Provocações, potências e inquietações na oficina de Fernanda Grigolin

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Por: Debb Cabral

As manhãs de 21 a 24 de abril tiveram como destaque a realização da oficina “A fotografia no livro em três ações: produzir, editar e circular”, com a fotógrafa curitibana Fernanda Grigolin, pelo VII Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

Fotos: Irene Almeida
Fotos: Irene Almeida

Na ação formativa a artista falou sobre sua trajetória artística e as pesquisas que vem realizando. “O Prêmio foi a primeira exposição em que fui selecionada na vida. É muito especial estar aqui”, comentou Fernanda. A oficina trabalhou a aproximação entre a fotografia e o livro, uma alternativa ao formato tradicional de exposição e que também funciona como um exercício de edição. “Eu me dei conta de que a criação, no campo da fotografia, não se esgota na produção da imagem”, observou o fotografo Patrick Pardini, participante da oficina.

Os presentes puderam conhecer, em primeira mão, os livros que compõem a biblioteca do Projeto, integrada a Coleção sob a guarda do Museu da UFPA. Os livros ficaram na mesa de trabalho da oficina e foram assunto de vários debates, tanto em relação às suas propostas, quanto às novas possibilidades que os formatos diferenciados proporcionam. “A exposição sempre termina e a publicação é o que vai ficar do trabalho”, acrescentou o fotografo Alberto Bitar, também participante da oficina. Para o público, ter um livro é ter uma ligação mais próxima com o artista.

Fernanda mostrou que o formato e o suporte tem que dialogar com o processo e a proposta de cada autor. Assim, os participantes puderam olhar e questionar suas próprias produções. O exercício de montar um livro a partir de apenas uma folha de papel mostrou que a fotógrafa tinha como objetivo trazer inquietações e não dar respostas prontas ou “formulas do sucesso”.

A partir das necessidades individuais, vários mini livros surgiram e questões como formato, proposta, conceito e solução foram pensadas. A edição, produção e circulação foram pautadas sob a perspectiva da autonomia e da horizontalidade. “O artista contemporâneo já não se contenta em produzir obras, mas em prescrever sentidos”, disse Fernanda, que indicou pesquisadores da área e textos de referência.

O livro é uma potência política do artista, por isso a fotógrafa encorajou os participantes a acreditarem em seus trabalhos, insistir neles e não abandona-los. Fazer com que o livro exista. A partir dessa ideia ela observou que a montagem é o que une a poesia à fotografia e dá, ao livro, força para construir significados.

EXPOSIÇÕES DO DIÁRIO CONTEMPORÂNEO

A sétima edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é dedicada especialmente à constituição oficial da Coleção de Fotografias do Projeto, exibida no Museu da UFPA e no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas até 19 de junho, contando com 46 trabalhos todas as regiões do país. Também faz parte da programação desta edição a exposição “Belém: ressacas, heranças”, que reúne trabalhos de oito artistas atuantes em Belém, os quais apresentam um olhar mais crítico em relação à cidade.

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