi e com o desenho de luz de Lucia Chedieck. “Eu queria ressaltar algumas coisas, a primeira é a importância do Prêmio, que não é apenas um prêmio que seleciona os melhores trabalhos, mas ele tem a preocupação com a formação. Assim, o Prêmio da forma como ele se estrutura, não me surpreende que seja estabelecida, então, como a primeira ação realizada neste período desastroso que estamos vivendo. Nós estamos vivendo um período convalescente e se não fossem ações como a nossa, eu penso que a cultura não sobreviveria, já que ela está sendo constantemente ameaçada. A ação de abrir uma exposição dessa envergadura neste momento é da maior importância, é para ajudar que a nossa convalescença seja mais rápida e mais saudável”, refletiu.

Mariano Klautau Filho e Paula Sampaio apresentam ao grupo a mostra O Lago do Esquecimento. Foto: Irene Almeida

Camilo Centeno, diretor geral do Grupo RBA, ressaltou que o Diário Contemporâneo é um projeto que se desdobra pelo ano todo, não somente na época das exposições e que, com a pandemia, todo o planejamento feito para esta edição teve que ser reestruturado. Assim, soluções foram estudadas para realizar o Prêmio com segurança e qualidade. “Tivemos que repensar tudo, tudo foi diferente este ano. É a 11ª edição e, como o Mariano disse, este é o primeiro ano de uma nova década. Foram muitas reuniões, planejamentos e eu acredito que a cultura paraense e a arte da fotografia mereciam este esforço todo. Assim, foi algo totalmente novo e pela primeira vez nós estamos inaugurando a visitação virtual, nós vamos permitir que as pessoas, de onde elas estejam, acompanhem tudo o que foi montado aqui. Isso é maravilhoso e é um legado que este momento vai nos deixar”, finalizou.

Mariano Klautau Filho e Paula Sampaio observam a publicação da artista que saiu encartada no Jornal Diário do Pará. Foto: Irene Almeida

Mariano e Rosely fizeram pequenas visitas guiadas pelas exposições nas quais são curadores. Paula Sampaio, que teve uma publicação especial sobre o seu trabalho encartada no Jornal Diário do Pará, também conversou sobre suas obras com os presentes e Rosely ainda aproveitou para conversar com os mediadores do projeto.

Dairi Paixão e Flávio Franzosi acompanhados dos mediadores culturais desta edição. Foto: Irene Almeida

VISITAÇÃO

Até 20 de dezembro de 2020.

📌Terça a sexta: 10 às 16h

📌 Sábado e domingo: 09 às 14h

🗓 AGENDAMENTO

É necessário o agendamento prévio da visitação no site: www.diariocontemporaneo.com.br

😷 VISITA SEGURA

Para visitar as exposições com maior segurança, o visitante deverá cumprir com os procedimentos de prevenção ao contágio do novo coronavírus.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar. Informações: (91) 98367-2468 e educativopremiodiario@gmail.com.

11º Diário Contemporâneo está com agendamento de visitas aberto

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A 11ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia traz diversas novidades ao público. Seja pelas soluções encontradas para a sua realização diante do atual contexto, seja pelos trabalhos que serão apresentados e/ou pelo recorte escolhido, 2020 ficará marcado na memória do projeto. O público poderá conferir de perto as mostras Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos e O Lago do Esquecimento a partir das 10h desta quarta-feira (21), no Museu do Estado do Pará. Como medida de prevenção e segurança, as visitas devem ser agendadas com antecedência no site www.diariocontemporaneo.com.br. A visitação seguirá aberta até 20 de dezembro, de terça a sexta, das 10 às 16h, sábado e domingo, das 09 às 14h.

A temática desta edição partiu do livro de Rubem Fonseca que dá nome a exposição coletiva. Rubem faleceu neste mesmo ano de 2020, enquanto o Brasil estava começando a vivenciar a intensidade do que é a pandemia do Coronavírus. Assim como o resto do mundo, o Diário Contemporâneo também foi impactado pelo que vem acontecendo. O calendário do projeto mudou, a realização da mostra foi transferida para este segundo semestre, a seleção dos trabalhos foi feita online e a formação dos mediadores culturais que irão atuar no museu também. Uma comissão cientifica foi formada e, de forma virtual, está estruturando a programação desta 11ª edição. “Apesar de toda a contracorrente que o ano de 2020 está nos impondo, creio que estamos reagindo bem em não só decidir produzir a 11ª edição, mas produzi-la com as transformações e experiências necessárias ao novo ciclo que o projeto inaugura, sua segunda década. Pela primeira vez iniciamos a experiência da curadoria convidada, Rosely Nakagawa, para a grande mostra e também instituímos um comitê científico para pensar a programação de encontros e palestras constituído por Heldilene Reale, Ceci Bandeira e Savio Stoco, convidados pela curadoria”, afirma o curador geral, Mariano Klautau Filho.

Currais das Almas, de Beto Skeff, selecionado em 2020.

As novas tecnologias foram incorporadas ao processo para que o projeto não deixasse de ocorrer. Com todo isso, até a primeira curadora convidada, Rosely Nakagawa, vem atuando a distância. Os encontros virtuais com a produção e a curadoria do projeto seguem ocorrendo. De São Paulo, Rosely preparou a expografia desta edição, tendo ao seu favor o fato de que é profunda conhecedora da fotografia paraense e dos espaços museais de Belém.

Virtualmente, as salas do Museu do Estado do Pará foram reproduzidas e até a iluminação já veio estudada. Blocos de concreto e ripas de madeira invadiram o museu e o que o público irá ver a partir do dia 21 será uma montagem distinta do tratamento tradicional que normalmente é dado ao MEP, propondo o museu como um espaço mais cênico em que a iluminação, a cargo de Lúcia Chediek, dialoga mais diretamente com as obras. A estética se aliou a necessidade de encontrar soluções para realizar a exposição de maneira adequada diante da atual realidade. “A minha preocupação foi a de colocar os trabalhos na exposição de um jeito que a pessoa que visita se sinta acolhida, se sinta bem-vinda”, disse Rosely.

A mostra Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos exibirá os trabalhos de Alline Nakamura (SP), Andreev Veiga (PA), Arthur Seabra (PA), Beto Skeff (CE), Cecília Urioste (PE), Élcio Miazaki (SP), Fernando Jorge (CE), Hans Georg (RJ), Henrique Montagne (PA), Iezu Kaeru (PE), José Diniz (RJ), Karina Motoda (SP), Lara Ovídio (RJ), Melvin Quaresma (PA), Miriam Chiara (MG), Tetsuya Maruyama (RJ), Vanessa Ramos Carvalho (BA) e Sérgio Carvalho (PI) e Zé Barretta (SP).

Anna Ortega (RS), premiada com a Residência Artística Belém, e Suely Nascimento (PA), premiada com a Residência Artística Recife, também participarão da mostra. As duas embarcam para as suas residências no início de 2021, assim como o grupo formado por Janaina Miranda (DF), Ícaro Moreno Ramos (MG) e Gabriela Sá (RN), Jessica Lemos (BA), Giovanna Picanço Consentini (PA) e Marcílio Caldas Costa (PA), vencedores da Residência Farol, que irão para a residência coletiva na Ilha de Mosqueiro sob a coordenação de Lívia Aquino.

O Lago do Esquecimento, de Paula Sampaio, artista convidada nesta edição.

ARTISTA CONVIDADA

A fotógrafa Paula Sampaio é a artista convidada desta edição. Seu trabalho tem forte cunho documental e se debruça sobre temas como ocupação, memória, migração e colonização na região amazônica.

Em 2013, ela lançou o livro O Lago do Esquecimento, fruto de sua pesquisa sobre o impacto do represamento das águas do rio Tocantins para a quarta maior hidrelétrica do mundo: Tucuruí.

Na paisagem transformada pela inundação, Paula encontrou restos de árvores, animais e de histórias afogadas nesse lago de esquecimentos. Também encontrou as pessoas que vivem em torno das águas represadas, antigos moradores que viram a sua vida transformada pela força das águas e da ação humana.

O Lago do Esquecimento nunca havia sido apresentado no formato de uma exposição individual e este foi o recorte escolhido por Mariano Klautau Filho na curadoria desta mostra. “Estou muito contente em poder contar com o trabalho da Paula Sampaio como convidada desta edição, uma artista cuja obra já acompanho desde o final dos anos 1980 e que venho estudando, mais especialmente desde o início dos anos 2000. E creio que a série O Lago do Esquecimento é um trabalho inquietante e bastante atual porque trata do desprezo pela natureza e pelas comunidades que vivem na Amazônia, além de nos provocar um impacto visual que está relacionado diretamente ao aspecto trágico do tema”, finalizou o curador da exposição.

>>> BAIXE AQUI O ENCARTE ESPECIAL DE PAULA SAMPAIO

SERVIÇO: 11º Diário Contemporâneo abre agendamento de visitas. Local: Museu do Estado do Pará. O agendamento de visitas é feito pelo site www.diariocontemporaneo.com.br. A visitação seguirá aberta até 20 de dezembro, de terça a sexta, das 10 às 16h, sábado e domingo, das 09 às 14h. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar. Informações: (91) 98367-2468 e educativopremiodiario@gmail.com.

Ação educativa realiza ciclo de encontros

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A edição de 2020 do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia vem fazendo uso das tecnologias digitais para seguir com suas atividades de maneira segura dentro do atual contexto.

A inscrição dos trabalhos e a seleção deles foi feita de maneira digital. Com os dossiês escolhidos pelo júri, a coordenadora da ação educativa, Dairi Paixão, realizou um ciclo de encontros virtuais com os artistas. Tudo isso para conhecer melhor os trabalhos e as inquietações daqueles que os produziram. As conversas serviram de base para a composição das propostas educativas desta edição.

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Confira a entrevista:

Como que funcionaram esses encontros?

Foi um trabalho de escuta e reflexão para acessar novas informações e pensar como o educativo pode cada vez mais democratizar conhecimentos da arte para o público, tendo em vista a fala dos artistas como mais uma referência para o diálogo no espaço expositivo.

A conversa começou com Irene Almeida, da produção do Diário Contemporâneo, no diálogo sobre a ideias para o educativo deste ano, ela também acompanhou todos os encontros. Na sequência, conversei com Mariano Klautau Filho, curador geral do projeto, sobre o tema e as provocações do título da obra de Rubem Fonseca.

Segui também no diálogo com a curadora convidada da mostra, Rosely Nakagawa, para ouvir e compreender melhor o processo de seleção, a leitura das obras com o contexto que estamos vivenciando hoje, a conexão entre as obras selecionadas e a disposição das obras no espaço expositivo.

Depois do encontro com a Rosely, pensamos de promover esse ciclo de encontros com os artistas da mostra, a partir da localização dos artistas por sala. O ciclo de encontros durou uma semana onde, na prática, fomos adequando também com a disponibilidade de cada um. Mesmo assim, conseguimos promover encontros lindos, ricos de aprendizados, trocas e de fortalecimento com a arte.

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Como que foi essa troca?

Tivemos sete encontros de uma escuta muito preciosa para esses tempos que estamos vivendo. Cada um na sua casa e, mesmo distantes em diversos pontos do Brasil, nos conectamos por algumas horas. Nos encontramos e trocamos experiências e reflexões sobre as obras, a relação delas com os artistas das salas e o contexto contemporâneo do fazer de cada artista.

Foi possível conhecer um pouco do processo criativo de cada um e quais as sensações e significados que o trabalho tem na vida deles. Sinto que acessamos camadas mais profundas no conhecimento das obras, o que contribui na metodologia de como apresentar as obras para os mediadores durante o minicurso de formação.

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Qual a importância dessa aproximação, ainda que virtual?

Foi importante principalmente conhecer o processo criativo dos artistas. Por exemplo, ouvir do artista e arte-educador Iezu Kaeru (PE), sobre o projeto Kawa, qual o sentir dele com o rio, quais as cidades em que ele fez as fotos e como é o uso dele da fotografia digital e analógica. No bate-papo fizemos uma conexão de que o trabalho dele traz uma poética das águas. A conversa seguiu nas conexões que esse trabalho tem com o nosso território de Belém.

Para mim, tem sido um exercício pensar como construímos esse processo educativo e, principalmente, da mediação nesse território de Belém, na Amazônia.

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A conversa seguiu com o trabalho da artista Suely Nascimento (PA) e como nos conectamos com “A Casa de Marlene”. Quando Suely abre sua casa para que possamos sentir seu lar, também abrimos nossa casa interna e revivemos nossas memórias acompanhadas de um cafezinho da tarde.

Entendo também que a conversa entre os artistas se constitui numa potência educativa, de aprender com esse olhar do outro e que conta com muito afeto das subjetividades que constituem as obras. As conexões são múltiplas e a subjetividade de cada pessoa constrói novos signos.

No segundo dia, conhecemos os artistas Vanessa Ramos Carvalho (CE), Sérgio Carvalho (PI) e Beto Skeff (CE). Nesse encontro foi possível ouvir o afeto que Sérgio tem pela cidade de Barra Grande, no Piauí, e como o exercício da fotografia na obra “Um lugar lindo de morrer” atravessou um momento difícil de perda na vida do artista.

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Temas contemporâneos que muitas vezes nos sufocam nas notícias do dia a dia, como a morte, podem se tornar mais leves de lidar quando temos a arte mediando essa compreensão de sentimentos. O trabalho de Vanessa e Sérgio nos atravessou dessa forma.

Assim como no diálogo com Beto Skeff em que conhecemos a história dos campos de concentração no Ceará, além de quais as coincidências que ele percebe no fato de ter nascido numa cidade próxima a esses espaços.

No trabalho “Currais da Alma”, uma história que poderia se perder no esquecimento nos traz reflexões profundas sobre quantas histórias de opressões são apagadas no país e quais são ouvidas, debatidas, lembradas, além de como os relatos visuais são importantes para essa tomada de consciência da nossa história.

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Do mesmo modo, somos tocados pelo trabalho de Arthur Seabra (PA). No jogo de luz e sombra, que reflete um sentido espiritual diante das imagens de um ritual de Candomblé à luz de candeeiros, as fotografias nos levam para um tempo outro. Arthur compartilha dos significados da luz dourada referindo-se a realeza africana com muita beleza, cuidado e respeito. Ele nos aproxima da ritualidade sagrada de uma cerimônia de Candomblé.

Conhecemos mais sobre a paixão de José Diniz (RJ) por submarinos. Ele nos contou de seu fascínio desde a infância e sobre as diferentes experiências que viveu durante a pesquisa e criação das imagens do trabalho “O céu vem abaixo”.

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Como isso será refletido na ação educativa com os mediadores?

Cada encontro trouxe uma riqueza de detalhes do processo criativo, das obras, das escolhas e seleções de narrativa para a inscrição que nos aproximaram e nos trouxeram muitas compreensões, diálogos e debates sobre os trabalhos. Essa escuta fortalece a construção metodológica de apresentação dos trabalhos artísticos durante o curso de formação para mediadores e na construção do material didático presente no tabloide desta edição.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar.

RETROSPECTIVA – 2018: Realidades e representações

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O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia realizou em 2018 a sua 9ª edição. “Realidades da Imagem, Histórias da Representação”, temática escolhida, teve como objetivo selecionar e premiar obras que propusessem uma reflexão ampla sobre a prática social por meio da arte e o fazer artístico como expressão histórica.

Toda produção artística está ligada ao seu tempo e aos seus autores, sendo assim uma expressão histórica desde já. Por mais que a fotografia tenha alcançado o patamar de arte, abraçando a ficção, ela nunca deixou de ter relação com o mundo real. O que mudou foi a forma de se relacionar. O que antes tinha a obrigação de ser a cópia fiel da realidade, hoje se apresenta como um recorte dela, um olhar, uma possibilidade sensível que convida para ao diálogo.

Os artistas narram o mundo em que vivem. Ao acolher as diversas ideias, grupos e debates, o projeto reforçou a potência da arte em resistir e de se fazer presente no que estar por vir.

Terrane, de Ana Lira, artista selecionada

O JÚRI

Rosely Nakagawa, arquiteta pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP/SP, integrou a comissão de seleção. Ela tem especialização em Museologia (USP) e em Semiótica da Comunicação (PUC/SP), além de atuar como curadora independente. Rosely inaugurou a programação da 9ª edição do com a conversa “Trajetória da curadoria de fotografia brasileira”, na qual falou sobre seu trabalho com os artistas da fotografia e sobre a valorização da atividade curatorial como um campo de reflexão sobre arte.  Ela ainda realizou o workshop “O livro como território de criação”.

Walda Marques também fez a seleção dos trabalhos. Ela iniciou na fotografia em 1989, nas oficinas de Miguel Chikaoka, trabalhou com maquiagem para teatro e televisão e, em 1992, fundou o estúdio W.O. Fotografia, em parceria com Octavio Cardoso. Walda foi a artista convidada da 4ª edição do projeto.

A mestre e doutora em Artes Visuais pelo PPGAVI do Instituto de Artes da UFRGS, com pesquisas sobre arquivos fotográficos e compartilhamentos de imagens via web, Flavya Mutran, finalizou a banca.

ARTISTA CONVIDADA

Flavya Mutran, que atualmente é professora do Departamento de Design e Expressão Gráfica na Escola de Arquitetura da UFRGS, em Porto Alegre (RS), onde vive desde 2009, foi a artista convidada da 9ª edição.

Redes, tecnologia, globalização. A internet se tornou uma grande enciclopédia virtual e a artista mergulhou nela em pesquisas que tem como foco desde a figura humana até o “apagamento” desta. Flavya apresentou trabalhos conhecidos como EGOSHOT, BIOSHOT e DELETE.use reunidos na mostra “Lapso”.  Além disso, o público pôde conhecer mais sobre os seus processos em uma conversar realizada no Museu da UFPA.

Dá série DELETE.use. Foto: Flavya Mutran

PREMIADOS E SELECIONADOS

Pelo segundo ano consecutivo o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia apostou na residência artística. Dois dos seus três prêmios foram concedidos neste formato.

O paraense Ionaldo Rodrigues conquistou o Prêmio Residência Artística São Paulo com a sua pesquisa “C Nova Feira”. Ele propôs uma instalação com fotografias que registram uma feira na Cidade Nova fotografada por alguém a serviço da Companhia de Habitação do Estado (COHAB). Memória, patrimônio, esquecimento e política foram trabalhadas em suas poéticas.

O paulista Ricardo Ribeiro levou o Prêmio Residência Artística Belém. Seu trabalho vencedor, “Puxirum”, é um projeto iniciado em 2016 e tem lugar em São Pedro, uma comunidade de 120 famílias nas margens do rio Arapiuns, oeste do Pará. Suas imagens proporcionaram uma sensação de vida em suspensão, por acontecer. Uma exploração deste tempo e espaço tão frequentemente habitados pelo ribeirinho e tão fugaz para a maioria dos demais.

O artista plástico paulista Edu Marin Kessedjian teve a sua instalação áudio-fotográfica “Abrigo” contemplada com o Prêmio Diário Contemporâneo. O trabalho faz referência à vida que acontece nos hotéis de alta rotatividade do ‘centro novo’ de São Paulo. São espaços baratos, no geral ocupados apenas por algumas horas, pelos motivos mais variados.

Foram selecionados ainda Ana Lira (PE), André Penteado (SP), Camila Falcão (SP), Élcio Miazaki (SP), Emídio Contente (PA), Fernando Schmitt (RS), Fernando de Tacca (SP), Gabriela Lima (RJ), Ivan Padovani (SP), João Castilho (MG), João Paulo Racy (RJ), José Diniz (RJ), Marcelo Kalif (PA), Marcílio Caldas Costa (PA), Marco Antonio Filho (RS), Maurício Igor (PA), Natasha Ganme (SP), Paulo Baraldi (SP), Pedro Clash (SP), Roberto Setton (SP), Sérgio Carvalho (PI), Thiéle Elissa (RS) e Tiago Coelho (RS). A convite da curadoria do projeto os artistas Armando Sobral (PA), Brenda Brito (PA), Lívia Aquino (CE) e Renata Aguiar (AM) também exibiram seus trabalhos no museu.

Na abertura da exposição também foi lançado o catálogo da coleção de fotografias do projeto.

VIDEOARTE

A novidade da edição foi a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto da artista e professora Elaine Tedesco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Dentro da exposição ainda houve a sessão “Ao lado dela, do lado de lá”, trazendo vídeos contemporâneos de mulheres artistas. A oportunidade de circulação trazida pelo Diário Contemporâneo permitiu a difusão das obras dos artistas e favoreceu o ambiente de reflexão sobre o vídeo.

Elaine também participou de uma conversa com o público de Belém. Em “Audiovisual Sem Destino – um projeto de vídeo no Brasil” ela falou sobre a estruturação do edital nacional que busca mapear o que se está pensando e produzindo em videoarte no país.

A saga do Herói (2016), de Lívia Pasqualli, que integra a mostra AVSD

 

AÇÕES

Intitulada “Tempo para duvidar: por uma formação de espíritos livres”, a ação educativa da 9ª edição teve a coordenação de Rodrigo Correia. Ele convidou a fotógrafa e pesquisadora, Cinthya Marques, para realizar a curadoria educativa do projeto e o minicurso de formação de mediadores.

Em parceria com a Associação Fotoativa e o Projeto Aparelho, o projeto realizou a oficina “Um convite para [o] olhar”, com as crianças do Porto. Pelas ruas do entorno elas foram fotografando o que mais gostavam no lugar onde vivem. Duas saídas fotográficas foram realizadas, além de uma exibição particular do que foi produzido. O resultado foi compartilhado com o público em uma exposição dentro do mercado integrando o Projeto Circular Campina Cidade-Velha

Os artistas premiados na edição com as residências artísticas, Ionaldo Rodrigues e Ricardo Ribeiro, além de Lívia Aquino e Marisa Mokarzel, suas respectivas tutoras, participaram de uma conversa com o público de Belém sobre todo o processo.

A fotógrafa e artista visual pernambucana, Ana Lira, foi uma das selecionadas e, a convite do projeto, ministrou uma oficina para o público de Belém. “Entre-frestas” promoveu uma reflexão sobre os circuitos de criação, pensando no cotidiano como espaço de construção permanente. Ana também realizou a roda de conversa “Narrativas em presentificação: um diálogo com o projeto Terrane”, na qual contou sobre seu trabalho e história de vida, situando o público em seus percursos artísticos e pessoais que são constantemente entrelaçados.

A fotografia é uma ferramenta para evidenciar situações sociais e trazer questionamentos sobre a complexidade do contexto vivido. Foi com esse pensamento que o projeto convidou o professor Leandro Lage para debater “Imagem, Política e a Sobrevivência do Desejo”.

INSPIRAÇÃO

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inspirou pelo segundo ano consecutivo os estudantes da Escola de Ensino Médio e Fundamental Cornélio de Barros, do bairro da Marambaia, a contarem suas próprias histórias através da fotografia.

A 2ª Mostra Fotográfica “Retratos em Preto e Branco” contou com a participação de 70 estudantes do 1º ano do ensino médio e do 9º ano do ensino fundamental, dos quais 30 foram selecionados para expor no Teatro Estação Gasômetro. A iniciativa veio a partir de uma proposição do professor de artes José Carlos Silveira depois das visitas às exposições do Diário Contemporâneo.

O PROJETO

Em 2019, o Diário Contemporâneo comemora uma década de atuação. Ele se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.