A 8º edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia chegou ao fim com um balanço muito positivo. Um público de quase nove mil pessoas visitou as exposições, além disso, palestras, encontros com artistas e oficinas ampliaram a percepção da arte e fomentaram a relação entre o público e as obras. O júri composto por Camila Fialho, Isabel Amado e Alexandre Sequeira avaliou 390 dossiês de todas as regiões do país. Foram 3 artistas premiados, 23 selecionados e 5 participações especiais. Artista convidado desta edição, o fotojornalista Geraldo Ramos, apresentou seu olhar pela Amazônia e mostrou que a fronteira entre o documental e arte é cada vez mais fina.
A programação da oitava edição começou com a palestra “Fotografia e o Circuito da Arte: entre o museu e a galeria”, da curadora e especialista em conservação, Isabel Amado, que ressaltou a importância do colecionismo e da formação de um mercado para as artes.
Para formar a equipe que atuou na ação educativa do projeto, os coordenadores Cinthya Marques e Rodrigo Correia realizaram a oficina “Olhar e ser visto: práticas educativas na poética do retrato”, que capacitou os participantes. A sensibilização do olhar pôde ser trabalhada não só na visitação diária, mas também em ações direcionadas como a com as crianças do Projeto Aparelho e com o público do Projeto Circular Campina – Cidade-Velha.
A semana da abertura das mostras foi marcada por uma intensa programação. Lívia Aquino realizou a oficina “Fotografar a Fotografia”; o premiado João Urban, a conversa “A presença do retrato na fotografia documentária”; os premiados com residência artística Hirosuke Kitamura e Guido Couceiro Elias e seus respectivos tutores, Alexandre Sequeira e Lívia Aquino, conversaram com o público sobre essa experiência; o artista selecionado Filipe Barrocas aproveitou sua vinda a Belém para lançar seu livro “O corpo neutro”; e o também selecionado, Alex Oliveira, realizou “Fora do lugar – Oficina de fotografia contemporânea”, que teve as imagens produzidas durante a ação, devolvidas a cidade no formato lambe lambe próximo aos locais de sua produção.
Outra oficina realizada foi “O Retrato e o Tempo”, ministrada pelo fotógrafo e professor, Valério Silveira, com uma metodologia que trouxe desde a história da fotografia até a sua técnica, sempre explorando o retrato, foco da 8ª edição.
O Museu da UFPA, que acolhe anualmente a mostra do artista convidado, recebeu Geraldo Ramos e o público para uma conversa, na qual o fotógrafo falou sobre a sua trajetória artística e relação com a Amazônia.
“O corpo ao limite. Fotografia, cinema e práticas extremas contemporâneas”, ministrado pelo franco-português Samuel de Jesus encerrou a programação de cursos do projeto e apresentou as diversas referências e possibilidades que a arte contemporânea traz.
Já a palestra de encerramento foi “Diálogos sobre Artes Visuais e Amazônia(s)”, do professor e pesquisador John Fletcher, na qual, em conversa com o público e com a curadora e pesquisadora Marisa Mokarzel, ele debateu a visualidade amazônica e a necessidade de questionamento constante por parte do próprio artista. “Nós devemos a todo instante problematizar a arte e seus lugares”, frisou John.
INSPIRAÇÃO
O grande destaque de todos os anos é sempre o trabalho realizado junto às escolas. Quase seis mil alunos tiveram a experiência de poder se envolver com as obras desta edição. Os estudantes do 1º ano da E.F.M. Profº Cornélio de Barros, do bairro da Marambaia, que visitaram as mostras do projeto pelo quarto ano consecutivo, ficaram inspirados e realizaram suas próprias imagens, retratos em preto e branco de familiares e amigos que resultaram na ” I Mostra Fotográfica”.
Segundo José Carlos Silveira, professor responsável, “eles usaram o recurso que está sempre a mão deles, que é o celular, em uma sensibilidade em mostrar rostos, cada qual com a sua história”. A aproximação com o outro e tornar o contato com a arte um hábito foram alguns dos objetivos do trabalho, que mostrou que cada retratado tem uma história que merece ser compartilhada.
O celular, tido por muitos como um vilão, tornou-se um instrumento pedagógico. As fotografias produzidas foram expostas em uma sala destinada somente as artes, decorada pelos próprios alunos e que funciona também como um cinema.
Giovanna Lyssa, de 16 anos, contou que “foi muito interessante ver as fotografias e vídeos que mostravam a arte contemporânea. Quando saímos do museu e voltamos para a escola, o professor teve a ideia de fazer um trabalho conosco, nessa hora nem se pensava na exposição dos alunos, só no trabalho mesmo. Eu percebi que podemos fazer arte com coisas tão simples, isso mostra mesmo o talento das pessoas e hoje tem amigos meus que querem ser fotógrafos. Esse trabalho deu um gás na autoestima, pois nós pesquisamos além do que o professor passou em sala. Ver a exposição e o resultado me deixa muito orgulhosa”, finalizou.
Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia trata-se de um projeto nacional, que em seus anos de atuação contribuiu para a consolidação do Pará como lugar de reflexão e criação em artes, além de proporcionar o diálogo entre a produção local e nacional.
SERVIÇO: O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale, apoio institucional do Museu da Universidade Federal do Pará, Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e apoio da Sol Informática. Informações: Rua Gaspar Vianna, 773 – Reduto. Contatos: (91) 3184-9310; 98367-2468; diariocontemporaneodfotografia@gmail.com ewww.diariocontemporaneo.com.br.