O público terá a oportunidade de participar na terça-feira (27) de um bate-papo com Janduari Simões, no Museu da UFPA, lugar que abriga a exposição individual “Cidade Invisível”, que apresenta série inédita de restos da Fábrica Palmeira, em 1975, e a grafia de fachadas populares e apartamentos no centro da cidade. Janduari é o artista convidado da 5ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. O evento ocorre às 19h e tem entrada franca. A mediação será de Marisa Mokarzel.
Ele nasceu em 1949, em Itabuna, no interior da Bahia, e chegou a Belém em 1975, querendo viver a vida. Naquela época tinha uma câmera Pentax SP a tiracolo, era fotógrafo autodidata e aprendia muito do que sabe hoje devorando livros e revistas de fotografia. Entre as muitas indas e vindas de sua trajetória, se fixou na cidade, trabalhou para o Museu Paraense Emílio Goeldi e viajou muito pela Amazônia, pelas capitais e pelos interiores.
Seu trabalho autoral se desenvolve na área de pesquisa da cultura popular brasileira, as músicas, danças e atividades presentes nos múltiplos desdobramentos de nossa cultura. Ele constituiu um grande acervo de imagens sobre cultura e o homem da Amazônia, de onde se destacam as produzidas no estado do Pará, que chamaram a atenção de Mariano Klautau Filho, curador do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, e resultou em um convite para ter uma mostra individual nesta edição.
O encontro, nas palavras do fotógrafo “será um relato de experiência, falando sobre o começo de trajetória em Belém, ilustrado com fotos e paginas das publicações nas quais foi veiculado meu trabalho jornalístico, sem muita teoria acadêmica”.
A exposição reúne 50 fotografias. Em uma parte um recorte pontual de sua sensibilidade sobre o espaço urbano e as mutações que ocorrem na arquitetura, com um olhar atento para a estrutura formal das moradias, e as semelhanças que anulam o limite entre centro e periferia; do outro lado, um trabalho muito significativo e tocante: o registro da destruição da quadra que abrigava a Fábrica Palmeira, no final dos anos 70. A destruição marca também o nascimento de uma das maiores cicatrizes urbanas que Belém já produziu e que hoje tem o nome de “Buraco da Palmeira”.
Segundo Mariano, “as pessoas preferem ver os desenhos, rótulos, marcas dos antigos catálogos da Palmeira como se fossem bibelôs românticos e com isso poderem suspirar exercitando seu gozo nostálgico, mas não querem enxergar que houve um massacre de uma quadra inteira e que isso está relacionado hoje com o poder das construtoras e incorporadoras que continuam destruindo a cidade diante de gestões e institutos de patrimônio subservientes. As fotografias de Janduari vão muito além disso, e recolocam nesse contexto a invisibilidade de uma cidade, uma cidade que a gente não quer ver ou não consegue mais ver”.
Criado em 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade.
SERVIÇO: Janduari Simões fará palestra no Museu da UFPA. Data: 27 de maio de 2014. Horário: 19h. Local: Museu da UFPA (Av. Governador José Malcher (esquina com Generalíssimo Deodoro). O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio do Shopping Pátio Belém e Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática, Instituto de Artes do Pará (IAP) e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA). Informações: Rua Aristides Lobo, 1055 (entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa) – Reduto. Contatos: (91) 3355-0002; 8367-2468; premiodiario@gmail.com e http://www.diariocontemporaneo.com.br.