Nos últimos dias 06 e 07, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inaugurou as mostras da sua edição comemorativa de 10 anos. As exposições estão abrigadas no Museu do Estado do Pará e Museu da UFPA e seguem com visitação aberta ao público até 29 de setembro.
No MEP, o curador do projeto, Mariano Klautau Filho, fez um paralelo com a primeira edição do projeto. “Em 2010, vivíamos o livre exercício de ideias, comportamento, emancipação da liberdade política e artística”. Democracia, multiplicidade e liberdade deram o tom do discurso que falava de Brasis, um país no plural. “Então, vamos continuar a fazer o que estamos fazendo, tentando sempre pela via da liberdade de expressão e do lugar da arte, expandir as pluralidades das ideias e fortalecer nossas instituições democráticas. O projeto Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia permanece como resistência no campo da arte e da educação na preservação das liberdades”.
Jader Filho, diretor presidente do Diário do Pará, agradeceu à fotografa Walda Marques pela motivação e incentivo para criar o Prêmio. “Eu queria dizer da nossa alegria de hoje estar aqui e ver que este prêmio que, lá atrás, era para reconhecer os fotógrafos paraenses tem, hoje, como a gente viu, mais de três mil inscrições nestes dez anos, de vários estados da federação. Então, já saiu há muito tempo só daqui. Nós tivemos a oportunidade de reconhecer que a nossa fotografia é tão importante para o Brasil, que os fotógrafos de outros estados vêm para cá para participar.
Na ocasião foram entregues os prêmios aos fotógrafos vencedores desta edição: Daniele Cavalcante (CE), Júlia Milward (RJ) e Rodrigo José (PA).
No dia seguinte, no MUFPA, a diretora Jussara Derenji destacou a felicidade que era receber mais uma vez a exposição do Diário Contemporâneo, projeto que nasceu naquele espaço e que depois se expandiu para outros museus. “Para nós, é uma grande satisfação ter um prêmio deste porte abrigado no museu por tanto tempo. E saber que este prêmio se mantém com qualidade sempre aumentando. As doações são muito importantes para nós, para a constituição dos nossos acervos”. Ela ainda ressaltou ainda a importância das ações de formação de acervo, como a coleção constituída pelo projeto e que tem parte das obras sob guarda do MUFPA. “A constituição da coleção do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é muito importante para nós. Esperamos que ela seja aumentada e que continue, pois é muito gratificante para nós termos esta qualidade de obras no nosso acervo”, finalizou.
NO MEP
A mostra exibe, além dos trabalhos premiados, os selecionados André Parente (PA), Bruno Zorzal (ES), Ceci Bandeira (PA), Claudia Tavares (RJ), Coletivo Amapoa (SP), Daniela de Moraes (RS), Felipe Fittipaldi (RJ), Francine Lasevitch (RS), Gui Christ (RJ), João Paulo Guimarães (PA), Márcio Vasconcelos (MA), Maria Baigur (BA), Maria Vaz (MG), Paulo Coqueiro (BA), Pedro David (MG), Priscilla Buhr (PE), Rodrigo Pinheiro e Ton Zaranza (RJ).
Os artistas Ana Mokarzel, Danielle Fonseca, Fernanda Grigolin, Flávio Araújo, José Diniz, Keyla Sobral, Letícia Lampert, Marise Maués, Mateus Sá, Paula Sampaio, Renan Teles, Tiago Coelho e Tuca Vieira também exibem seus trabalhos no espaço como convites da curadoria.
NO MUFPA
No ano em que comemora uma década de atuação, o Diário Contemporâneo traz para uma exposição todos que foram artistas que foram os convidados das edições anteriores.
Cláudia Leão, Dirceu Maués,Miguel Chikaoka, Luiz Braga, Walda Marques, Janduari Simões, Jorane Castro, Geraldo Ramos e Flavya Mutran retornam em uma coletiva que não se apresenta como retrospectiva, mas como uma outra leitura das suas visualidades.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.
Ontem (06), o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inaugurou a primeira parte da mostra “Interseções, 2010/2019” com trabalhos premiados, selecionados e convites da curadoria. Hoje, é no Museu da UFPA que será aberta a exposição na qual todos os artistas convidados das edições anteriores do projeto estarão reunidos em uma coletiva. A programação será às 19h, com entrada franca.
“O MUFPA vem dedicando-se, a partir de 2012, exclusivamente à mostra individual do artista convidado de cada edição. As exposições foram produzidas especialmente para o projeto, por meio de pesquisa nos acervos dos artistas e contou, ao todo, com nove fotógrafos atuantes no Pará que apresentaram seus trabalhos de 2010 a 2018. A mostra ‘Interseções, 2010/2019’ comemora os dez anos do projeto no MUFPA, reunindo trabalhos que pertencem, em sua grande maioria, ao segmento da Coleção Diário Contemporâneo de Fotografia, abrigado neste museu”, explicou o curador do projeto, Mariano Klautau Filho.
A valorização da fotografia paraense ocorreu de maneiras diferentes ao longo destes dez anos de projeto, como na primeira edição, em que dois artistas foram homenageados, Cláudia Leão e Dirceu Maués.
Fotógrafos de outros estados como Miguel Chikaoka, que veio de São Paulo e Janduari Simões, nascido na Bahia, também já exibiram suas poéticas. Não interessa a origem, o que importa são as narrativas construídas por eles no Pará, sua atuação e relevância para a memória e imaginário do nosso estado.
Mas é claro que os nascidos na terra também têm seu espaço, assim como os da edição inaugural, Luiz Braga, Walda Marques, Jorane Castro, Geraldo Ramos e Flavya Mutran também apresentaram através do projeto recortes inéditos dos seus arquivos.
No ano em que comemora uma década de atuação, o Diário Contemporâneo traz todos eles de volta em uma coletiva que não se apresenta como retrospectiva, mas como uma outra leitura das suas visualidades. “O recorte proposto revelou o encontro interessante entre retrato e paisagem, figura e fundo. Ambos os gêneros e modos de percepção se dinamizam nas interseções entre uma fotografia de origem documental transferida – por contaminações – para uma estética cinemática”, finalizou Mariano.
ENCONTROS COM ARTISTAS
Os artistas premiados nesta edição Danielle Cavalcante, Julia Milward e Rodrigo José participarão de uma conversa com o público amanhã (08), às 19h, no Museu do Estado do Pará. Já na sexta-feira (09), o encontro será com os selecionados Bruno Zorzal e Claudia Tavares, no mesmo horário e local. Ambas as programações têm entrada franca.
SERVIÇO:Diário Contemporâneo abre exposição no MUFPA hoje. Data: 07/08, às 19h, no Museu da UFPA. Endereço: Av. Governador José Malcher – esquina com Generalíssimo Deodoro. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale. Informações: (91) 3184-9310; 98367-2400; diariocontemporaneodfotografia@gmail.com e www.diariocontemporaneo.com.br.
O mês de agosto inicia com a abertura da 10ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. O vernissage será no dia 06, às 19h, no Museu do Estado do Pará e no dia seguinte (07), às 19h, no Museu da UFPA, será aberta ao público a segunda parte das exposições. A visitação da mostra Interseções, 2010/2019 segue até 29 de setembro.
O projeto se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.
A décima edição é um encontro renovado das experiências curatoriais dos anos de 2010 e 2014. Na edição de estreia o mote foi Brasil, Brasis e o projeto fez o convite para pensar o país e as identidades contemporâneas que o constituem. Já em 2014 a temática livre trouxe a maior diversidade de trabalhos e propostas artísticas.
Heldilene Reale, Octavio Cardoso e Isabel Gouvêa foram os integrantes da comissão de seleção deste ano e juntos viram 585 dossiês com trabalhos de diferentes partes do país.
NO MEP
A mostra do Museu do Estado Pará exibirá os trabalhos premiados de Daniele Cavalcante (CE), Júlia Milward (RJ) e Rodrigo José (PA). Além dos selecionados André Parente (PA), Bruno Zorzal (ES), Ceci Bandeira (PA), Claudia Tavares (RJ), Coletivo Amapoa (SP), Daniela de Moraes (RS), Felipe Fittipaldi (RJ), Francine Lasevitch (RS), Gui Christ (RJ), João Paulo Guimarães (PA), Márcio Vasconcelos (MA), Maria Baigur (BA), Maria Vaz (MG), Paulo Coqueiro (BA), Pedro David (MG), Priscilla Buhr (PE), Rodrigo Pinheiro e Ton Zaranza (RJ).
A convite da curadoria do projeto, os artistas Ana Mokarzel, Danielle Fonseca, Fernanda Grigolin, Flávio Araújo, José Diniz, Keyla Sobral, Letícia Lampert, Marise Maués, Mateus Sá, Paula Sampaio, Renan Teles, Tiago Coelho e Tuca Vieira também exibirão seus trabalhos no espaço.
NO MUFPA
No ano em que comemora uma década de atuação, o Diário Contemporâneo traz para uma exposição todos que foram artistas que foram os convidados das edições anteriores.
Cláudia Leão, Dirceu Maués, Miguel Chikaoka, Luiz Braga, Walda Marques, Janduari Simões, Jorane Castro, Geraldo Ramos e Flavya Mutran retornam em uma coletiva que não se apresenta como retrospectiva, mas como uma outra leitura das suas visualidades.
PROGRAMAÇÃO
Os artistas premiados nesta edição Danielle Cavalcante, Julia Milward e Rodrigo José participarão de uma conversa com o público no dia 08 de agosto, às 19h, no MEP. Já no dia seguinte (09), o encontro será com os selecionados Bruno Zorzal e Claudia Tavares, no mesmo horário e local.
SERVIÇO:Diário Contemporâneo abre exposições em agosto. Datas: 06/08, às 19h, no Museu do Estado do Pará e 07/08, às 19h, no Museu da UFPA. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale. Informações: (91) 3184-9310; 98367-2400; diariocontemporaneodfotografia@gmail.com e www.diariocontemporaneo.com.br.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia realizou em 2018 a sua 9ª edição. “Realidades da Imagem, Histórias da Representação”, temática escolhida, teve como objetivo selecionar e premiar obras que propusessem uma reflexão ampla sobre a prática social por meio da arte e o fazer artístico como expressão histórica.
Toda produção artística está ligada ao seu tempo e aos seus autores, sendo assim uma expressão histórica desde já. Por mais que a fotografia tenha alcançado o patamar de arte, abraçando a ficção, ela nunca deixou de ter relação com o mundo real. O que mudou foi a forma de se relacionar. O que antes tinha a obrigação de ser a cópia fiel da realidade, hoje se apresenta como um recorte dela, um olhar, uma possibilidade sensível que convida para ao diálogo.
Os artistas narram o mundo em que vivem. Ao acolher as diversas ideias, grupos e debates, o projeto reforçou a potência da arte em resistir e de se fazer presente no que estar por vir.
O JÚRI
Rosely Nakagawa, arquiteta pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP/SP, integrou a comissão de seleção. Ela tem especialização em Museologia (USP) e em Semiótica da Comunicação (PUC/SP), além de atuar como curadora independente. Rosely inaugurou a programação da 9ª edição do com a conversa “Trajetória da curadoria de fotografia brasileira”, na qual falou sobre seu trabalho com os artistas da fotografia e sobre a valorização da atividade curatorial como um campo de reflexão sobre arte. Ela ainda realizou o workshop “O livro como território de criação”.
Walda Marques também fez a seleção dos trabalhos. Ela iniciou na fotografia em 1989, nas oficinas de Miguel Chikaoka, trabalhou com maquiagem para teatro e televisão e, em 1992, fundou o estúdio W.O. Fotografia, em parceria com Octavio Cardoso. Walda foi a artista convidada da 4ª edição do projeto.
A mestre e doutora em Artes Visuais pelo PPGAVI do Instituto de Artes da UFRGS, com pesquisas sobre arquivos fotográficos e compartilhamentos de imagens via web, Flavya Mutran, finalizou a banca.
ARTISTA CONVIDADA
Flavya Mutran, que atualmente é professora do Departamento de Design e Expressão Gráfica na Escola de Arquitetura da UFRGS, em Porto Alegre (RS), onde vive desde 2009, foi a artista convidada da 9ª edição.
Redes, tecnologia, globalização. A internet se tornou uma grande enciclopédia virtual e a artista mergulhou nela em pesquisas que tem como foco desde a figura humana até o “apagamento” desta. Flavya apresentou trabalhos conhecidos como EGOSHOT, BIOSHOT e DELETE.use reunidos na mostra “Lapso”. Além disso, o público pôde conhecer mais sobre os seus processos em uma conversar realizada no Museu da UFPA.
PREMIADOS E SELECIONADOS
Pelo segundo ano consecutivo o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia apostou na residência artística. Dois dos seus três prêmios foram concedidos neste formato.
O paraense Ionaldo Rodrigues conquistou o Prêmio Residência Artística São Paulo com a sua pesquisa “C Nova Feira”. Ele propôs uma instalação com fotografias que registram uma feira na Cidade Nova fotografada por alguém a serviço da Companhia de Habitação do Estado (COHAB). Memória, patrimônio, esquecimento e política foram trabalhadas em suas poéticas.
O paulista Ricardo Ribeiro levou o Prêmio Residência Artística Belém. Seu trabalho vencedor, “Puxirum”, é um projeto iniciado em 2016 e tem lugar em São Pedro, uma comunidade de 120 famílias nas margens do rio Arapiuns, oeste do Pará. Suas imagens proporcionaram uma sensação de vida em suspensão, por acontecer. Uma exploração deste tempo e espaço tão frequentemente habitados pelo ribeirinho e tão fugaz para a maioria dos demais.
O artista plástico paulista Edu Marin Kessedjian teve a sua instalação áudio-fotográfica “Abrigo” contemplada com o Prêmio Diário Contemporâneo. O trabalho faz referência à vida que acontece nos hotéis de alta rotatividade do ‘centro novo’ de São Paulo. São espaços baratos, no geral ocupados apenas por algumas horas, pelos motivos mais variados.
Foram selecionados ainda Ana Lira (PE), André Penteado (SP), Camila Falcão (SP), Élcio Miazaki (SP), Emídio Contente (PA), Fernando Schmitt (RS), Fernando de Tacca (SP), Gabriela Lima (RJ), Ivan Padovani (SP), João Castilho (MG), João Paulo Racy (RJ), José Diniz (RJ), Marcelo Kalif (PA), Marcílio Caldas Costa (PA), Marco Antonio Filho (RS), Maurício Igor (PA), Natasha Ganme (SP), Paulo Baraldi (SP), Pedro Clash (SP), Roberto Setton (SP), Sérgio Carvalho (PI), Thiéle Elissa (RS) e Tiago Coelho (RS). A convite da curadoria do projeto os artistas Armando Sobral (PA), Brenda Brito (PA), Lívia Aquino (CE) e Renata Aguiar (AM) também exibiram seus trabalhos no museu.
Na abertura da exposição também foi lançado o catálogo da coleção de fotografias do projeto.
VIDEOARTE
A novidade da edição foi a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto da artista e professora Elaine Tedesco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Dentro da exposição ainda houve a sessão “Ao lado dela, do lado de lá”, trazendo vídeos contemporâneos de mulheres artistas. A oportunidade de circulação trazida pelo Diário Contemporâneo permitiu a difusão das obras dos artistas e favoreceu o ambiente de reflexão sobre o vídeo.
Elaine também participou de uma conversa com o público de Belém. Em “Audiovisual Sem Destino – um projeto de vídeo no Brasil” ela falou sobre a estruturação do edital nacional que busca mapear o que se está pensando e produzindo em videoarte no país.
AÇÕES
Intitulada “Tempo para duvidar: por uma formação de espíritos livres”, a ação educativa da 9ª edição teve a coordenação de Rodrigo Correia. Ele convidou a fotógrafa e pesquisadora, Cinthya Marques, para realizar a curadoria educativa do projeto e o minicurso de formação de mediadores.
Em parceria com a Associação Fotoativa e o Projeto Aparelho, o projeto realizou a oficina “Um convite para [o] olhar”, com as crianças do Porto. Pelas ruas do entorno elas foram fotografando o que mais gostavam no lugar onde vivem. Duas saídas fotográficas foram realizadas, além de uma exibição particular do que foi produzido. O resultado foi compartilhado com o público em uma exposição dentro do mercado integrando o Projeto Circular Campina Cidade-Velha
Os artistas premiados na edição com as residências artísticas, Ionaldo Rodrigues e Ricardo Ribeiro, além de Lívia Aquino e Marisa Mokarzel, suas respectivas tutoras, participaram de uma conversa com o público de Belém sobre todo o processo.
A fotógrafa e artista visual pernambucana, Ana Lira, foi uma das selecionadas e, a convite do projeto, ministrou uma oficina para o público de Belém. “Entre-frestas” promoveu uma reflexão sobre os circuitos de criação, pensando no cotidiano como espaço de construção permanente. Ana também realizou a roda de conversa “Narrativas em presentificação: um diálogo com o projeto Terrane”, na qual contou sobre seu trabalho e história de vida, situando o público em seus percursos artísticos e pessoais que são constantemente entrelaçados.
A fotografia é uma ferramenta para evidenciar situações sociais e trazer questionamentos sobre a complexidade do contexto vivido. Foi com esse pensamento que o projeto convidou o professor Leandro Lage para debater “Imagem, Política e a Sobrevivência do Desejo”.
INSPIRAÇÃO
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inspirou pelo segundo ano consecutivo os estudantes da Escola de Ensino Médio e Fundamental Cornélio de Barros, do bairro da Marambaia, a contarem suas próprias histórias através da fotografia.
A 2ª Mostra Fotográfica “Retratos em Preto e Branco” contou com a participação de 70 estudantes do 1º ano do ensino médio e do 9º ano do ensino fundamental, dos quais 30 foram selecionados para expor no Teatro Estação Gasômetro. A iniciativa veio a partir de uma proposição do professor de artes José Carlos Silveira depois das visitas às exposições do Diário Contemporâneo.
O PROJETO
Em 2019, o Diário Contemporâneo comemora uma década de atuação. Ele se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.
A noite da última sexta-feira (18) foi marcada por uma “Conversa com Flavya Mutran”, artista convidada no 9º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, dentro da sua mostra individual “Lapso”, no Museu da UFPA. A programação teve mediação de Mariano Klautau Filho, curador do projeto.
A artista iniciou sua fala contando sobre o contexto do seu trabalho nos anos 90 e no grupo Caixa de Pandora (formado por Cláudia Leão, Flávia Mutran, Mariano Klautau Filho e Orlando Maneschy). Ela destacou a importância do trabalho fundamental da Associação Fotoativa já naquela época. “Na primeira oficina da Fotoativa eu já senti uma atração muito forte pelo trabalho de laboratório”, disse.
Porém, seu interesse sempre foi para além da fotografia, esta era apenas o pretexto das suas investigações. Daí que o trabalho do grupo com a “fotografia construída” veio ao encontro das suas buscas. “Eu sentia vontade de fazer montagens que não fossem só fotográficas, queria experiências com a fotografia para além do suporte dela”, explicou. O grupo produzia trabalhos que não cabiam no que estava sendo produzido naquela época em Belém. Usavam o vídeo, a fotografia construída e manipulações de formatos. “Cada um tinha sua linha individual, seu processo de pensamento, mas a gente compartilhava muito um com o outro”, lembrou.
Flavya atuou muito com a fotografia no jornalismo, pois trabalhou como editora de imagens para assessorias de comunicação pública e privada. Segundo ela, “a série Quase Memória, por exemplo, é muito feita das sobras do filme jornalístico e de fotos minhas de família que estavam apodrecendo. Então, de certa forma, a jornalista sustentava a artista”. Após muitos anos na área da comunicação, o surgimento da especialização em artes visuais na UFPA a fez retornar o olhar para a pesquisa acadêmica e para o seu trabalho pessoal.
O pretexto da fotografia e a necessidade de reflexão foram essenciais para a realização da exposição “Lapso”, que já vem das pesquisas de mestrado e doutorado da artista. “Na abertura da exposição eu vi coisas que, nas outras vezes que apresentei esses trabalhos, não havia percebido. Eu nunca havia mostrado desta forma, inclusive”, observou.
Ela apresentou as séries que compõem a mostra e trouxe os questionamentos: “como que as imagens estão circulando?”, “as imagens estão sempre associadas ao seu autor?”, “como que as pessoas se apropriam disso?”. Flavya comentou sobre o desaparecimento e o apagamento natural da história. A artista abraça a efemeridade e a obsolescência das imagens. “Lapso é assumir o erro, é um tempo de respiro”, finalizou.
VISITAÇÃO
A exposição “Realidades da Imagem, Histórias da Representação” exibe os trabalhos premiados, selecionados e participações especiais da 9ª edição do Diário Contemporâneo. As obras ficam no Museu do Estado do Pará – MEP. Além disso, o Museu da UFPA recebe a mostra individual “Lapso”, com trabalhos de Flavya Mutran, artista convidada e a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto de Elaine Tedesco. A visitação segue até dia 15 de julho.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática.
As mostras da 9ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia foram oficialmente abertas nos dias 16 e 17 deste mês no Museu do Estado do Pará e Museu da UFPA, respectivamente. Estiveram presentes artistas e pesquisadores locais e de outros estados do país, além de representantes dos realizadores e parceiros do projeto.
No MEP, a exposição “Realidades da Imagem, Histórias da Representação” exibe os trabalhos premiados, selecionados e participações especiais da nona edição. “O tema tem a ver como o papel da arte e a necessidade da expressão livre. É uma provocação que nós deixamos aos artistas para que pensem qual o seu papel dentro da sociedade e qual é o papel do seu trabalho, especificamente, em relação ao contexto de onde ele vem”, disse Mariano Klautau Filho, curador do projeto.
O Diário Contemporâneo é uma oportunidade de descentralização do debate sobre fotografia. Assim, muitos dos artistas selecionados vêm, de maneira espontânea, para a capital paraense afim de estarem presentes nas aberturas das mostras e nas conversas sobre arte. Mariano ressaltou também que esta foi a primeira vez em que a comissão de seleção esteve totalmente presente na abertura da mostra para poder ver, na parede, os trabalhos por ela escolhidos. Walda Marques, Rosely Nakagawa e Flavya Mutran formaram o jurí deste ano. “Uma comissão feminina de grande poder”, frisou o curador.
Lívia Amaral, Gerente de Comunicação da Vale, disse que “temos muito orgulho de fazer parte desse prêmio desde a sua primeira edição. Ao longo dos anos essa iniciativa consagrou artistas, revelou novos talentos em todo o Brasil e eternizou a produção fotográfica desses profissionais”.
Camilo Centeno, diretor do Grupo RBA, agradeceu a acolhida no MEP e o apoio da Vale nestes nove anos. Em sua fala ele observou que o projeto se tornou um dos maiores prêmios de fotografia do Brasil e ressaltou a programação formativa do Diário Contemporâneo. “O projeto tem um outro sentido que é o sentido social e que a gente sempre preserva. Diariamente as turmas escolares vem conhecer as exposições. No ano passado nós tivemos mais de cinco mil crianças conhecendo as mostras e os museus. Este ano a nossa meta é ultrapassar isso”.
Sobre o MEP, Mariano destacou que “este museu nos ajuda muito a pensar a narrativa da exposição e a gente conseguiu construir muito as obras em conjunto”. Sergio Melo, diretor do espaço, ressaltou que “o museu é uma casa permanente de diálogo. Ele é um espaço que pertence a todos e deve ser aproveitado da melhor maneira possível para dar conta da diversidade de expressões”.
NO MUFPA
No dia seguinte foi inaugurada no Museu da UFPA a mostra “Lapso”, de Flavya Mutran, artista convidada e a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto da artista e professora Elaine Tedesco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na ocasião foi lançado o catálogo da coleção de fotografias do projeto, “uma reunião das obras e artistas que compõem a coleção que o projeto instituiu em 2016”, explicou Mariano.
Jussara Derenji, diretora do MUFPA, destacou em sua fala a continuidade da parceria. “São nove anos. O projeto começou aqui neste museu e continua aqui nele. É uma parceria que nos é muito cara”. Ela ainda observou sobre as dificuldades que a cultura vive no país e louvou iniciativas como o Diário Contemporâneo que atuam em prol dela.
Em uma fala emocionada, Flavya disse que “para mim, foi um prêmio duplo poder participar do grupo que fez a seleção e ser a convidada desta edição. Aqui tem um projeto totalmente novo. Para mim, é o meu prêmio de residência pois foi desenvolvida toda uma dinâmica do olhar. Este projeto tem uma característica diferente de outros formatos, que é não ser um fim e sim, um meio de valorizar a produção e a reflexão de fotografia a partir de Belém. Os desdobramentos que ocorrerão nos próximos meses com os artistas, os visitantes e as escolas são importantíssimos”.
O segundo andar do MUFPA é sempre dedicado à projetos e mostras convidadas. Ao ver o projeto de Elaine Tedesco, Mariano não teve dúvidas. “O projeto tem catalisado uma produção em vídeo vinda de todas as regiões do Brasil. Eu achei muito interessante trazer essa produção porque lá é um edital no extremo Sul e nós estamos aqui no extremo Norte”.
VISITAS
A visitação das mostras segue até dia 15 de julho.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática.
A artista convidada deste ano é Flavya Mutran, que exibe no Museu da UFPA a mostra “Lapso” com trabalhos como EGOSHOT, BIOSHOT e DELETE.use apresentados em um recorte inédito. A artista participa hoje (18) de uma conversa com o público. A programação será às 19:30h, no MUFPA, com entrada franca.
As pesquisas de Flavya sobre arquivos fotográficos e compartilhamentos de imagens via web dialogam diretamente com “Museus hiperconectados: novas abordagens, novos públicos”, temática da 16ª Semana Nacional de Museus, que traça paralelos entre a nossa realidade digital e os desafios e oportunidades trazidos por ela para dentro do espaço museal.
No encontro ela compartilhará com os presentes a sua trajetória bem como seus estudos mais recentes.
SOBRE A ARTISTA
Mestre e doutora em Artes Visuais pelo PPGAVI do Instituto de Artes da UFRGS, com pesquisas sobre arquivos fotográficos e compartilhamentos de imagens via web, Flavya Mutran, atualmente é professora do Departamento de Design e Expressão Gráfica na Escola de Arquitetura da UFRGS, em Porto Alegre (RS), onde vive desde 2009.
Flavya integrou a comissão de seleção do 9º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.
O PROJETO
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática.
SERVIÇO:Conversa com Flavya Mutran ocorre hoje. Data: 18 de maio, às 19:30h. Local: Museu da UFPA (Av. Governador José Malcher – esquina com Generalíssimo Deodoro). Entrada franca. Informações: (91) 3184-9310; 98367-2468; diariocontemporaneodfotografia@gmail.com e www.diariocontemporaneo.com.br.
A programação de abertura da 9ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia converge com a 16ª Semana Nacional de Museus. No dia 15, às 19h, no Museu do Estado do Pará, ocorrerá a conversa “Trajetória da curadoria de fotografia brasileira”, com a curadora e pesquisadora, Rosely Nakagawa. Ela conversará com o público sobre seu trabalho com os artistas da fotografia e sobre a valorização da atividade curatorial como um campo de reflexão sobre arte. Na sequência as mostras serão inauguradas no dia 16 de maio, às 19h, no MEP e no dia seguinte (17), às 19h, no Museu da UFPA. Todas as programações têm entrada franca.
Com o tema “Realidades da Imagem, Histórias da Representação”, o Projeto selecionou e premiou obras que propuseram reflexões amplas sobre a prática social por meio da arte e o fazer artístico como expressão histórica.
A mostra do MEP exibirá os trabalhos premiados de Ionaldo Rodrigues (PA), Ricardo Ribeiro (SP) e Edu Marin (SP), os dois primeiros contemplados com residências artísticas em São Paulo e Belém, respectivamente. Além dos selecionados Ana Lira (PE), André Penteado (SP), Camila Falcão (SP), Élcio Miazaki (SP), Emídio Contente (PA), Fernando Schmitt (RS), Fernando de Tacca (SP), Gabriela Lima (RJ), Ivan Padovani (SP), João Castilho (MG), João Paulo Racy (RJ), José Diniz (RJ), Marcelo Kalif (PA), Marcílio Caldas Costa (PA), Marco Antonio Filho (RS), Maurício Igor (PA), Natasha Ganme (SP), Paulo Baraldi (SP), Pedro Clash (SP), Roberto Setton (SP), Sérgio Carvalho (PI), Thiéle Elissa (RS) e Tiago Coelho (RS). A convite da curadoria do projeto os artistas Armando Sobral (PA), Brenda Brito (PA), Lívia Aquino (CE) e Renata Aguiar (AM) também exibirão seus trabalhos no museu.
NO MUFPA
A artista convidada deste ano é Flavya Mutran, que exibirá no Museu da UFPA a mostra “Lapso” com trabalhos como EGOSHOT, BIOSHOT e DELETE.use apresentados em um recorte inédito. Suas pesquisas sobre arquivos fotográficos e compartilhamentos de imagens via web dialogam diretamente com “Museus hiperconectados: novas abordagens, novos públicos”, temática da 16ª Semana Nacional de Museus, que traça paralelos entre a nossa realidade digital e os desafios e oportunidades trazidos por ela para dentro do espaço museal. Na abertura da exposição também será lançado o catálogo da coleção de fotografias do projeto.
A novidade desta edição será a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto da artista e professora Elaine Tedesco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Dentro da exposição há a sessão “Ao lado dela, do lado de lá”, trazendo vídeos contemporâneos de mulheres artistas. Segundo Elaine, a oportunidade de circulação trazida pelo Diário Contemporâneo “permite a difusão da obra dos artistas, amplia a possibilidade de inserção do audiovisual em diferentes contextos culturais e favorece o ambiente para a reflexão sobre o vídeo feito por artistas na atualidade”. Os vídeos serão exibidos no andar superior do Museu da UFPA.
PROGRAMAÇÃO
Na sequência, o Projeto realizará no dia 18 de maio, às 19:30h, no MUFPA, uma “Conversa com Flavya Mutran”. A entrada será franca.
SERVIÇO: Diário Contemporâneo abre exposições na Semana Nacional de Museus. Datas: 16 de maio, às 19h, no Museu do Estado do Pará (Praça D. Pedro II, s/n. – Cidade Velha) e 17 de maio, às 19h, no Museu da UFPA (Av. Governador José Malcher – esquina com Generalíssimo Deodoro). Entrada franca. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática. Informações: (91) 3184-9310; 98367-2468; diariocontemporaneodfotografia@gmail.com e www.diariocontemporaneo.com.br.
Mestre e doutora em Artes Visuais pelo PPGAVI do Instituto de Artes da UFRGS, com pesquisas sobre arquivos fotográficos e compartilhamentos de imagens via web, Flavya Mutran, atualmente é professora do Departamento de Design e Expressão Gráfica na Escola de Arquitetura da UFRGS, em Porto Alegre (RS), onde vive desde 2009.
Ela integrou a comissão de seleção do 9º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia do qual também é artista convidada. Trabalhos conhecidos como EGOSHOT, BIOSHOT e DELETE.use serão apresentados na mostra “Lapso”.
Na entrevista a seguir, Flavya conversa sobre a sua relação com a fotografia e com o nosso mundo mediado por imagens.
Seus trabalhos abordam muito a questão da fotografia como elemento construtor de memorias. Seriam as fotografias as histórias da representação?
De certa forma sim, já que de um jeito ou de outro, fotografias acabam representando alguma coisa ou alguém, certo? Se pensarmos em fotografias como aquilo que opera com a nossa noção de tempo, de espaço, de escala, e de tantas outras formas de presentificações, então elas são mesmo empreendimentos memoráveis. Aliás, essa é uma maneira ótima de olhar para fotografias: ter a devida consciência de que elas não são testemunhas fiéis dos acontecimentos, ainda que teimosamente a gente adore se deixar enganar por elas.
Fotografias e fotografados representam, apresentam, inventam. Tem sido assim desde o princípio da História da Fotografia.
A internet se tornou uma grande enciclopédia virtual e você mergulhou nela em pesquisas que tem como foco desde a figura humana até o “apagamento” desta. O que te levou a investigar esse assunto?
Se para alguns a fotografia enquanto linguagem, miniaturizou e transformou o mundo numa versão portátil, a internet é sua plataforma de embarque e desembarque. Ela tem sido o ponto de partida dos meus últimos trabalhos não apenas pelo viés enciclopédico, mas principalmente porque parte da metodologia de acesso aos canais da rede envolve algum tipo de relação PALAVRA + IMAGEM e isso sim move meu trabalho.
Foi da relação de interdependência entre texto e fotos, que comecei a olhar como as pessoas se comportam e como transformam a si mesmas em lugares, IPs localizáveis de várias partes do mundo.
Mapear endereços virtuais e fotografar essas autorrepresentações, para mim, é quase o mesmo que fazer uma viagem para algum território diferente do meu sem, no entanto, precisar que eu tire os pés de casa.
Assim, o melhor da interdependência palavra-imagem na web é a possibilidade de construir relações de sentido diferentes para uma mesma imagem, alterar os pontos de observação sem mudar o ponto de vista inicial do fotógrafo precursor de determinada cena. Gosto de pensar que criar apagamentos ou sobreposições de elementos visíveis em fotografias do passado são alternativas de futuro para narrativas tidas como encerradas. É como se eu convidasse outros olhares para atuar em novas fábulas em cenários já conhecidos.
Atualmente vivemos em um mundo com o qual nos relacionamos através das imagens, mas, ao mesmo tempo, também nos fazemos presentes produzindo conteúdo visual diariamente. Qual seria então o papel cultural da fotografia para você?
Segundo Paul Ricoeur, nossa relação com o tempo é feita da mistura entre o histórico e o ficcional. Nesse sentido, o imaginário é fundamental pois a ficção de certa forma é também histórica, inerente a todos nós. A fotografia, cada vez mais acessível e democrática, é uma riquíssima linguagem para construção do imaginário, seja factual, histórico ou ficcional, certo? Através dela é possível criar discursos que misturam vivências e vocabulários pessoais com repertórios e dinâmicas coletivas, e é daí seu papel cultural tão relevante. Cada um de nós pode assumir-se como fotógrafo e, portanto, como narrador. A fotografia, então é esse canal (auto) discursivo. Este, aliás, é o mote que o Mariano Klautau Filho criou para o edital dessa edição do Prêmio, “Realidades da Imagem, Histórias da Representação”, testando e talvez atestando em que medida a fotografia está a serviço dos dois extremos do imaginário contemporâneo.
Em muitos dos seus trabalhos há o uso de suportes diferentes como vídeo, gravura, instalação, entre outros. Eu percebo todos eles como desdobramentos a partir da fotografia. É correto afirmar isso? Por que?
Sim, todo suporte que eu adoto como meio deriva de uma matriz fotográfica. Sou uma legítima representante da espécie HOMO PHOTOGRAPICUS, descrita por Michel Frizot como aquele tipo de criatura que aprendeu a ver e se expressar através de lentes. Mas para ser bem honesta, a fotografia como meio apenas não basta. Nunca bastou para mim. Ela sempre foi rápida demais enquanto ferramenta de produção de imagem, daí que nunca me dei por satisfeita de encerrar assuntos depois do disparo da câmera. Sempre procurei entender o tempo de maturação da imagem após a captura, seja no laboratório químico, escavando negativo, criando camadas sobre o papel ou transferindo imagem para tela ou metal. Tudo procurando uma maneira de permanecer no campo das maquinações da imagem.
Como você enxerga a nossa relação atual com as imagens? Há quem diga que vivemos uma saturação de selfies, mas não seriam elas tentativas de autoconhecimento?
A principal atração que fisga nossa atenção na web é a imagem. Fotografias e vídeos são as iscas perfeitas para aumentar o tempo de navegação. É a partir de imagens que nos colocamos diariamente à mercê de um sistema codificado que regula todo e qualquer tipo de trânsito de informação em rede, mesmo que a maioria de nós sequer saiba quais são as implicações reais desse vínculo. Não é à toa que o termo mais adequado para definir nosso papel na web seja o de USUÁRIO, tão próximo ao consumo de drogas, justamente porque imagem alicia, vicia, pode causar dependência.
Não dá para saber em que medida o excesso de imagens ao qual somos constantemente bombardeados atrapalha ou contribui para o nosso autoconhecimento. Fato é que desde a popularização dos dispositivos móveis de acesso à internet as fronteiras entre o espaço público e o privado sofreram grandes rupturas. A partir da época da chamada WEB 2.0, lá pelo início dos anos 2000, o ego humano parece ter se agigantado dando o tom das relações objetivas e subjetivas que tratam do local e do global na cena contemporânea. Cada dia fica mais claro que, por trás das páginas pessoais, há muitos interesses corporativos das grandes empresas que financiam as redes gratuitas da internet escusos nos algoritmos que lhes constituem.
Se hoje o meio virtual é o guardião de nossas histórias mais secretas e da nossa imagem mais pública, que preço pagaremos pela guarda consignada da nossa memória? Quem nos assegura que no futuro teremos acesso fácil aos nossos arquivos pessoais de textos e imagens que estão online? Será que mantê-los e acessá-los ainda será gratuito? Na falta de máquinas que decodifiquem esses algoritmos, quem garante que seremos capazes de lembrar do nosso tempo e das muitas versões digitais das nossas fotos, textos, sons, entre outros?
O que você anda pesquisando atualmente?
Só duas coisas atualmente atraem minha atenção e curiosidade: as fotos da Curiosity Rover da NASA e uma vontade enorme de um dia cruzar com o carro do Google Street View!
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional realizado pelo jornal Diário do Pará com apoio da Vale, colaboração da SOL Informática e apoio institucional do Museu do Estado do Pará – MEP, do Sistema Integrado de Museus/Secult-PA e do Museu da UFPA.