“3X4”, série de Karina Motoda, é uma alusão direta às tradicionais fotografias utilizadas em documentos oficiais. No entanto, enquanto tais fotos padronizam os retratados, colocando-os na mesma posição, mostrando apenas os seus rostos e determinando a expressão que devem passar, a série parte em outro caminho.
Ela busca propor questões de como nossas identidade e emoções podem ser expressas e o quanto as deixamos transparecer sem que sequer nos demos conta.
A artista foi selecionada para a mostra Vastas Emoções e Pensamento Imperfeitos.
Confira o seu depoimento:
O trabalho surgiu de uma proposta na faculdade. Eu fazia uma disciplina que tinha fotografia analógica. Aí resolvi trabalhar com formatos pequenos e retratos.
Quando eu vi o resultado, percebi que lembrava muito as fotos 3×4, mas eu tentava não ficar presa naquela pose padrão. Então, fazia fotos do corpo inteiro, de movimentos diferentes para mostrar que o corpo todo pode comunicar a identidade e os sentimentos da pessoa.
Associamos muito o rosto com as emoções, mas o corpo inteiro diz algo.
Eu gostei muito do nome da exposição falar de “pensamentos imperfeitos” porque eu queria trazer isso no trabalho. Por exemplo, se a fotografia é 3×4, nós somos obrigados a ficar sérios enquanto nos outros retratos sempre buscamos mostrar o nosso melhor lado e a nossa felicidade.
Nós temos sentimentos e colocamos valores neles, mas não existe certo e errado.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE.
A 11ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia está pronta para receber o público a partir desta quarta-feira (21), no Museu do Estado do Pará. O visitante poderá conferir de perto a mostra coletiva Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos, com curadoria convidada de Rosely Nakagawa, e O Lago do Esquecimento, individual de Paula Sampaio, com curadoria de Mariano Klautau Filho. O agendamento é feito pelo site do projeto: www.diariocontemporaneo.com.br. Ontem (20), alguns dos artistas participantes desta edição e os realizadores se encontraram para uma abertura reservada.
Insistir e não desistir. Na ocasião, Mariano Klautau Filho, curador geral do projeto, ressaltou a importância das exposições estarem acontecendo, mesmo com todas as dificuldades impostas pelo ano de 2020. “Eu acredito que esta 11ª edição só está acontecendo hoje devido ao Camilo Centeno, ele não desistiu e batalhou para que ela se realizasse ainda este ano. Hoje iniciamos o que eu chamo de a ‘segunda década do projeto’, onde estamos experimentando algumas novidades para que nós tenhamos um fôlego mais interessante. Pela primeira vez, nós temos uma curadora convidada para trabalhar o tema na mostra principal, a Rosely Nakagawa, uma pessoa que já colabora há muitos anos com a produção do Pará. Eu a escolhi para inaugurar essa curadoria e, a partir daqui, vamos imprimir no projeto uma série de discussões sobre curadoria compartilhada”, disse.
Rosely coordenou o júri que fez a seleção dos trabalhos da mostra coletiva e, a partir do tema proposto para 2020, fez a curadoria das obras. Ela contou com a assistência e o projeto expográfico de Flávio Franzosi e com o desenho de luz de Lucia Chedieck. “Eu queria ressaltar algumas coisas, a primeira é a importância do Prêmio, que não é apenas um prêmio que seleciona os melhores trabalhos, mas ele tem a preocupação com a formação. Assim, o Prêmio da forma como ele se estrutura, não me surpreende que seja estabelecida, então, como a primeira ação realizada neste período desastroso que estamos vivendo. Nós estamos vivendo um período convalescente e se não fossem ações como a nossa, eu penso que a cultura não sobreviveria, já que ela está sendo constantemente ameaçada. A ação de abrir uma exposição dessa envergadura neste momento é da maior importância, é para ajudar que a nossa convalescença seja mais rápida e mais saudável”, refletiu.
Camilo Centeno, diretor geral do Grupo RBA, ressaltou que o Diário Contemporâneo é um projeto que se desdobra pelo ano todo, não somente na época das exposições e que, com a pandemia, todo o planejamento feito para esta edição teve que ser reestruturado. Assim, soluções foram estudadas para realizar o Prêmio com segurança e qualidade. “Tivemos que repensar tudo, tudo foi diferente este ano. É a 11ª edição e, como o Mariano disse, este é o primeiro ano de uma nova década. Foram muitas reuniões, planejamentos e eu acredito que a cultura paraense e a arte da fotografia mereciam este esforço todo. Assim, foi algo totalmente novo e pela primeira vez nós estamos inaugurando a visitação virtual, nós vamos permitir que as pessoas, de onde elas estejam, acompanhem tudo o que foi montado aqui. Isso é maravilhoso e é um legado que este momento vai nos deixar”, finalizou.
Mariano e Rosely fizeram pequenas visitas guiadas pelas exposições nas quais são curadores. Paula Sampaio, que teve uma publicação especial sobre o seu trabalho encartada no Jornal Diário do Pará, também conversou sobre suas obras com os presentes e Rosely ainda aproveitou para conversar com os mediadores do projeto.
Para visitar as exposições com maior segurança, o visitante deverá cumprir com os procedimentos de prevenção ao contágio do novo coronavírus.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar. Informações: (91) 98367-2468 e educativopremiodiario@gmail.com.
A 11ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia traz diversas novidades ao público. Seja pelas soluções encontradas para a sua realização diante do atual contexto, seja pelos trabalhos que serão apresentados e/ou pelo recorte escolhido, 2020 ficará marcado na memória do projeto. O público poderá conferir de perto as mostras Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos e O Lago do Esquecimento a partir das 10h desta quarta-feira (21), no Museu do Estado do Pará. Como medida de prevenção e segurança, as visitas devem ser agendadas com antecedência no site www.diariocontemporaneo.com.br. A visitação seguirá aberta até 20 de dezembro, de terça a sexta, das 10 às 16h, sábado e domingo, das 09 às 14h.
A temática desta edição partiu do livro de Rubem Fonseca que dá nome a exposição coletiva. Rubem faleceu neste mesmo ano de 2020, enquanto o Brasil estava começando a vivenciar a intensidade do que é a pandemia do Coronavírus. Assim como o resto do mundo, o Diário Contemporâneo também foi impactado pelo que vem acontecendo. O calendário do projeto mudou, a realização da mostra foi transferida para este segundo semestre, a seleção dos trabalhos foi feita online e a formação dos mediadores culturais que irão atuar no museu também. Uma comissão cientifica foi formada e, de forma virtual, está estruturando a programação desta 11ª edição. “Apesar de toda a contracorrente que o ano de 2020 está nos impondo, creio que estamos reagindo bem em não só decidir produzir a 11ª edição, mas produzi-la com as transformações e experiências necessárias ao novo ciclo que o projeto inaugura, sua segunda década. Pela primeira vez iniciamos a experiência da curadoria convidada, Rosely Nakagawa, para a grande mostra e também instituímos um comitê científico para pensar a programação de encontros e palestras constituído por Heldilene Reale, Ceci Bandeira e Savio Stoco, convidados pela curadoria”, afirma o curador geral, Mariano Klautau Filho.
As novas tecnologias foram incorporadas ao processo para que o projeto não deixasse de ocorrer. Com todo isso, até a primeira curadora convidada, Rosely Nakagawa, vem atuando a distância. Os encontros virtuais com a produção e a curadoria do projeto seguem ocorrendo. De São Paulo, Rosely preparou a expografia desta edição, tendo ao seu favor o fato de que é profunda conhecedora da fotografia paraense e dos espaços museais de Belém.
Virtualmente, as salas do Museu do Estado do Pará foram reproduzidas e até a iluminação já veio estudada. Blocos de concreto e ripas de madeira invadiram o museu e o que o público irá ver a partir do dia 21 será uma montagem distinta do tratamento tradicional que normalmente é dado ao MEP, propondo o museu como um espaço mais cênico em que a iluminação, a cargo de Lúcia Chediek, dialoga mais diretamente com as obras. A estética se aliou a necessidade de encontrar soluções para realizar a exposição de maneira adequada diante da atual realidade. “A minha preocupação foi a de colocar os trabalhos na exposição de um jeito que a pessoa que visita se sinta acolhida, se sinta bem-vinda”, disse Rosely.
A mostra Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos exibirá os trabalhos de Alline Nakamura (SP), Andreev Veiga (PA), Arthur Seabra (PA), Beto Skeff (CE), Cecília Urioste (PE), Élcio Miazaki (SP), Fernando Jorge (CE), Hans Georg (RJ), Henrique Montagne (PA), Iezu Kaeru (PE), José Diniz (RJ), Karina Motoda (SP), Lara Ovídio (RJ), Melvin Quaresma (PA), Miriam Chiara (MG), Tetsuya Maruyama (RJ), Vanessa Ramos Carvalho (BA) e Sérgio Carvalho (PI) e Zé Barretta (SP).
Anna Ortega (RS), premiada com a Residência Artística Belém, e Suely Nascimento (PA), premiada com a Residência Artística Recife, também participarão da mostra. As duas embarcam para as suas residências no início de 2021, assim como o grupo formado por Janaina Miranda (DF), Ícaro Moreno Ramos (MG) e Gabriela Sá (RN), Jessica Lemos (BA), Giovanna Picanço Consentini (PA) e Marcílio Caldas Costa (PA), vencedores da Residência Farol, que irão para a residência coletiva na Ilha de Mosqueiro sob a coordenação de Lívia Aquino.
ARTISTA CONVIDADA
A fotógrafa Paula Sampaio é a artista convidada desta edição. Seu trabalho tem forte cunho documental e se debruça sobre temas como ocupação, memória, migração e colonização na região amazônica.
Em 2013, ela lançou o livro O Lago do Esquecimento, fruto de sua pesquisa sobre o impacto do represamento das águas do rio Tocantins para a quarta maior hidrelétrica do mundo: Tucuruí.
Na paisagem transformada pela inundação, Paula encontrou restos de árvores, animais e de histórias afogadas nesse lago de esquecimentos. Também encontrou as pessoas que vivem em torno das águas represadas, antigos moradores que viram a sua vida transformada pela força das águas e da ação humana.
O Lago do Esquecimento nunca havia sido apresentado no formato de uma exposição individual e este foi o recorte escolhido por Mariano Klautau Filho na curadoria desta mostra. “Estou muito contente em poder contar com o trabalho da Paula Sampaio como convidada desta edição, uma artista cuja obra já acompanho desde o final dos anos 1980 e que venho estudando, mais especialmente desde o início dos anos 2000. E creio que a série O Lago do Esquecimento é um trabalho inquietante e bastante atual porque trata do desprezo pela natureza e pelas comunidades que vivem na Amazônia, além de nos provocar um impacto visual que está relacionado diretamente ao aspecto trágico do tema”, finalizou o curador da exposição.
SERVIÇO:11ºDiário Contemporâneo abre agendamento de visitas. Local: Museu do Estado do Pará. O agendamento de visitas é feito pelo site www.diariocontemporaneo.com.br. A visitação seguirá aberta até 20 de dezembro, de terça a sexta, das 10 às 16h, sábado e domingo, das 09 às 14h. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar. Informações: (91) 98367-2468 e educativopremiodiario@gmail.com.