A criatividade nas lutas da arte em palestra de Isabel Gouvêa

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Abrindo formalmente a programação da 10ª edição, a fotógrafa Isabel Gouvêa realizou a palestra “Lutas criativas no campo da arte: As experiências da Bahia no Prêmio Pierre Verger e no Programa Kabum! de Arte e Tecnologia”. O encontro com o público ocorreu na última segunda-feira (24), no Museu da UFPA.

Foto: Irene Almeida

O público lotou o espaço para ouvir as experiências da artista com as duas diferentes instituições culturais. Ela apresentou a ONG CIPÓ-Comunicação Interativa e o seu desejo de transformação social. “Além de desenvolver os jovens, a gente sempre trabalhou a produção. Tudo o que a gente produzia, nós demos em retorno para a escola pública”, disse.

Sentimento de pertencimento e transformação dos sentidos. Foi o que ocorreu durante os 12 anos em que a Cipó realizou o Programa Kabum! de Arte e Tecnologia, para a formação de jovens de comunidades populares. Ela contou que “quando os jovens chegavam para iniciar uma nova turma, parecia que eles não tinham nenhuma identificação com o lugar de onde eles vinham”. Assim, uma das primeiras ações foi torná-los pesquisadores e conhecedores da sua cultura.

O mapeamento dos carrinhos de café, tradicionais na Bahia, foi um projeto de sucesso. Design, cultura e sustentabilidade estavam presentes em um objeto que simbolizava a criatividade e a inventividade dos anônimos em oposição ao design industrial. “É a necessidade versus o desejo forçado”, afirmou.

Outro tópico abordado foi o Prêmio Pierre Verger, nascido de uma lei e que não dialogava com a comunidade fotográfica local e nem dava retorno artístico, social e cultural ao estado. O Prêmio passou por diversas reformulações que foram fruto das lutas constantes. Em um certo momento existiu a possibilidade da sua não realização e Isabel contou que “mesmo a gente tendo críticas ao modelo, a gente lutou por ele”.

Ao fazer um paralelo entre a fotografia da Bahia e a do Pará ela não deixou de notar que só recentemente a articulação e o trabalho em grupo dos artistas do seu estado se fortaleceu.

Público vendo as publicações trazidas por Isabel. Foto: Irene Almeida

Criatividade, bom humor e persistência foram as ferramentas usadas, o que resultou, inclusive, na adesão da população à luta. “A gente usa pouco, a gente podia usar mais esse potencial criativo de se comunicar com o imaginário da população”, ressaltou.

Sua fala deu uma revigorada nos artistas locais ao comentar sobre os aspectos da luta do movimento em defesa da Casa das 11 Janelas. “Essa coisa de ninguém larga a mão de ninguém tem que reverberar na nossa energia para trazer a virada neste momento crítico em que nós vivemos”, comentou o fotografo Miguel Chikaoka.

Isabel também trouxe publicações que foram resultados de diferentes projetos que ela participou e deixou a disposição do público para conhecer.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

Uma década dedicada à fotografia

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Em 2019 o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia comemora uma década de atuação. O edital já foi lançado e as inscrições seguem abertas até 13 de junho sendo realizadas somente pelo site www.diariocontemporaneo.com.br.

Em 2010, na sua estreia, o projeto propôs o tema Brasil, Brasis a partir das diversas identidades contemporâneas que constituem o país. Já em 2014 a temática foi livre e agora, neste ano, o Diário Contemporâneo quer fazer um encontro renovado entre estas edições e propor a livre experimentação artística ao se pensar sobre as transformações que exprimem o país de hoje.

C Nova Feira, de Ionaldo Rodrigues, premiado com a residência artística em 2018.

Em 10 anos de atuação o Prêmio acompanhou diversas transformações na nossa sociedade. Segundo Mariano Klautau Filho, curador do projeto, os trabalhos exibidos “de um modo geral refletem o que ocorre no país, mas sempre a partir das questões propostas em cada edição no sentido de estimular o artista a pensar inicialmente em seus procedimentos e como eles irão traduzir as circunstâncias daquele momento. Esta décima edição toca especialmente em assuntos relacionados às identidades do país propondo um retorno à temática que inaugurou o projeto em 2010. Vamos ver como os artistas reagem a esse contexto”.

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FORMAÇÃO

O Projeto sempre quis ser mais que um edital, assim o Diário Contemporâneo se esforçou ao longo das edições em proporcionar ações como workshops e oficinas para o público, encontros com os artistas, formação de mediadores culturais e acolhida de turmas escolares nos espaços dos museus. Todo ano, milhares de alunos de nível fundamental e médio passam pelas mostras do Prêmio e são recepcionados por estudantes de Artes Visuais que passaram por um treinamento específico em cima da temática da edição, trabalhos selecionados e formação pedagógica de público crítico.

Um dos maiores exemplos do alcance do projeto é a Mostra Fotográfica “Retratos em Preto e Branco”, realizada há dois anos pelos alunos da Escola de Ensino Médio e Fundamental Cornélio de Barros, do bairro da Marambaia que, inspirados pelo que viram nas exposições, retornam à sala de aula e contam suas próprias histórias através da fotografia.

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ACERVO

Um dos legados do Diário Contemporâneo é também a sua Coleção de Fotografia Contemporânea que foi formalizada em 2016, após um intenso trabalho de organização sistemática dos trabalhos que o Projeto vinha reunindo desde a sua primeira edição. São fotografias, vídeos, instalações e outras linguagens produzidos por mais de 40 artistas de todas as regiões do país. Uma coleção de fotografia contemporânea que está sob a guarda das duas instituições públicas parceiras do projeto: o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas e o Museu da UFPA.

“A coleção criada associa o Prêmio a um projeto mais duradouro e estabelece uma consciência museológica para a produção contemporânea na medida em que o Prêmio só existe na sua relação com os museus e a preservação do patrimônio público. E creio que deve ser uma poucas coleções de fotografia contemporânea brasileira com esse perfil, ainda que seja embrionária”, observou Mariano.

Além disso, no mesmo ano e incorporada à Coleção, através de uma parceria entre o projeto, o Museu da UFPA e a Tenda de Livros, da artista curitibana Fernanda Grigolin, o Diário Contemporâneo constituiu uma biblioteca que reflete um mapeamento da produção artística nacional. São fotolivros de artistas iniciantes e consagrados, muitos deles resultados de pesquisas acadêmicas. A equipe da biblioteca do Museu da UFPA realizou, inclusive, um estudo para aprender como catalogar esse formato novo.

Ionaldo Rodrigues e Ricardo Ribeiro, premiados com a residência, conversam sobre seus trabalhos e as experiências vividas. Foto: Irene Almeida

INTERCÂMBIO ARTÍSTICO

Ao longo dos anos o Diário Contemporâneo descentralizou os debates. “O Projeto vem contribuindo bastante com a circulação de uma produção nacional quando reúne artistas e pesquisadores em torno de atividades das mais diversas desde workshops até conferências e cursos”, disse Mariano.

O fotógrafo paraense Ionaldo Rodrigues acompanhou de perto a trajetória do Prêmio e analisou que “sendo também um projeto de debate e estímulo à produção artística desenvolvido a partir da estrutura de um jornal, eu percebo um diálogo entre o Diário Contemporâneo e o Suplemento Literário publicado na Folha do Norte entre 1946 e 1951. A partir de um outro contexto, acho que o Diário Contemporâneo segue uma linha  de valorização da formação, do debate crítico e da produção estética que coloca Belém numa interação muito produtiva com a cena nacional e internacional. A atenção que o projeto dedica à documentação e à memória do que é produzido durante as edições e a formação de uma Coleção vai oferecer uma base pra no futuro a gente entender a contribuição do Diário na pesquisa e produção fotográfica do nosso tempo, sem localismos ou regionalismos”.

Ionaldo participou da história do Prêmio de diferentes formas, desde como público na primeira edição, até ano passado, quando foi premiado com a residência artística em São Paulo. “Eu estudei sociologia na UFPA e tive o meu primeiro contato com fotografia como forma de expressão na Fotoativa durante a graduação, desde esse momento o que mais me atraiu foi perceber que fotografia podia ser um dispositivo de pensamento e expressão, um laboratório de experimentos em trabalho manual e intelectual. Ter participado do Diário Contemporâneo como público nas oficinas, exposições e atividades formativas, ministrando oficina e como fotógrafo nas mostras foi, pra mim, uma chance de experimentar várias possibilidades do fotográfico e construir um percurso. A publicação de dois trabalhos nos catálogos do projeto com uma mediação crítica foram, também, muito importantes pra mim”, finalizou.

SERVIÇO

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

Diário Contemporâneo abre inscrições para edição de aniversário

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Estão abertas as inscrições para a 10ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Serão oferecidos três prêmios no valor de R$ 10.000,00 cada e as inscrições seguem até 13 de junho sendo realizadas somente pelo site www.diariocontemporaneo.com.br.

A décima edição é um encontro renovado das experiências curatoriais dos anos de 2010 e 2014. Segundo Mariano Klautau Filho, curador do projeto, “em 2010, propusemos pensar o Brasil como uma trama intricada de modos, atitudes, paisagens e falas que se opõem e se complementam.  E em 2019, como andam esses Brasis? Como andam as poéticas visuais atravessadas pela fotografia e as imagens técnicas?”.

Série Palacete Pinho. Foto: Luiz Braga.

>>> Baixe aqui o Edital 2019

Em 2010 o mote foi Brasil, Brasis e o projeto fez o convite para pensar o país e as identidades contemporâneas que o constituem. Já em 2014 a temática livre trouxe a maior diversidade de trabalhos e propostas artísticas em um recorde de inscrições.

“Se por um lado, voltamos, dez anos depois, à temática das identidades do Brasil, tema que marcou a inauguração do projeto, por outro, propomos um campo livre para experiências poéticas que reflitam o país de hoje com suas pautas e urgências a desafiar mais uma vez o artista e as questões identitárias, sejam elas de natureza cultural, social ou estética”, acrescenta.

O JÚRI

A comissão de seleção e premiação será formada por Isabel Gouvêa, mestre em Artes Visuais pela UFBA e fotógrafa formada pela ECA/USP, integrante do Fórum dos Produtores Culturais da Fotografia Baiana e da diretoria nacional da Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil; Dirceu Maués, doutorando em Artes na Universidade Federal de Minas Gerais e que desenvolve um trabalho autoral nas áreas da fotografia, cinema e vídeo que tem como base de pesquisa a desconstrução do dispositivo fotográfico; e Heldilene Reale, doutoranda do programa de pós-graduação em Artes da UFMG, mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura  pela UNAMA, artista, pesquisadora e professora do Curso de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem da UNAMA.

INSCRIÇÕES ONLINE

Outra grande novidade desta edição é a inscrição exclusivamente online. Não será mais necessário o envio de dossiês pelo serviço de correios. O candidato interessado deve preencher a ficha de inscrição disponível no link http://www.diariocontemporaneo.com.br/sobre/ e em seguida anexar o dossiê em PDF contendo os seguintes itens: portfólio com as imagens da série proposta, breve apresentação sobre o trabalho, currículo resumido, minibio e dados técnicos de montagem, formato e dimensões para a apresentação da obra. Todos os detalhes sobre a inscrição estão descritos no item 2 do edital.

O PRÊMIO

2019 marca os 10 anos de atuação do Diário Contemporâneo. Ao longo da sua trajetória, o projeto premiou dezenas de artistas, selecionou centenas deles e recebeu milhares de visitantes em suas exposições. O Prêmio também contribuiu para a descentralização das questões sobre arte no país. Há uma década vem lançando proposições e chamando os artistas para o debate, consolidando o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Diário Contemporâneo abre espaço também para propostas em vídeo, instalações, projeções e trabalhos que misturam suportes. O artista poderá inscrever-se livremente e concorrer a qualquer um dos prêmios de acordo com a sua linha de trabalho. Serão selecionados no máximo 18 artistas, incluindo os três premiados. Esta edição comemorativa contará com um número maior de artistas convidados pela curadoria dentre aqueles que participaram ao longo dos nove primeiros anos. Assim, será exibida uma mostra com aproximadamente 30 participantes entre selecionados, convidados e premiados.

SERVIÇO:  X Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia já está com inscrições abertas. Informações: Rua Gaspar Viana, 773 – Reduto. Contatos: (91) 3184-9310; 98367-2468; diariocontemporaneodfotografia@gmail.com. Edital e ficha de inscrição no link http://www.diariocontemporaneo.com.br/sobre/. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.