A 11ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia está repleta de novidades inauguradas neste novo ciclo, uma delas é a formação de uma comissão cientifica para, com Mariano Klautau Filho, curador geral do projeto, discutir e propor as linhas que irão nortear as temáticas tratadas em sua programação de debates. O comitê é constituído pelos artistas Heldilene Reale, Ceci Bandeira e Sávio Stoco.
A programação será organizada a partir de três eixos: “Curadorias compartilhadas e arte hacker: pensando os limites da instituição de arte”, sob o comando de Ceci Bandeira; “Superfícies da Imagem: estamos mergulhando?”, coordenado por Heldilene Reale e “Arquivo, documento e documentário”, comandado por Sávio Stoco. Os membros do comitê atuarão como mediadores das falas propostas por eles. Nesta 11ª edição, todos os encontros e ações formativas serão realizados via plataforma virtual com o objetivo de evitar aglomerações e ampliar o acesso aos debates. À programação proposta pelo comitê, se somarão os encontros e conversas com artistas mediados pela curadoria geral, já realizadas ao longo das edições do projeto.
OS EIXOS
Ceci Bandeira foi selecionada na 10ª edição do Diário Contemporâneo e, além de expor seu trabalho no Museu do Estado do Pará, também realizou ações em comunidades trazendo elas para dentro do espaço do museu e, na sequência, desenvolvendo atividades educativas em suas sedes.
Com o eixo “Curadorias compartilhadas e arte hacker: pensando os limites da instituição de arte”, a artista propõe “pensar quais maneiras de superarmos os limites dos museus, progressivamente, construindo pontes onde ainda existem muros, ou melhor, fazer com que o museu, fortalecido como bem público e como instituição dinâmica exerça o seu papel comunitário. Dentre as possibilidades de expansão, propomos focar no aprendizado que as redes tecnológicas criadas por artistas emergentes – marginais, portanto, por se articularem à margem do circuito de arte – podem nos proporcionar. Ao discutir conceitos como artista hacker e afrofuturismo pretende-se aguçar a reflexão sobre quais transgressões estão em jogo, quais mecanismos são possíveis para romper os limites que distanciam os museus de suas comunidades dentro de um contexto de uma nova era tecnológica”, explicou.
Também na 10ª edição, Heldilene Reale integrou a comissão de seleção do Diário Contemporâneo. Com o eixo “Superfícies da Imagem: estamos mergulhando?”, ela observou temas como hegemonia e superficialidade do discurso. “Simbologias nas redes sociais são criadas para legitimar um discurso. Imagens e discursos intensamente compartilhados. No entanto, cabe a pergunta se há um mergulho no discurso do que a imagem apresenta ou estamos utilizando-a em função de um modismo? Percebe-se que os discursos e a forma como nos comunicamos com eles apresentam-se com uma necessidade de serem repetidos e visibilizados. Em meio à pandemia, em situações políticas adversas e perversas, há a profusão de imagens que, mesmo diferentes, carregam o mesmo discurso”, refletiu.
Em 2016, ano do lançamento da Coleção de Fotografias do Diário Contemporâneo, Sávio Stoco veio a Belém participar da programação do projeto e lançar o livro “Fotografia Contemporânea Amazônica – Seminário 3×3”. Para a programação desta 11ª edição, ele propôs o eixo “Arquivo, documento e documentário” que observa as imagens passadas e as atuais. “A imposição desse presente tecnológico e a sua intensa circulação de imagens nos conduzem à pertinência e urgência de se pensar os acervos de imagens remanescentes pelas gerações passadas, no caso tanto de instituições como de domínios particulares. Tão importante quanto projetar um futuro para a preservação de tais patrimônios, deve-se refletir sobre a profusão de imagens que nossa época tem nos estimulado (e nos viciado) a criar. Dinâmica da qual faz parte os esquecimentos quase repentinos e quase naturais desses registros vários”, finalizou.
O COMITÊ
Heldilene Reale é Doutora em Artes (UFMG) e Mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura (UNAMA). Sua trajetória artística desenvolvida desde 2005, vincula um processo que envolve aspectos da memória, patrimônio, narrativas orais, percursos de viagens e conflitos na Amazônia, utilizando multilinguagens. Atualmente atua como artista, pesquisadora e realiza curadoria na galeria do espaço cultural Candeeiro.
Ceci Bandeira é mestra em Artes pela Universidade Federal do Pará (UFPA), possui experiência em arte-educação e mediação cultural de exposições em museus e galerias de arte. Integra o coletivo Nacional TROVOA como curadora independente e articuladora do Estado do Pará, através deste realizou a curadoria das exposições Quieto como É Mantido (Belém/2019) e Amafro – Arte de Mulheres Afroamazônidas (Belém/Virtual/2020).
Sávio Stoco é professor do curso de Arte Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA). Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNICAMP. Direciona sua pesquisa no campo da História da Arte, se atendo atualmente ao repertório de produções artísticas/visuais amazônicas na interface com a ecologia.
>>> INSCREVA-SE NO NOSSO CANAL NO YOUTUBE
PROGRAMAÇÃO
A programação formativa desta 11ª edição inicia nesta sexta-feira (30), com o Encontro com Rosely Nakagawa, curadora convidada da mostra Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos. A fala da Rosely será um relato sobre a concepção curatorial da mostra e seu processo de produção e realização. A programação terá a mediação de Mariano Klautau Filho e será às 19h, no canal do YouTube do projeto.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar. Informações: (91) 98367-2468 e educativopremiodiario@gmail.com.