O 9º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia recebeu ontem (28) o professor Leandro Lage para uma conferência com o público de Belém. “Imagem, Política e a Sobrevivência do Desejo” foi realizada no Museu da UFPA.
Ele contou que a vontade de conversar sobre o tema se deu a partir de uma visita à exposição desta 9ª edição e que suas pesquisas atuais dialogam muito com “Realidades da Imagem, Histórias da Representação”, temática escolhida pelo Diário Contemporâneo. “O ponto de partida é o espirito de indignação que não é só meu, mas de todos neste momento que a gente tem vivido”, explicou.
Leandro trouxe fotografias retiradas das páginas dos jornais para debater a força e a necessidade das imagens. “Qual será a dimensão política dessas imagens? Como elas conseguem isso? Como elas se mantém assim? É como se a luta política dependesse de um campo de aparições e visibilidades”, observou.
A ação política instaura o espaço público, ela instaura essa visibilidade pública. A imagem transcende a representação. “De que modo as imagens conseguem capturar e preservar esse espirito de indignação e seus sujeitos?”, questionou.
São imagens que não se detém na representação, não emanam somente um referente, mas o incorporam. O desejo não é só individual, ele é coletivo. Mesmo os levantes individuais vêm de indignações coletivas. “Ha um sentimento que surge e provoca essa resistência, independe de estado e partidos políticos”, disse.
Não basta ser coletivo no sentido de muitos, mas que sejam juntos, unidos. É assim que se perturba o que já está consolidado. A ação política incomoda. O espaço de fluxos se torna o espaço de paradas e de redistribuição de identidades. “As imagens são políticas porque atuam no campo da visibilidade e da sensibilidade”, afirmou.
A resistência é a recusa dos sujeitos de seguir o que lhes foi imposto. Nesse sentido, as imagens atuam agem como lugar de sobrevivência do desejo e se constituem espaços visíveis dessa resistência. “É importante preservar esse espirito de que os corpos possam atuar em aliança”, observou.
A vulnerabilidade deve ser entendida como parte da ação política. “A imagem não é um campo resolvido, ela é um campo de tensões. Então, além de olharmos como as imagens são produzidas, é preciso olhar como elas circulam, pois elas são incorporadas aos diferentes discursos”, finalizou.
VISITAÇÃO
A exposição “Realidades da Imagem, Histórias da Representação” exibe os trabalhos premiados, selecionados e participações especiais da 9ª edição do Diário Contemporâneo. As obras ficam no Museu do Estado do Pará – MEP. Além disso, o Museu da UFPA recebe a mostra individual “Lapso”, com trabalhos de Flavya Mutran, artista convidada e a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto de Elaine Tedesco. A visitação segue até dia 15 de julho.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática.