RETROSPECTIVA – 2016: A Coleção de Fotografias

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A edição de 2016 do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia teve como destaque a constituição oficial da Coleção de Fotografias do projeto. Não houve edital de seleção e toda a atenção foi especialmente dedicada à Coleção que veio sendo formada desde 2010.

Desde o início da sua atuação, o Diário Contemporâneo sempre buscou ser mais que um prêmio. Assim, Belém recebeu por meio da ação do projeto, uma coleção de fotografia contemporânea que está sob a guarda das duas instituições públicas parceiras: o Espaço Cultural Casa das 11 Janelas e o Museu da UFPA.

Arquitetura do Esquecimento, de Daniela de Moraes

Integram o acervo trabalhos em fotografia, vídeo, instalação e outras linguagens produzidos por 44 artistas de todas as regiões do país. São eles: Carlos Dadoorian (SP), Luiz Braga (PA), Coletivo Garapa (SP), Ilana Lichtenstein (SP), Lívia Aquino (SP), Lucas Gouvêa (PA), Daniela Alves e Rafael Adorjan (DF e RJ), Emídio Contente (PA), Wagner Almeida (PA), Marcio Marques (SP), Renan Teles (SP), Ricardo Hantzschel (SP), Alex Oliveira (BA), Diego Bresani (DF), Yukie Hori (SP), Francilins Castilho Leal (MG), Ivan Padovani (SP), Ionaldo Rodrigues (PA), Rafael D’Alò (RJ), Randolpho Lamonier (MG), Pedro Clash (SP), Daniela de Moraes (SP), Dirceu Maués (PA), Felipe Ferreira (RJ), Guy Veloso (PA), Júlia Milward (RJ), Marco A. F. (RS), Marise Maués (PA), Marcílio Costa (PA), Pedro Cunha (CE), Tom Lisboa (PR), Tuca Vieira (SP), Véronique Isabelle (Canadá), Alberto Bitar (PA), Ana Mokarzel (PA), Janduari Simões (BA), Jorane Castro (PA), Miguel Chikaoka (SP), Octavio Cardoso (PA), Roberta Carvalho (PA), Walda Marques (PA), José Diniz (RJ), Mateus Sá (PE) e Péricles Mendes (BA).

MOSTRA ESPECIAL

A mostra especial “Belém: Ressaca, Heranças” teve a cidade e seu espaço urbano como objeto de reflexão em um momento histórico, pois 2016 foi o ano em que Belém completou seus 400 anos. A proposta da curadoria aos artistas participantes foi pensar a cidade criticamente tendo como referência a estrutura física e simbólica de alguns de seus patrimônios arquitetônicos em processo de transformação. Trabalhos de Alexandre Sequeira, Ana Mokarzel, Coletivo CêsBixo, Luiz Braga, Martin Perez, Paula Sampaio, Walda Marques e Wagner Almeida integraram a exposição.

Belém, Pará, Brasil. Cidade. Palacete Faciola, Martín Pérez, UY e Cecilia Moreno, RN. Artista convidado da 7ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. 10/03/2016. Foto: Martín Pérez.
Palacete Faciola. Foto: Martín Pérez.

BIBLIOTECA

A parceria entre o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o Museu da UFPA e Tenda de Livros, projeto da artista Fernanda Grigolin resultou no lançamento da biblioteca da Coleção Diário Contemporâneo de Fotografia.

Constituída por 50 livros de quase 40 autores, ela tem como algumas das características a diversidade de produções e origens, equidade entre os gêneros, publicações independentes, livros de fotógrafos iniciantes e consagrados, além de resultados de pesquisas dentro das universidades.

Fernanda teve a oportunidade de realizar um bate-papo com o público de Belém sobre isso, na ocasião também houve o lançamento do livro Recôncavo e a distribuição do Jornal de Borda.

A artista curitibana que vive entre Campinas e São Paulo também realizou a oficina “A fotografia no livro em três ações: produzir, editar e circular”, de acompanhamento de projetos de livros com ênfase em fotografia.

DIÁRIO CONTEMPORÂNEO NAS ESCOLAS

A oficina “Experiência do Olhar”, realizada por Irene Almeida com assistência de Rodrigo José, foi realizada nas escolas da rede pública. Os alunos conheceram a Coleção Diário Contemporâneo de Fotografia e a proposta da edição, compartilharam suas ideias a partir do que viram e construíram câmera obscuras em ações que trabalharam a fotografia como fator de descoberta. As ações formativas foram realizadas na Escola Municipal Rotary, Escola E. de E. Fundamental e Médio Professor José Alves Maia e na Unidade Pedagógica São José, localizada na Ilha Grande, na parte insular do Município de Belém.

Belem, Pará, Brasil. Belém. Pincel de Luz, oficina sobre fundamentos da fotografia para crianças do ensino fundamental na Escola Rotary Foto: Janduari Simões/Diario do Pará. 14.03.2016
Foto: Janduari Simões

AÇÕES

Cinthya Marques, coordenou a ação educativa da 7ª edição. Ela realizou o minicurso “Trajetórias educativas: por um olhar em expansão” no qual norteou questões essenciais para a formação do debate sobre o tema, além da proposição de percursos educativos para as visitas em prol da sensibilização do olhar a partir das obras do acervo.

“Horizonte Reverso” foi a oficina realizada por Dirceu Maués. Nela, os integrantes tiveram acesso ao processo de criação do fotógrafo, discutindo a relação com os dispositivos tecnológicos e participando da construção das câmaras obscuras.

Um convite para investigar a si mesmo. Assim foi o workshop “Na direção do Medo”, com o artista mineiro Gui Mohallem que instigou os participantes a darem um mergulho interior em busca de suas dificuldades e medos e, por meio de uma produção imagética, se aprofundarem em direção às suas questões mais internas. Os trabalhos mais recentes de Gui também foram tema de uma conversa informal do artista com o público.

Shenyang, China. Foto: Eugênio Sávio

Na era da imagem digital, a oficina “Fotojornalismo em tempos de transformação”, com o fotógrafo mineiro Eugênio Sávio, veio debater os novos dilemas da profissão. Além disso, Eugênio realizou um bate-papo no qual falou sobre seu trabalho como fotojornalista, produtor cultural do projeto Foto em Pauta e curador do Festival de Fotografia de Tiradentes.

A última oficina ficou a cargo da fotógrafa paraense Walda Marques. “Self-me” trabalhou o autorretrato como forma de autoconhecimento e construção de narrativas sobre si.

Palestras sobre os museus e rodas de conversas com Guy Veloso, Janduari Simões, Jorane Castro, Miguel Chikaoka, Alexandre Sequeira, Veronique Isabelle, Ana Mokarzel, Walda Marques, Octavio Cardoso, Pedro Cunha, Rosangela Britto, Marisa Mokarzel, Mariano Klautau Filho, Ionaldo Rodrigues, Wagner Almeida, Jorge Eiró e Geraldo Teixeira encerraram a edição. O lançamento da publicação “Fotografia Contemporânea Amazônica – Seminário 3×3”, de Sávio Stoco, artista e pesquisador de Manaus e a palestra “Velho ou antigo?”, de Jussara Derenji, diretora do Museu da UFPA, foram destaques da programação.

O PROJETO

Em 2019, o Diário Contemporâneo comemora uma década de atuação. Ele se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

Sábado de intensa programação em “Poéticas, fotografia e museus”

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Por: Debb Cabral

O sábado (11) foi marcado por uma intensa agenda de encontros promovidos por “Poéticas, fotografia e museus”, do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. O Espaço Cultural Casa das Onze Janelas recebeu a programação.

A manhã começou com o encontro com Miguel Chikaoka, Pedro Cunha, Octávio Cardoso e Walda Marques para falarem sobre suas obras que integram a Coleção de Fotografias do projeto e suas trajetórias artísticas.

Miguel Chikaoka trabalha a fotografia através do seu percurso, do seu processo. “Eu percebo que o trabalho do Miguel nunca termina, ele está sempre emendando um com outro e dentro do percurso contemporâneo, o trabalho dele é o processo”, comentou a curadora Marisa Mokarzel.

Walda Marques lembrou o tempo em que ela e Octavio Cardoso eram parceiros de estúdio. “Ali também era um laboratório para a gente, foi um aprendizado de tudo”, contou. Luz, maquiagem, figurino, uma espécie de teatro de brincadeira. O lúdico era constante. Já Octávio comentou a série “Lugares imaginários”, que foi premiada na 1ª edição do projeto e integra a Coleção. “Eu preciso de algumas provocações”, explicou ao falar das imagens que remetem a um lado onírico da Amazônia com suas paisagens azuis.

Pedro Cunha falou sobre o seu processo e a sua fotografia de viagem. “Eu foco em paisagens urbanas que passariam despercebidas e a cidade é, para mim, um cenário maravilhoso”, comentou. As fotografias da série “…continua na minha memória” são brancas e suas cores bem suaves criam narrativas para os personagens urbanos.

AS ONZE JANELAS

Mariza Mokarzel e Rosangela Britto se reuniram com o público para falar sobre o momento inaugural do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas. Elas contaram que a ideia era dar uma finalidade museológica reorganizando-o para que Belém pudesse expor obras de arte e históricas. Isso deu certo, e hoje a Casa é reconhecida nacional e internacionalmente como o museu de arte contemporânea de Belém.

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Fotos: Irene Almeida

A mostra inaugural “Traços e Transições” foi além da exposição da Coleção Funarte, ela se relacionou com a produção local. “Nós queríamos que houvesse uma espécie de diálogo e que não ficasse limitada às salas expositivas, dialogando com a cidade e com o público no espaço aberto”, lembrou Mariza.

O museu está localizado bem no Centro Histórico de Belém, ele tem seu próprio discurso mas dialoga com os outros espaços e ainda com o patrimônio ambiental.

Elas também falaram sobre a criação do Sistema Integrado de Museus – SIM com sua diretoria e divisões. “O SIM visa estimular a articulação entre os museus do estado através de um eixo de sentido patrimonial e que relaciona a herança cultural com a produção contemporânea”, disse Rosangela.

Fotografia Contemporânea Paraense – Panorama 80/90 foi um projeto que veio em seguida e só fez fortalecer os objetivos em relação ao espaço. Já quando questionada sobre a retirada do museu da Casa, Rosangela respondeu, “alterar um equipamento museológico gera uma perda de sentido do eixo patrimonial que foi criado”.

LANÇAMENTO

Sávio Stoco falou sobre a publicação “Fotografia Contemporânea Amazônica – Seminário 3×3”, premiada na 11ª edição do Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais, que ele veio lançar em Belém.

O deslocamento de artistas entre as cidades de Belém, Manaus e Boa Vista é o grande destaque do projeto. “Esses cenários têm dinâmicas particulares e nós queríamos aproveitar isso”, contou.

É o retrato de que estados vizinhos muitas vezes se isolam. “Pela primeira vez eu vi um projeto de arte que estava propondo o encontro entre três cidades da Amazônia. Isso nos reaproximou e nos fortaleceu”, observou Mariano Klautau Filho que integra o livro com um relato sobre o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

O projeto adentrou nas particularidades de cada local e viu o que poderia ser compartilhado, desde apresentações de processos pessoais até projetos como foi o caso do Diário Contemporâneo.

O lançamento contou com a distribuição gratuita do livro entre o público presente.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA).