Os diálogos familiares de Melvin Quaresma

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Em Diálogos familiares, Melvin Quaresma fotografa a casa da avó materna em todas as viagens que faz até Belém, sua terra natal. Tornaram-se personagens da série suas primas e primos, que agora brincam, convivem e crescem num espaço que também foi pátio de sua própria infância.

O artista foi selecionado para a mostra Vastas Emoções e Pensamento Imperfeitos.

Melvin Quaresma. Foto: Irene Almeida

Confira o seu depoimento:

Quando comecei a fotografar, isso por volta de 2012, eu percebi que gostava muito de fotografar pessoas, mas, ao mesmo tempo, eu sou muito tímido. Eu experimentei muito, mas o que mais gostei de fotografar era exatamente aquilo que eu tinha mais dificuldade: gente. Foi aí que comecei a fotografar a minha própria família.

Eu sou paraense, mas quando iniciei na fotografia já morava no Sul. Então, quando eu vinha visitar a minha família aqui, via que era um lugar em que eu estava sempre muito à vontade, pois era na casa da minha avó, que é o lugar onde eu cresci, com todas as pessoas que conheço.

Eu fui exercitando a minha fotografia assim e ela foi chegando em um ponto muito de saudade mesmo, de fotografar a infância dos meus primos como se estivesse fotografando a minha própria infância, fotografando lembranças muito fortes que eu tenho. Fui fazendo fotografia com esse sentimento de pertencimento em um lugar que também é muito meu, que é a casa 913, a casa da minha avó.

Nesse trabalho que está no Diário Contemporâneo, eu conversei com as minhas primas sobre várias fotos que eu tinha feito ao longo desses anos. Nós entramos em assuntos sensíveis, engraçados, tristes e em outros bem do tipo conversa de primo mesmo. 

Assim, se criou uma outra coisa que são as fotos junto das conversas. Eu deixei o gravador rodando, então ele gravou horas de papo.

Eu acho que as conversas transformaram tudo o que eu já tinha feito para caminhos que jamais poderia imaginar. Depois que as minhas primas me dizem algo sobre a foto, a imagem não é mais só uma foto, ela se transforma na mistura do que ela representa para cada um de nós.

Ressignificamos várias imagens juntos.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE.

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Suely Nascimento nos convida a adentrar a Casa de Marlene

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Nestes últimos meses, a casa adquiriu um significado mais forte para todos. Até aqueles que a tinham como um lugar de dormir se viram nesta situação de introspecção e tiveram que ressignificá-la como um lugar de estar. A casa sempre teve uma força na vida de Suely Nascimento. A paraense conquistou o Prêmio Residência Artística Recife na 11ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia com a fotoinstalação A casa de Marlene – A cozinha, um fragmento da pesquisa desenvolvida para o seu doutorado.

Suely Nascimento na fotoinstalação “A casa de Marlene – A cozinha”. Foto: Irene Almeida

Confira o depoimento da artista:

Eu tenho uma relação forte com a casa. É nessa casa aí em que eu nasci e que eu vivi até os 44 ou 46 anos. Ela é a casa da minha mãe, uma casa construída pelo meu avô. Foram várias gerações morando nela. Lá é uma casa cheia de conversas, de falas, então isso permeou toda a minha vida. 

Quando teve um período de saúde da minha mãe bem delicado, eu senti vontade de registrar a casa, só ela, sem as pessoas. Eu queria, bem dentro de mim, que ficasse registrado o jeito que ela ajeitava na casa. Olhando agora, é a casa da mamãe, ali estão todas as coisas dela.

Depois de um tempo, vendo e lendo sobre memória na academia, pois eu levei esse projeto para dentro da academia, eu entendi que a casa sou eu. Cada um de nós é uma casa.

A gente vai para tanto lugar… Eu levo a casa da minha mãe dentro de mim e, ao mesmo tempo, eu sou uma casa, eu sou essa fotoinstalação que também ativa a nossa memória para pensar em outras coisas.

Quando veio o edital do Diário Contemporâneo eu estava naquela quarentena fechadona, a mais rígida e pensei se me inscrevia ou não. Todo dia eu montava alguma coisinha. Essa proposta eu apresentei no segundo semestre de 2019 dentro da sala de aula, só que foi uma situação completamente diferente. A gente não estava na pandemia, eu fiz uma projeção, usei a mesa da professora com uma toalha antiga da minha mãe. Aí houve toda uma conversa com os colegas em que falamos sobre casa, sobre mãe, sobre vó e essa vivência me chamou atenção.

A artista e sua obra durante a montagem da 11ª edição. Foto: Irene Almeida.

Quando eu me inscrevi, como eu tava no momento da quarentena do lockdown, isso estava muito forte dentro de mim. Eu estava dentro de uma casa da qual eu não podia sair, então essa proposta da mesa do café é interessante porque era uma coisa que não se podia fazer naquele momento bem forte da quarentena. O encontro da família, as falas, toda essa vivência que é um falatório, tudo isso estava cerceado. Nós estávamos todos dentro das nossas casas individuais e coletivas, mas essa grande vivência com as pessoas e com a grande família em que todo mundo se unia não podia.

Então, era o momento de reflexão, um momento de só se pensar nestes encontros e no que nos é nutritivo porque isso tem a ver com alimento. Se nutrir e nutrir o outro. Qual é a comida que nos nutre? Não é uma comida física, é um alimento invisível.

Todos estes questionamentos me passaram pela cabeça no momento em que eu estava construindo essa proposta.  

Agora, para a residência, a proposta é que a gente se afaste um pouco do lugar onde mora para também pensar um pouco sobre o nosso trabalho. Em Recife eu passei alguns dias, mas nunca morei lá. 

A minha ideia é, se for possível, realizar lá um dos cafés. Na verdade, não é um café, é uma vivência, um encontro em que vamos falar da construção deste processo criativo todo e possibilitar a interação. Para mim, é muito importante essa interação com o outro, com a pessoa que vê, que está em um outro lugar mas também vivencia. Eu acho que vai ser muito rica essa experiência  

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Suely Nascimento fará a sua residência artística em Recife sob a orientação de Ana Lira em 2021.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE. 

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Diário Contemporâneo abre inscrições para oficina com Ana Lira

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A fotógrafa e artista visual pernambucana Ana Lira foi uma das selecionadas na 9ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia e, a convite do projeto, ministrará uma oficina para o público de Belém. “Entre-frestas” visa promover uma reflexão sobre os circuitos de criação, pensando no cotidiano como espaço de construção permanente. A ação formativa ocorrerá de 03 a 07 de julho, das 16 às 20 horas, na Associação Fotoativa. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até dia 28 de junho pelo site www.diariocontemporaneo.com.br. As vagas são limitadas.

Foto: Ana Lira

A experiência de formação foi pensada para ser compartilhada com fotógrafos, artistas visuais, designers, ilustradores, arte-educadores, estudantes, pesquisadores e qualquer pessoa que tenha interesse em desenvolver seus processos criativos.

Segundo Ana, “por meio de vivências e discussões, o meu objetivo é colaborar na investigação de trajetórias criativas individuais e coletivas dos participantes. Isso inclui tanto debruçar um tempo sobre si mesmo e as iniciativas que consideram interessantes em suas caminhadas, quanto observar com mais cautela projetos sem conclusão, rascunhos, ideias vagas e outras formas de produção abandonadas. Revisão de processo criativo como estratégia para criar novas rotas”, explica.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

  • Processo de criação I: uma reflexão sobre percursos individuais
  • Revisão de percurso como ferramenta de trabalho
  • Processos Inacabados I: identificando projetos possíveis
  • Processos Inacabados II: estratégias de articulação de projetos a partir de rascunhos de ideias
  • A produção de imagem como experiência de articulação de processo
  • Diário Gráfico e o espaço de elaboração da pesquisa
  • A criação como prática de reflexão territorial
  • Criação, redes e articulações
Processo da oficina. Foto: Ana Lira

SOBRE A ARTISTA

Ana Lira é especialista em Teoria e Critica de Cultura e, nos últimos anos, também desenvolveu trabalhos de pesquisa independente, curadoria e projetos educacionais articulados com projetos visuais. Atualmente desenvolve a pesquisa do projeto Terrane (selecionado no 9º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia), uma narrativa visual construída com as mulheres pedreiras do semiárido brasileiro, a partir da experiência da Casa da Mulher do Nordeste.

SERVIÇO: Diário Contemporâneo promove oficina com Ana Lira. As inscrições são feitas pelo site www.diariocontemporaneo.com.br até 28 de junho. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática. Informações: Rua Gaspar Vianna, 773 – Reduto. Contatos: (91) 3184-9310; 98367-2468; diariocontemporaneodfotografia@gmail.com e www.diariocontemporaneo.com.br.