Com informações de Andressa Munhoz
Selecionado nesta 10ª edição, o fotógrafo José Diniz ministrou a oficina Experiência: [foto] livro de artista, no Museu da UFPA.
O carioca compartilhou com a turma um pouco sobre suas produções de fotolivros. Seu processo de pesquisa envolve recortes de memórias familiares com momentos de passeios de canoa com o pai e momentos aonde este mesmo cenário, também servia como inspiração para as pinturas que o pai do artista produzia.
O avô paterno do fotógrafo o presenteou com uma pequena câmera e José passou a produzir experimentações na fotografia que incluíam a criação de narrativas visuais com miniaturas de aviões, submarinos e navios de guerra, temas que até os dias atuais também estão presentes em seu trabalho.
Em termos técnicos, José Diniz aponta que a criação de um livro é como um processo vivo, constante e, até mesmo, diário. Envolve muita pesquisa e muita experimentação, é um processo de aprendizado. Fazer livro é aprender. “Muitas pessoas colocam o livro como uma tarefa. Para mim, não é isso. Para mim, ele é uma experimentação”, disse.
A LIBERDADE DO FAZER
Ele também comentou sobre como as pessoas, às vezes, se prendem ao significado da palavra “livro” e que isso, em determinadas situações, pode se tornar um empecilho para a criatividade. É limitante pensar em uma produção padrão quando, na idealização de fotolivro ou livro de artista, várias possibilidades são possíveis: a forma de encadernação, a organização das imagens, os papeis e texturas usados na impressão, entre outros detalhes.
Pontos para se pensar no processo de formação de um livro de artista:
- Objeto, tirar partido da mecânica do livro
- Bidimensionalidade x Tridimensionalidade
- Cinética, Movimento
- Agregar materialidade
- Desafiar leis
- Alma do artista
PROCESSO E IDENTIDADE
Os fotolivros e livros de artistas produzidos por José Diniz variam entre edições de tiragem única e várias cópias, edições em miniatura e tamanhos ampliados, livros em caixas ou livros em edições de brochura.
Dentro desses materiais, ele varia imagens feitas por diversos tipos de equipamentos, recortes de notas de jornais, cenas retiradas de filmes e imagens de miniaturas de aviões ou barcos em cenários que confundem o leitor em um primeiro olhar. Toda essa forma de organização se dá como uma forma de criar uma narrativa que transita entre memória, realidade e fantasia, os mesmos temas parecem se repetir, mas sempre trazem um novo olhar.
Colocar “a alma do artista” no livro é o que José aponta como o fato de que, mesmo se tratando de um livro com várias tiragens, ele acaba sendo uma produção que visualmente não se assemelha com tantos outros livros impressos por grandes editoras. Isso faz com que cada livro seja diferente, carregando si uma identidade.
“Eu estou aqui para incentivar as pessoas a colocarem o livro como parte do seu processo de trabalho”, finalizou.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.