Como, em tempos de distanciamento social, possibilitar as aproximações que a arte demanda? Este e outros dilemas foram debatidos no minicurso de formação de mediadores culturais ocorrido na última semana. Com o tema “Como mediar emoções e ficções? A formação do mediador cultural na contemporaneidade”, a ação educativa deste ano refletiu sobre o papel do mediador neste e em diferentes contextos.
Dairi Paixão, coordenadora da ação educativa, trouxe as práticas, poéticas e dinâmicas para o virtual e em um chat online os participantes se encontraram por quatro dias. “Para mim, é muito importante esse momento de troca”, disse Dairi.
Já no momento da apresentação, os inscritos dividiram suas experiências anteriores e também aquilo que os motivou a atuarem na mediação cultural. “A arte não tem paredes, ela é um espaço aberto para todo mundo”, lembrou Andreza Machado, participante do minicurso.
Nas conversas, o grupo buscou entender o que é a mediação cultural e a sua importância para a parte pedagógica da arte. “A gente vê o museu como um espaço para o turista, mas, como alguém da área do turismo, eu entendo que primeiro a gente tem que aproximar esse espaço das pessoas daqui”, destacou a participante Ana Flávia Feijó.
Para quem é o museu? Muitos participantes relataram como foi a experiência inicial que tiveram com os espaços museais e como isso os marcou. Que imagens nos acompanham? Dairi debateu com os participantes o fato de que as pessoas já têm seus próprios repertórios visuais e visitam os museus munidos deles. Assim, a mediação amplia a visão educativa nessa atividade onde o visitante é e deve ser estimulado a participar diretamente da troca de conhecimentos. “Esse encontro com o outro sempre vai ser um diálogo, uma escuta, uma provocação”, observou a coordenadora.
Pertencimento foi uma das palavras mais debatidas. “A maior dificuldade entre o público e a exposição é a cultura da elite. A sociedade criou uma cerca sobre os museus que definia quem pertencia e quem não. Tanto em relação ao público quanto em relação ao artista”, destacou o participante Davi Rodrigues.
Em duplas, os participantes tiveram o exercício de apresentar que imagens os acompanham em imagens imaginárias e imagens narradas. Na sequência, conheceram os trabalhos e artistas que compõe a exposição e conversaram sobre cada um deles.
O último dia de curso foi marcado pela presença de Rosely Nakagawa. A curadora convidada desta edição interagiu com os participantes, falou sobre o processo de seleção dos trabalhos, sobre a temática escolhida e sobre a montagem e a curadoria realizadas a distância. “Eu acho muito interessante a relação da literatura com a linguagem visual, porque ela também tem seus sujeitos, seus predicados”, disse Rosely.
As perguntas foram muitas e a conversa seguiu com Rosely abordando seus processos de trabalho e as soluções encontradas para realizar a exposição de maneira adequada diante da atual realidade. “A minha preocupação foi a de colocar os trabalhos na exposição de um jeito que a pessoa que visita se sinta acolhida, se sinta bem-vinda”, frisou a curadora.
Dairi encerrou a ação formativa informando o protocolo de saúde e segurança estabelecido para esta edição, além de tirar as dúvidas dos participantes. Após estes quatro dias de encontros, a coordenadora escolheu a equipe de mediadores que atuará no projeto.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar.