Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia investe em talentos

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Pensar o retrato desde a sua configuração tradicional até as experiências e significações que possam expandi-lo. Com base nisso, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia escolheu para esta sua 8ª edição a temática “Poéticas e lugares do retrato” que premiou os trabalhos de João Urban (PR), Hirosuke Kitamura (BA) e Guido Couceiro Elias (PA).

João Urban ganhou na categoria “Prêmio Diário Contemporâneo” com o ensaio “Tu i Tam, poloneses aqui e lá”, sobre imigrantes poloneses no Paraná e que busca semelhanças na Polônia. As imagens que serão exibidas têm a característica de apresentar os mesmos personagens fotografados com até 24 anos de diferença, entre 1980 e 2004.

Foto do ensaio “Tu i Tam, Poloneses Aqui e Lá”, de João Urban

João contou que a vitória “foi uma grata surpresa. Fico feliz não só pelo prêmio, que vem em muito boa hora, mas pela possibilidade de divulgar esse trabalho tão longe de sua origem, nesse país grande e diverso. Também fico feliz porque poderei rever Belém e os bons amigos que a fotografia me apresentou nessa bela cidade. Agradeço a todos os criadores do Prêmio, a curadoria e aos avaliadores dos projetos”.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia tornou-se um dos maiores editais de fotografia do Brasil, promovendo o diálogo entre as produções de diversos estados e a reflexão em artes. Sobre isso, João comentou, “acho de grande importância a atuação do Diário Contemporâneo, é um grande estímulo à produção fotográfica. Gostei muito da importância dada ao retrato, esse gênero por vezes esquecido, mas tão importante dentro da fotografia. Espero que o Prêmio possa ter continuidade para que muitos fotógrafos recebam esse estímulo”.

RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS

Este ano, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inovou mais uma vez e trouxe a residência artística como grande novidade da edição. Dois prêmios foram concedidos na forma de bolsa para residência artística. Um artista de Belém foi contemplado com a residência artística em São Paulo, sob a orientação da artista e pesquisadora Lívia Aquino, em parceria com o Condomínio Cultural, e um artista de fora da capital paraense foi premiado com a residência em Belém, sob a orientação do artista e pesquisador Alexandre Sequeira, por meio de seu projeto “Residência São Jerônimo”.

Hirosuke Kitamura, que levou o “Prêmio Residência Artística em Belém”, apresentará dois vídeos. “Doce Obsessão Vol.1” vem de uma vivência em Guaicurus, bairro de grande prostituição em Belo Horizonte (MG). Neste lugar repleto de energia, prazer, dinheiro e obsessão, o artista mostra o misto de sensações vividas dentro de um motel, desde as emoções saturadas até a percepção de si próprio, com um autodescobrimento dentro daquele ambiente caótico. Já “Doce Obsessão Vol.2” mostra um pedaço da vida de uma personagem transexual da mesma região. Aquela pessoa torna-se a representação de toda a oposição da realidade humana, do prazer até o sofrimento, passando pela alegria até a solidão e chegando à masculinidade e a feminilidade, nesta mistura de ordem e caos tão humana.

“Doce Obsessão Vol. 2”, de Hirosuke Kitamura

O artista que, em sua trajetória, já participou de uma outra residência artística, não imaginava que ia ser premiado no Diário Contemporâneo e ficou muito feliz com a notícia. Sobre as expectativas para essa nova vivência ele afirmou, “agora tenho a oportunidade de ficar mais tempo imenso em uma experiência que propõe a produção de imagens sobre poética e lugares do retrato. Nessa experiência busco explorar o ambiente para que possa ter uma nova percepção que contribua para produzir algo diferente do que estou acostumado”.

Guido Couceiro Elias é calouro do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará e ganhou o “Prêmio Residência Artística em São Paulo”, mostrando que a sensibilidade artística é algo que está presente desde jovem. Sua série fotográfica, “Vivaz”, percorre retratos atuais e antigos de família, focando no contraste de relações entre o núcleo desta e a memória carregada nos lugares de realização das imagens fotográficas. O trabalho veio de um desejo particular de registrar a própria família, focando em seus integrantes mais idosos e nas relações destes que convivem juntos há mais de um século.

O universitário ficou eufórico com a notícia e com a valorização desse trabalho que tem um significado muito importante para si. “Eu sinceramente fiquei muito feliz de ver que essa edição tem pelo menos (que eu saiba) três artistas bem jovens, Lucas Negrão, Tarcísio Gabriel e eu. Acho de extrema importância um projeto como o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia dar espaço e visibilidade para artistas jovens, mesmo porque, Belém está borbulhando grandes artistas e jovens artistas e isso parece ter sido visto pelo pessoal do Diário”, comentou.

“Vivaz”, de Guido Couceiro Elias

Guido ficará imerso em São Paulo, a maior cidade do país, convivendo com artísticas de diferentes capitais e dialogando com outras linguagens artísticas. “A residência artística antes de tudo, veio para mim como um desafio pessoal. Minhas expectativas quanto a ela são de meio que viver o centro cultural com mais visibilidade do Brasil e poder estar sendo assistido e trocar ideias com a Lívia Aquino e todos do Condomínio Cultural. Acredito na residência como uma oportunidade única de poder ir, tão jovem, pensar e produzir algo fora do meu espaço, da minha zona de conforto. Acho que essa experiência renderá bons frutos. Estou ansioso”, finalizou.

 A Mostra VIII Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, com trabalhos premiados e selecionados desta edição, ocorrerá no período de 04 de maio a 02 de julho, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale, apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA, Sol Informática e Museu da Universidade Federal do Pará. No site www.diariocontemporaneo.com.br estão disponíveis todas as informações sobre a 8ª edição, bem como a memória do projeto desde 2010 quando foi criado.