Leo Bitar flagra a efêmera paisagem do tempo

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Leo fotografou a instalação

Na instalação “Extremos”, o artista propõe, a partir de um vídeo e recortes sonoros, reflexões sobre o passagem do tempo, a vida, o amor e rende homenagens ao jornalista Claudio de La Rocque Leal. A oba pode ser vista e ouvida na sala Laboratório da Casa das Onze Janelas – Cidade Velha -, integrando a exposição Homem Cultura Natureza, do 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Até dia 26 de maio.

Por Luciana Medeiros*

Em uma sala escura temos, na parede do fundo, uma TV com um vídeo de 14 minutos, mostrando um final de tarde e suas mudanças de luz.  No horizonte, um navio passa. O som de sua passagem ali é ampliado na sala de exposição por 4 caixas acústicas, pequenas, distribuídas em um par em cada parede lateral.  Há também, nas mesmas caixas, um movimento sonoro eletrônico, da esquerda para a direita.

Pendurados na parede, acima das cabeças dos visitantes e instalados perto da parede dos fundos da sala, dois alto-falantes, revestidos com papelão preto, que vistos de fora, vê-se a forma de dois cilindros pretos e que, quando se passa por baixo, se ouve ruídos de grilos e cigarras, animais de vida curta, que habitam quintais e até mesmo as casas.

Em um lugar específico, iluminado por uma luz fraca, um cinzeiro é visto, com um cigarro. É um convite para que o espectador o acenda e depois o pendure de volta para que enquanto o vídeo passe, o cigarro queime. Aroma, cinza e fumaça. É assim descrita por Leo Bitar, a obra “Extremos”, exposta na Casa das Onze Janelas, como uma das obras selecionadas este ano no 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

O vídeo foi feito por acaso, na Ilha do Mosqueiro (Distrito Administrativo de Belém), fartamente banhada pelas baías do Guajará, Santo Antônio e do Marajó, possuindo mantendo ainda chalés centenários, vestígios do ciclo da borracha, e bastante frequentada por quem mora aqui na capital, pois é facilmente acessada, passando por uma ponte, a que chegamos após uns 45 minutos de estada, saindo de Belém.

“Eu estava olhando a paisagem ali e de repente eu vi, no momento daquela luz de final de tarde, já caindo a noite, um navio passando. Daí disse a mim mesmo. Vou gravar isso. Botei o celular num quadro que eu achava interessante e deixei gravando. Quando eu cheguei em casa, e vi o vídeo, resolvi guardar e eternizar aquele momento”, conta Leo.

“Achei que ali estava algo interessante, só que o trabalho que eu queria fazer, não era de vídeo arte, mas sim um de som, uma instalação sonora, um som que conversasse com o vídeo e com a imagem e que fosse uma janela aberta para sentimentos”, me explicou Leo, detalhadamente, na abertura da exposição, no dia 26 de março, na Casa das Onze Janelas.

Para a montagem, Leo diz que primeiro filtrou em si mesmo, os sentimentos que aquela imagem lhe trazia. Depois trabalhou o som. “Peguei o som do navio que passava ao longe e trouxe pra muito próximo do espectador. As pessoas, então, assistem o vídeo de uma paisagem, com um navio que passa longe, mas cujo motor dele está presente e muito forte. E, ao mesmo tempo, tem outros sons vindos de cima”, segue contando a oba de sua perspectiva.

“É que no teto, eu coloquei uns cilindro sonoros com sons de grilos, que era o som que eu ouvia enquanto filmava na cena acontecendo. Então trago o som do barco para um primeiro plano sonoro. E o som dos grilos e das cigarras em outro plano, representando o som do imaginário.

As cigarras nascem e morrem rapidamente, tem um curto período de vida, e isso nos remete ao momento que, como o navio ali no vídeo, também passa. Assim é o cigarro que está aceso e tem seu tempo de queimar. Todos nós também temos o nosso tempo de viver, passar, desaparecer”, continua.

Para Leo, porém, ao contrário do que pode parecer, este trabalho não é uma metáfora de morte, e sim de vida, vida presente, que precisa ser mais observada e vivida no presente, sem tantas divagações, justamente porque passa e passa rápido.

“Tudo está de passagem, o som está de passagem. É como a vida que a gente passa e às vezes não percebe, mas que está ali, como o motor do navio, pulsante e forte. Na minha leitura, ‘Extremos’ também é paixão, amor, contemplação. A natureza do que está acontecendo no pôr do sol, um momento significativo, às vezes angustiante, triste, melancólico e de saudade”, (des)constrói Léo.

É um trabalho basicamente sonoro, com o suporte de vídeo, que assim, com o cinzeiro proposto no ambiente, conversa com a performance teatral, pedindo um quê de ator do espectador que pode assistir à projeção enquanto o cigarro queima sozinho, metaforizando a efemeridade da vida, não do tempo, que é eterno.

Coleções musicais e dedicação à arte sonora

Leo Bitar é designer de som e pesquisador na área da produção musical e sonora de nossa região. Tem um acervo pessoal invejável (no melhor sentido, claro) de vinil, que abrange a produção musical brasileira e internacional. Mas não é só. Certo dia, em sua casa, eu e mais alguns eleitos, tivemos o privilégio de ouvir pérolas em 78 rotações. Uma delas, era simplesmente Aracy de Almeida cantando Noel Rosa. Capa desenhada por Di Cavalcanti.

Isso sem falar da inesquecível audição, naquele mesmo dia, de uma Gal Costa, totalmente livre em ensaio, tipo de garagem, de “Clariô”, gravada em um compacto. Um som encorpado, cheio de naipes de metais e que, aliás (toda metida), ganhei de presente de Leo, que o digitalizou e me enviou por e-mail (delícia de tecnologia!).

O som, de maneira geral, é a paixão de Leo Bitar que, desde 1989, vem desenvolvendo trabalhos sonoros em parcerias artísticas na área do teatro e dança. A partir de 1990, ele também se dedica, em parcerias diversas, a trabalhos sonoros para cinema e vídeo.

Atualmente, o artista vem nutrindo/criando uma produção autoral/individual com paisagens sonoras e instalações. É o caso de “Extremos”, trabalho reconhecido e selecionado pelo júri criterioso e de competência indiscutível do Prêmio Diário, formado pelo fotógrafo Luiz Braga, pela professora e artista gaúcha Maria Helena Bernardes e pelo artista visual Armando Queiroz.

Homenagem – “Extremos” é, ainda, uma homenagem do artista, a Cláudio de La Rocque Leal, jornalista e pensador artístico, curador de inúmeras exposições, falecido, em setembro de 2006. Leo revela que ele foi um dos que mais o incentivaram a percorrer profissionalmente as entrelinhas da arte sonora.

“Eu passava horas no telefone com ele conversando sobre sons para galeria de arte, falávamos em criar uma sonoridade específica. O La Rocque foi um dos que me instigaram muito para fazer arte sonora. Os primeiros trabalhos que fiz já têm uns dez anos.

Lembro bem do segundo, em uma exposição de vários artistas no Memorial dos Povos. Fui convidado pra fazer paisagem sonora para esta mostra e nunca mais parei de fazer coisas assim. Por isso dedico ‘Extremos’ a ele”, encerra o papo.

Serviço

A exposição “Homem Cultura Natureza” reúne 22 trabalhos selecionados e 3 premiados pelo 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. A Casa das Onze Janelas fica na Rua Sequeria Mendes, ao lado do Forte do Castelo (marco da fundação de Belém), compondo o Complexo Feliz Lusitânia, formado também pelo Museu de Arte Sacra/Igreja de Santo Alexandre e pela Catedral da Sé, que rodeiam a Praça Frei Caetano Brandão, na Cidade Velha. O telefone de lá, para mais informações: 91 4009.8821 (Recepção).

Luciana Medeiros*é jornalista, edita o blog Holofote Virtual (veja a postagem no blo: http://holofotevirtual.blogspot.com.br/2013/04/leo-bitar-flagra-efemera-paisagem-do.html)

Pesquisa e criação artístico-social em Maiandeua

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Em Algodoal...

A partir de ações compartilhadas, inseridas em um determinado contexto social, e tendo a fotografia como principal ferramenta de criação artística, a Dissertação de Mestrado em Arte intitulada “Projeto Adote um urubu: uma experiência artística na comunidade de Algodoal-Maiandeua-Pará” foi defendida pela artista visual Andrea Feijó na UFPA, em 2011, e agora chega ao Prêmio Diário, na palestra que acontecerá no dia 7 de maio, às 19h, no Instituto de Artes do Pará.

O projeto também teve como resultado um vídeo de 11 minutos, com direção da própria Andrea Feijó, com edição de Junior Braga, já exibido na FOTOATIVA em agosto/2008 e nas duas mostras Culturais do Projeto, em dez/2008 e em dez/2010, e que também será exibido na programação do Prêmio Diário de Fotografia, como parte do relato de experiência da artista.

Realizado na Ilha de Maiandeua, ou Algodoal, situada na região do salgado, noroeste do estado do Pará, a ação artística “Adote um urubu” foi realizada no dia 02 de janeiro de 2008, data em que a maioria das pessoas que visitava a ilha, por ocasião das festas de final de ano, estava indo embora. Essa proposição contou com uma logística que envolveu pessoas da comunidade – crianças e adultos – na coleta de um pouco do lixo reciclável produzido na ilha e que tem, comumente, a queima como destino final.

A coleta, feita em sacos pretos padronizados com a imagem de um urubu na cor cinza, foi agenciada previamente com alguns moradores e veranistas. Esse trabalho, cujo objetivo buscou provocar a reflexão sobre uma questão ambiental, constituiu-se na instalação do lixo reciclável coletado em locais de grande circulação de pessoas e, posteriormente, retirado da ilha pelos próprios visitantes a partir de uma intervenção da artista, que atuou como interlocutora.

A comunidade da ilha é formada por pessoas que vivem da pesca, da agricultura de subsistência e, mais recentemente, do turismo. A lei estadual 5.621 de 27 de novembro de 1990 criou a Área de Proteção Ambiental Algodoal/Maiandeua, visando proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Artista visual e arte-educadora, formada em Ed. Artística, Andrea Feijó também é especialista em Semiótica e, desde 1992 participa de salões de arte, mostras individuais e coletivas nacionais e internacionais, tendo em seu currículo várias premiações.

Serviço

A palestra Adote um Urubu será dia 7 de maio, às 19h, no Instituto de Artes do Pará – Praça Justo Chermont, próximo ao CAN, ao lado da Basílica de Nazaré. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale e do Pátio Shopping Belém, com apoio do MUFPA, Casa das Onze Janelas, IAP e Sol Informática. No dia 1º de maio, fiquem atentos, serão abertas as inscrições para o  Mini Curso: “Arte locativa: mobilidade e sentido”, que abre no dia 13 de maio com palestra da ministrante Val Sampaio, às 19h, também no IAP. Para mais detalhes acesse a área de palestras e oficinas no site www.diariocontemporaneo.com.br.

Arte na galeria e na sala de aula

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Visitas mediadas encantam jovens e crianças (foto: Irene Almeida)

A 4ª edição do Prêmio Diário oferece a alunos e professores, a arte contemporânea como ferramenta educativa, com dicas e instruções para levar para dentro da escola, as ações utilizadas pelos mediadores durante as visitas às exposições.

“Foi uma maneira que encontramos para melhor compartilhar e contribuir com o professor. Os materiais educativos relacionados à arte são muito raros e, na maioria das vezes, os professores não têm como reproduzir em sala de aula o que vivenciam na galeria, quando participam de visitações como as que estão sendo oferecidas pelo Prêmio Diário. Então resolvemos ser didáticos. Todo o conteúdo explicativo e as informações sobre as mostras, obras, artistas e programação, desta quarta edição, estão aqui. Estamos fornecendo ao educador a ferramenta completa”, explica Heldilene Reale, coordenadora da Ação Educativa do IV Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

Inovadora, com uma abordagem dinâmica e diferenciada, a visitação nos espaços da Casa das Onze Janelas e do Museu da UFPA, onde estão as exposições do Prêmio, serão entremeadas com de jogos e outras maneiras de instigações, conduzidas por jovens mediadores. A ideia é construir relações educativas entre o professor e a sala de aula; os alunos e o mediador; as obras e todos os pontos do processo de exposição.

Para que o professor possa dar retorno após a visitação, o evento também está disponibilizando no site – www.diariocontemporâneo – um formulário para ser preenchido. “Convidamos todos a participar disso. Acessando o site os professores vão encontrar uma ficha cadastral, onde pedimos os dados da escola, mas também há outro formulário, para que seja feito um relato de experiência. Este deverá ser preenchido pelo educador que esteve na galeria. Queremos saber de educador sua opinião, buscar sugestões, interagir mais. A partir dos relatos poderemos melhorar ainda mais nossas atividades”, diz Heldilene.

Estudantes de artes visuais na mediação

Este ano, no que depender da equipe de mediadores, a ação educativa dentro do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, será um marco. Eles trabalharam bastante para atender um público diverso. Os 12 jovens, alunos de cursos de graduação em artes visuais, que fazem parte da equipe de mediadores, serão responsáveis em conduzir as dinâmicas de visitação.

“Conhecemos com antecedência as obras, os artistas e todos os envolvidos. Este ano, isso fez toda a diferença para um melhor atendimento ao público. Esse preparo vem evoluindo e isso é muito bom para todos nós. Em 2010, fomos apenas selecionados e eu, que já trabalhava na mediação no Museu da UFPA, entrei pra equipe do Prêmio, mas desta vez houve uma qualificação”, diz Lucilainy Sampaio.

Ademilton Azevedo Júnior cursa o 3º semestre e participa pela primeira vez da programação. “Estou gostando muito de estar nesta mediação. O evento é muito rico em informação de arte. Agrega artistas de outros locais e assim podemos ter um panorama brasileiro da arte contemporânea em fotografia, que é o foco do prêmio”, diz.

Naiara Jinknss, também na equipe, confessa que já tinha participado de processos de mediação em outros processos, mas que acabou não se interessando. Cursando o último semestre do curso de artes visuais, ela diz que encontrou no processo de ação educativa do Prêmio Diário, um novo estímulo.

“Está havendo uma direção bem diferente aqui. É muito interessante desmistificar a ideia de que este tipo de trabalho só é encontrado dentro do museu. As experiências nesses espaços podem ser levadas pra dentro da tua vida e da escola, principalmente, onde está a formação. Nos espaços expositivos, através de jogos, você desperta interesse nas pessoas por fotografia”, diz Naiara.

Capacitação – Heldilene, que fez o treinamento dos jovens, diz que os monitores estão preparados para dar informações e dialogar com o público sobre arte contemporânea, mas principalmente discorrer sobre o conteúdo artístico encontrado nas obras em exposição.

“Eles receberam capacitação, fizemos um diálogo compartilhado, e até para a formatação do material que os professores estão recebendo, eles contribuíram. Além disso, de alguma forma, percebo que os jovens mediadores também estão entendendo que podem trabalhar mais desta forma, em diversas outras ações que podem vir no futuro deles. Isso aqui não deixa de ser também uma formação. Daqui pra frente, eles estarão muito mais seguros para trabalhar com isso dentro de outros espaços culturais”, finaliza Heldilene.

“Cenário e personagem” na fotografia paraense

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Obra convidada de Marcelo Lélis

No Museu da UFPA você confere a fotografia paraense que já saiu dos limites do Estado, levando nossos artistas a participações no Brasil e no exterior. Eles, que vêm participando de projetos e mostras importantes, mostram a força híbrida da atual produção local, que surge e se acentua na cena contemporânea. E o Prêmio Diário impulsiona tudo isso como um projeto que abrange a fotografia em suas mais diversas manifestações no campo da arte e da imagem.

Foi com a intenção de manter vivo o interesse do projeto na produção paraense e valorizar a imagem produzida na cena de Belém que, este ano, oito artistas foram convidados para expor em uma mostra coletiva no Museu da UFPA.  Eles possuem atuações diferentes entre si, pertencem a gerações diversas, mas que apontam para a imagem (vídeo ou fotografia) como um exercício poético e de ficção.

Na mostra estão obras de Ana Mokarzel, Marcelo Lelis, Rogério Uchôa, Danielle Fonseca, Bruno Leite, Mateus Moura, Luiza Cavalcante e Valério Silveira, artistas que representam a produção atual da cidade. Alguns deles em início, outros que atuam em campos diversos da imagem fotográfica.

Rogério Uchoa flagrou os típicos urubus convivendo também com a arquitetura no entorno do Ver o Peso.

Os trabalhos presentes na produção paraense mais atual remetem-se, quase em sua totalidade, à fotografia como espaço para ficção, desenvolvendo narrativas, seja na observação do cotidiano ou na criação de pequenas histórias, experimentos e personagens.

Três dos fotógrafos convidados para esta mostra também festão presentes na aberta na Casa das Onze Janelas “Homem Cultura Natureza”: Ana Mokarzel, Mateus Moura e Danielle Fonseca.

“Foi coincidência, pois quando fiz o convite a eles não impedi que eles se inscreverem no prêmio. Os trabalhos remetem quase que em sua totalidade à fotografia como espaço para ficção, desenvolvem narrativas na observação do cotidiano ou na criação de pequenas histórias, experimentos e personagens”, diz Mariano Klautau Filho, curador da mostra.

Em fase de amadurecimento da carreira, Ana Mokarzel e Valério Silveira têm mostrado seus trabalhos nos últimos anos. Na diversidade da mostra, Mateus revela linguagens do teatro, do vídeo e da performance. Já Danielle, que está em pleno desenvolvimento de seu trabalho e vem expondo pelo Brasil, além da imagem trabalha também texto e ações. Ambos mostram obras que misturam vídeo, cinema e documentário.

Universo de Lilith - Luiza Cavalcante

Luiza, Mateus e Bruno estão bem no início de carreira e vão conviver no espaço expositivo com fotojornalistas que já atuam há anos nesse campo, como Rogério e Marcelo.

O trabalho dos artistas na fotografia do Pará sempre foi muito diverso, misturado. Em “Cenário e Personagem” é o que se constata. É possível perceber na mostra, elementos e processos distintos, que fazem da fotografia produzida aqui, uma expressão visual que se expande e se afirma, sendo reconhecida nacionalmente justamente por não ter uma identidade fixa ou estagnada.

“A tradição cosmopolita de Belém vem de séculos passados que precisamos valorizar sempre. O país reconhece Belém como um importante campo de produção de imagem. Nossa produção artística não fica a dever para as questões que estão sendo discutidas em outras cidades. Precisamos ser mais críticos com nosso lugar, história e produção”, finaliza Mariano.

Serviço

A Mostra Cenário e Personagem está aberta ao público até dia 26 de maio, no segundo piso do Museu da Universidade do pará – MUFPA – Av. José Malcher, 1192 – Nazaré. Telefone: 32240871. Visitação das 9h às 17h, de terça a sexta e das 10h às 14h aos sábados, domingos e feriados.

Programação segue com arte, reflexão e novas mídias

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Fotografia de Valério Silveira, na mostra "Cenário e Personagem"

Enquanto você faz uma visita às três exposições já abertas na Casa das Onze Janelas – “Homem Cultura Natureza” – e no Museu da UFPA – Românticos de Cuba, de Walda Marques e “Cenário e Personagem”, mostra convidada -, muita coisa ainda está para acontecer dentro da programação do 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Realizado pelo Jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale e do Pátio Shopping Belém, o evento já executou duas oficinas, uma delas, aliás, em curso, e mais duas palestras, que também já chegaram até o público.

Walda Marques já falou sobre a carreira em “Os Lugares do Retrato”, na ultima terça-feira, 02 de abril, e exibe sua mostra inédita com fotografias feitas durante uma viagem que fez a Cuba, no Museu da UFPA.  Antes, ainda em fevereiro, o minicurso “Participação da Narrativa e da Imagem na Arte Contemporânea” e a palestra “Areal”, de Maria Helena Bernardes, artista gaúcha que também esteve em Belém como membro do júri do prêmio, atraíram plateias interessadas na pesquisa fotográfica em suas mais diversas formas de captura e expressão. Ah, sim, e também já lançamos  o catálogo “Memórias da Imagem”, que pode ser acessado em sua versão virtual no site www.diariocontemporaneo.com.br.

A programação seguirá até o final do mês de maio, tendo como atividade sempre presente as ações educativas que vem sendo desenvolvidas nas visitas monitoradas dentro das três mostras. A próxima ação pontual será a palestra da artista Andrea Feijó, que vai abordar “Arte, natureza e contexto social – Projeto Adote um urubu”. Fruto de sua Tese de mestrado, o trabalho teve como ambiente da pesquisa a Ilha de Algodoal, onde o acúmulo de lixo é constante. Andrea sugere a imagem do urubu como metáfora, já que ele é sempre visto em meio à sujeira e onde não acontece uma coleta de lixo sustentável.

“Em qualquer lugar do mundo as pessoas precisam se preocupar com o lixo que produzem”, diz.  Entre 2008 e 2009, o projeto resultou em mostra cultural e vídeo, além de oficinas de arte com jovens entre 12 e 18 anos, visando a fomentar a produção cultural na comunidade de Algodoal.

Na sequência, a professora e doutora em artes Valzeli Sampaio, vai abordar “Arte, natureza e tecnologia” inserido em seu projeto “Água”. Na palestra seguida de uma oficina, ela apresentará o contexto tecnológico e a emergente “rede geoespacial”, como possibilidade de novas criações e dispositivos de subjetivação de poder.

Além de revelar o lugar que perpassa a pesquisa e a prática artística com as mídias locativas, sempre buscando diálogos com outros artistas históricos e contemporâneos, Val se aproxima da análise do tema, num sentido personalizado de lugar, da intervenção artística com mídia locativa.

O projeto Água foi realizado entre 2010 e 2011, no rio Amazonas, em busca de mapear a maré do rio com anotações feitas com GPS.  Fechando o ciclo de palestras, o historiador Aldrin Figueiredo debate o tema “Entre o rosto da cidade e o rosto do povo: história e fotografia em Belém do Pará no século XIX”.

Além das palestras, o 4º Prêmio segue com a o oficina do Coletivo CêsBixo, que está acontecendo até a semana que vem no Instituto de Artes do Pará. Voltado para o pensar fotográfico de forma expandida, o curso se utiliza de múltiplos suportes e meios de expressão artística autoral.

PROGRAMAÇÃO

Exposições

De 26 de março a 26 de maio

“Homem Cultura Natureza”

Local: Museu Casa das Onze Janelas

De 27 de março a 26 de maio

“Românticos de Cuba” – Walda Marques

“Cenário e personagem” – Mostra convidada

Local: Museu da UFPA

Palesttras

7 de maio

“Arte, natureza e contexto social – O projeto “Adote um urubu” .

Ministrante: Andrea Feijó

Local: IAP

13 de maio

19h: “Arte, natureza e tecnologia – O projeto Água” + oficina “Arte locativa: mobilidade e sentido”.

Ministrante: Val Sampaio

Inscrições: 01 a 10 de maio

16 de maio

19h – “Entre o rosto da cidade e o rosto do povo: história e fotografia em Belém do Pará no século XIX”.

Ministrante: Aldrin Figueiredo

Local: IAP

Serviço

Toda a programação é gratuita e realizada nos seguintes espaços do Museu Casa das Onze Janelas (Complexo Feliz Lusitânia – Cidade Velha) – IAP (Praça Justo Chermont, s/n , ao lado da Basílica de Nazaré) –  Museu da UFPA  (Gov. José Malcher, 1192 – Nazaré).  Mais informações: Rua Gaspar Viana, 773 – Reduto Belém –PA – ou (91) 31849327/83672468: E-mail: contato@ diariocontemporaneo.com.br.  e no site www.diariocontemporaneo.com.br

Linguagens múltiplas na fotografia de Walda Marques

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Walda Marques e Mariano Klautau Filho, no bate papo "Os Lugares do Retrato", no MUFPA

Viver da própria arte. Walda Marques deixou tudo que fazia antes, para se dedicar aquilo que realmente a faria vibrar. A ideia só deu certo. Na última terça-feira, 02 de abril, a fotógrafa convidada especial da 4ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia conversou com o público no Museu da UFPA, sobre sua carreira. No bate papo “Os Lugares do Retrato”, cercada por suas fotos na exposição “Românticos de Cuba”(mostra inédita), ela falou do iniciou carreira artística, trabalhando em um salão de beleza, e de como isso influenciou definitivamente seu trabalho na fotografia.

Walda, antes de pensar em fotografar, fez várias coisas que marcam ainda hoje sua trajetória profissional. Todas, ligadas a outras atividades artísticas, envolvendo produção, maquiagem, cenografia, teatro, lhe fizeram acumular uma experiência que, no final dos anos 1980, veio à tona, resultando em um processo de elaboração visual fotográfica, hoje consagrada e com assinatura inconfundível, sempre envolvendo personagens, cenários, cores e, principalmente, o universo feminino.

“Tenho facilidade em fotografar gente. Eu gosto disso”, disse logo no início da conversa, instigada pela mediação de Mariano Klautau Filho, curador do Prêmio Diário, responsável pelo convite feito este ano á fotógrafa.  Walda Marques tem como característica estética, o retrato e nesta tendência, ela é procurada por pessoas interessadas em fazer ensaios fotográficos.

Público compareceu e aplaudiu

Para isso, Walda é rápida, corporal e inventiva. Acaba transformando seus clientes em personagens de si mesmos. “Trabalhei muito tempo em um salão de beleza, sempre conversei com as pessoas e isso é colocado também na minha forma de trabalho com a fotografia. Quando alguém me procura pra ser fotografado, eu primeiro tenho que conhecer as pessoas, preciso me aproximar. Algumas vezes, acabo descobrindo nelas o que nem elas mesmas sabem sobre si”, brinca.

Descontraída e espontânea, ela continua falando da trajetória. Lembra que já pintou parede, fez teatro. “Tudo isso serviu para que eu construísse a minha fotografia”, diz. “Já fiz de um tudo, casamento, fui a primeira maquiadora da Tv Cultura do Pará. Eu vivi muito neste meio, e já construí muito para que outros fotografassem”, lembra.

Tudo começou em 1989, na fotografia propriamente dita, quando ela fez a oficina do fotógrafo Miguel Chikaoka, na FotoAtiva. Foi um começo de meio caminho andado em relação a sua estética, algo que ela realiza de forma intuitiva, na maioria das vezes, desenvolvendo uma obra viva, própria e cheia de nuances.

Em 1993, ela participou do Salão Paraense de Arte Contemporânea e no mesmo ano das coletivas “Fotografia construída”, no Museu Lasar Segal e “Fotografia Brasileira Contemporânea”, no SESC – Pompéia, SP. No ano seguinte realizou sua primeira exposição individual “Maria tira a máscara que eu quero te ver. Em 1998 ganhou o prêmio CCBEU com “A estória de Bernadeth” e com o “O homem do Hotel Central”, uma fotonovela com status de produção cinematográfica, ela ganhou prêmio ABRA-Coca-Cola, SP.

Desde 1992, Walda participa das edições do Salão Arte Pará como artista selecionada, premiada e convidada especialmente nas edições de 2006 e 2009. Em 2005, fez parte do Panorama de Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Depois da fotonovela “O Homem do Central Hotel”, em 1998, ainda realizou “A Iludida”, em 2004 e lançou o livro “Lembranças” em 2009.  “Adoro novela. Eu gosto de cinema, mas é muito caro, então eu faço fotografia, fotonovela. Percebi que eu também poderia construir histórias com a fotografia. Adoro contar histórias. “A Iludida saiu de uma revista de moda e é mais uma de minhas histórias sem limites”, diz ela.

Com uma obra extensa, Walda já possui trabalhos em acervos como “Fotografia Contemporânea Paraense – Casa das Onze Janelas”, em Belém, e na “Coleção Pirelli/MASP de Fotografia”, em São Paulo. Mas o que mais marca, além das cores, o seu trabalho é o foco no universo feminino. “Trabalho com mulheres. Meu universo fotográfico é muito feminino. Já fotografei as erveiras do Ver o Peso, e mesmo nesta exposição de Cuba, o feminino é sempre presente. A intimidade também é algo forte. Não tenho medo de chegar nas pessoas”, revela.

Outro elemento marcante na fotografia de Walda é o cenário. “Para mim, o personagem precisa de um fundo, que possa contar um pouco da historinha dele. Acho que isso vem da infância. Eu tinha um tio que construía cenários. Meu pai tinha um estúdio fotográfico. Cresci neste universo. Tudo me influenciou, mas também foi surgindo de acordo com os passos que fui dando. Para mim, o imaginário é o meu estúdio”, finaliza.

Adepta da fotografia aplicada, como Mariano enfatizou, Walda Marques passeia por entre as linguagens artísticas que se cruzam em sua obra. É uma profissional que atua em diversos processos relacionados à produção e aplicação da imagem fotográfica em contextos contemporâneos, não só de convergência tecnológica. A partir das transformações mercadológicas e da reflexão sobre a linguagem e a estética da imagem, Walda consegue adequar seus resultados aos múltiplos contextos narrativos envolvidos.

Serviço

Conheça mais do trabalho de walda marques. Exposição “Românticos de Cuba”, no Museu da UFPA – Av. Governador José Malcher, 1192, Nazaré. Mais informações: (91) 3242-8340.

Os Lugares do Retrato e Os Românticos de Cuba

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Fazendo alusão à letra de um bolero composto por Rita Lee e Roberto de Carvalho, nos anos 1980, “Românticos de Cuba” foi aberta na última quarta-feira, 27 de março, no Museu da UFPA. A exposição é de Walda Marques, fotógrafa convidada especial da 4ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, que nesta terça-feira, 2 de abril, participa de um bate papo, a partir das 19h, lá mesmo no MUFPA. Entrada franca.

Em 2014 ela vai completar 25 anos de carreira e vai conversar com o público sobre as motivações que a levaram para o campo da fotografia, seu trabalho de estúdio e seu envolvimento especial com a poética do retrato. Na oportunidade falará também sobre a série inédita e exclusiva em cartaz até dia 26 de maio.

“Walda Marques foi a Cuba e fotografou lugares e pessoas que podiam estar juntos de nós. Uma mercearia com senhores conversando poderia estar no Bairro da Campina. Uma moça vendendo pastel estaria também em São Braz nos arredores da rodoviária. Os vestidos de noiva certamente estiveram em alguma esquina da 28 de Setembro dos anos 70”, escreve o curador Mariano Klautau Filho, apresentando a exposição.

“Eu sempre tive vontade de ir a Havana, não pela questão política, mas para conhecer de perto cultura do lugar. Fiquei encantada com a música e todas as outras vertentes culturais do país, com as quais já tinha muita identificação. Quando cheguei lá, me senti em casa”, diz Walda.

A exposição reúne 15 fotografias. São ambientes residências e comerciais onde, ora podemos imaginar seus moradores, ora os vemos intrínsecos a eles. Há ainda algumas vitrines, carros antigos.

“A artista transforma o ambiente em retrato e o retrato na dimensão espacial do lugar. Temos a mesma energia para a paixão e uma história cultural muito próxima. Em Belém temos um Brasil caribenho que, a duras penas, mantém seus vestígios”, complementa Mariano.

“É tudo muito parecido comigo, com a minha casa”, compara Walda, que mora em uma casa antiga, decorada com inúmeros móveis e objetos que bem poderiam pertencer a uma residência cubana. Cuba nos traz fortes influências culturais. Fui como turista e aproveitei a oportunidade para andar pela cidade e fotografar. Bati na porta da casa das pessoas e pedi pra entrar”, lembra Walda.

“A passagem breve de Walda por Havana e outras cidades de Cuba nos trouxe a suavidade dos gestos e das expressões e uma sensação de já ter estado naqueles lugares ou reconhecido aquelas pessoas em nossos tios, amigos ou vizinhos. Na elegância discreta de um movimento rápido do olho que só a fotografia pode nos dar”, finaliza o curador.

Walda Marques iniciou na fotografia em 1989, participando de oficina do fotógrafo Miguel Chikaoka na FotoAtiva. Em 1993 participou do Salão Paraense de Arte Contemporânea e no mesmo ano das coletivas “Fotografia construída”, no Museu Lasar Segal e “Fotografia Brasileira Contemporânea”, no SESC – Pompéia, SP.

Em 1994 realizou sua primeira exposição individual “Maria tira a máscara que eu quero te ver”. Em 1998, ganhou o prêmio CCBEU com “A estória de Bernadeth” e com o “O Homem do Hotel Central” ganhou prêmio ABRA-Coca-Cola, SP. Participa, desde 1992, de várias edições do Salão Arte Pará como artista selecionada, premiada e convidada especialmente nas edições de 2006 e 2009.

Em 2005, fez parte do Panorama de Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo. Publica as fotonovelas “O Homem do Central Hotel” em 1998 e “A Iludida” em 2004 e o livro “Lembranças” em 2009.

A fotógrafa também possui trabalhos em acervos como “Fotografia Contemporânea Paraense – Casa das Onze Janelas” em Belém e “Coleção Pirelli/MASP de Fotografia” em São Paulo.

Serviço

“Os Lugares do Retrato – Uma conversa com Walda Marques”. Nesta terça-feira, dia 02 de abril, às 19h, no Museu da UFPA, com entrada franca – Av. Generalíssimo Deodoro, esquina da Gov. José Malcher.

Prêmio Diário inaugura exposição harmoniosa

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A Casa das Onze Janelas é, mais uma vez, um espaço aberto aos sentidos. Na exposição Homem Cultura Natureza há ensaios fotográficos, vídeo arte e instalações sonoras e imagéticas, que trazem ao público as essências presentes também em seus autores, artistas interessados em experimentar com verdade e coragem de expandir as ideias para além das imagens. São 25  obras selecionadas este ano, três delas, como se sabe, premiadas.

Na cerimônia de abertura, que aconteceu na noite desta última terça-feira, 26 de março, estiveram presentes representantes dos realizadores do prêmio, o Jornal Diário do Pará e do Grupo RBA de Telecomunicações, dos patrocinadores, Vale e Pátio Belém, membros do júri formado este ano e a equipe que organiza e produz o evento, além do público e de artistas que vieram de outros estados e trocaram ideias com os paraenses, que também estão com seus trabalhos na mostra.

Em sua fala de boas vindas, Mariano Klautau Filho, curador do prêmio, reafirmou que o Diário Contemporâneo de Fotografia é uma exposição de arte brasileira, em que a presença do Pará tem se mantido forte por suas próprias razões. Disse ainda que este ano, a comissão julgadora esteve especialmente em sintonia e discutiu muito criticamente cada trabalho inscrito.

“Tivemos uma comissão que fluiu muito bem e que teve acima de tudo noção crítica em suas escolhas. Discutimos cada um dos inscritos, atentos ao que se produz na contemporaneidade, sobre o que cada trabalho se sabia, se tinha alma”, relembrou.

Armando Queiroz, diretor da Casa das Onze Janelas e também integrante do júri, foi de poucas, porém significativas, palavras. Pediu licença e citou Eduardo Galeano (O livro dos Abraços):

“Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovakloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: – Pai, me ensina a olhar!”.

Ao final da leitura Armando arrematou: “Sejam todos muito bem vindos. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é o mar!”, sentenciou instigando as pessoas a mergulhar neste universo de sentidos aguçados pelo olhar provocado pelo evento.

O jovem Emídio Contente, ganhador na categoria local –  Prêmio Diário, no valor de 10 mil reais, elogia a harmonia da montagem. “Está muito bonita. Percebe-se que nesta edição, a fotografia em si está marcando território”, disse ele que reconhece a fotografia paraense como uma referência de produção no país.

“Acho que o Prêmio Diário é uma das provas de que a fotografia paraense existe, não só no sentido histórico, pois não paramos nos anos 1980. A fotografia paraense continua tendo uma produção contemporânea boa e forte, pronta pra receber o mundo e sair pra ele também”, afirmou.

Sobre o seu trabalho, Cobogó, ele diz que espera que o público mergulhe na viagem de um universo próprio como ele mesmo faz em sua pesquisa, iniciada em 2007 e sem data para acabar.

“Cobogó é um trabalho que, em certas horas é muito pessoal e em outras, é universal. Minha ideia é que em cada foto, a pessoa possa ali, naquele furinho, mergulhar em um universo que ela mesma crie ou tenha a curiosidade de entrar e inventar qualquer outra coisa da cabeça dela mesma, e que pode ser totalmente diferente do que eu pensei”, diz o jovem artista.

Daniela Alves, veio do Rio de Janeiro receber a premiação e conhecer Belém

Na opinião do fotógrafo  Luiz Braga, que foi um dos artistas a integrar o júri desta quarta edição, o resultado da seleção dos trabalhos condiz com o cuidado que ele, Armando Queiroz e Maria Helena Bernardes tiveram ao analisar as 310 obras inscritas.

“Eu vejo isso com uma emoção peculiar, principalmente por ter tido o privilégio de ter participado do processo. Eu sei o universo de onde saiu tudo isso. E para mim este também é um grande prêmio. Ter brigado por esse trabalho do Marajó (diz ele apontando na parede a obra de Betania B.) foi acertado. Acabei de conhecer a autora, e isso me fez constatar que ela é exatamente o quem eu imaginava que estava fazendo aquilo. Isso mostra que a gente estava com a antena bem calibrada na hora de perceber os trabalhos”, comentou.

“Pelo que vi aqui, confesso que não me arrependi de nada. Existem um critério que, quem passear pela exposição vai perceber de imediato, que é a sinceridade da exposição, pois eu não admito estelionato artístico, pra mim isso é um pecado que considero mortal. As pessoas que estão aqui têm sinceridade no que fazem e têm aquilo que também considero fantástico, a ousadia de tentar expandir o que fazem, além do que seria esperado, como o cara das salinas (referindo-se a obra Homens de Sal, do paulista Ricardo Hantzschel), que dialoga com o que o Emídio fez também”, disse.

“Aqui está um panorama de uma fotografia, antes de tudo, humanística que respeita o outro, que se permite interpretar sem se apropriar, sem ser aquilo que a gente falou muito na seleção, um predador visual altamente instrumentalizado, que se permite tentar enganar com fórmulas e maneirismos. Não tem nada disso aqui. Estou muito feliz e orgulhoso disso. E já estou querendo ver o catálogo”, enfatizou Luiz.

A carioca Daniela Alves, que recebeu junto com Rafael Adorján, o prêmio Diário Contemporâneo por “Derrelição”, disse que foi muito bem acolhida pela equipe do evento e pela cidade. Os dois chegaram na segunda-feira, 25, para acompanhar o final da montagem e tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da cidade. Impressionada com a qualidade da exposição, ela se diz muito feliz em estar participando desta edição.

“Que bacana estar junto com todos estes outros de jovens artistas que estão produzindo e experimentando. Todos os trabalhos têm uma qualidade incrível. É uma mostra em que você ao participar, dialoga com o Brasil inteiro. Belém é um ponto reconhecido e de referência para a fotografia. Estar em contato com estas pessoas, saber mais um do outro, é realmente muito gratificante”.

Serviço

A mostra Homem Cultura Natureza ficará aberta na Casa das Onze Janelas até dia 26 de maio, com entrada franca – Pça. Frei Caetano Brandão, aberta de terça a sexta das 10h às 18h e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 14h. Mais informações: 91. 4009-8821 (Recepção). Para agendar visitação, ligue para (91) 4009 8845 (8h30 às 13h30). As escolas interessadas também devem preencher a ficha de cadastro e relato no site (www.diariocontemporaneo.com.br).

Exposições abrem na próxima semana

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Cobogó - da obra de Emídio Contente, um dos premiados em 2013

O 4° Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia abre, na próxima semana, dia 26 de março, a partir das 19h, exposição “Homem Cultura Natureza”, tema deste ano, trabalhos dos paraenses Wagner Almeida (Prêmio Homem Cultura Natureza) e Emídio Contente (Prêmio Diário do Pará) e os cariocas Daniela Alves e Rafael Adorjan (Prêmio Diário Contemporâneo). E entre as 310 inscrições deste ano, outros 22 artistas foram selecionados. Todos ficarão expostos na Casa das Onze Janelas, até dia 26 de maio.

No dia seguinte, 27 de março, também às 19h, no Museu da UFPA, o prêmio ainda abrirá mais duas exposições. “Românticos de Cuba”, com fotografias de Walda Marques, a artista convidada deste ano, e “Cenário e Personagens”, que reúne obras de mais 8 artistas convidados.

Na mostra estão obras de Ana Mokarzel, Marcelo Lelis, Rogério Uchôa, Danielle Fonseca, Bruno Leite, Mateus Moura, Luiza Cavalcante e Valério Silveira, artistas que representam a produção atual da cidade.

Mais programação – Até maio também serão realizadas oficinas e mostras, com entrada gratuita. Uma delas “Experimentos com a imagem que se move – Laboratório de Vídeo”, com o Coletivo Cêsbixo, de 1o a 12/04, das 14h às 18h, no IAP. As inscrições estão abertas até dia 29, pelo site  www.diariocontemporaneo.com.br.

Além da premiação e das conversas e cursos entre artistas e público, um foco que vem sendo cada vez mais enfatizado dentro do prêmio é a formação. Por meio de sua ação educativa, o Diário Contemporâneo de Fotografia oferece arte como ferramenta de educação. A proposta é organizar a ação de forma que a linguagem visual e a arte contemporânea representadas em cada obra, sejam utilizadas como prática também em sala de aula.

Formação – A 4ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia oferece arte como ferramenta de educação.  O jornal tabloide que será distribuído nas galerias vai trazer instruções para que o professor aplique na escola, as mesmas ações de jogos e atividades que serão utilizadas pelos mediadores, jovens estudantes de artes visuais, durante as expedições escolares nas exposições.

Todo o conteúdo necessário para cumprir esta meta esta nas exposições que trazem em “Homem Cultura Natureza”, um panorama da fotografia brasileira atual; em “Românticos de Cuba”, uma fascinante viagem ao universo cotidiano dos moradores de Havana e em “Cenário e personagem”, um recorte da mais recente produção de fotografia realizada em Belém do Pará.

Os educadores interessados nas visitações devem preencher uma ficha de cadastro no site www.diariocontemporaneo.com.br sobre a escola e depois confirmar sua participação pelo telefone de contato disponível. Todos os que participarem devem depois também fazer um relato de experiência, que consta também no site. A ideia é que os professores fiquem cada vez mais integrados também ao projeto.

Serviço

Museu Casa das Onze Janelas (Pça. Frei Dom Caetano Brandão, s/n – Cidade Velha) – IAP (Pça. Justo Chermont, s/n, ao lado da Basílica de Nazaré) – Museu da UFPA (Gov. José Malcher, 1192 – Nazaré). Entrada franca. Mais informações: Rua Gaspar Viana, 773 – Reduto Belém – PA. Fone: (91) 3184.9327 / 8367.2468. Mais informações: www.diariocontemporaneo.com.br.

Uma oficina para expandir as ideias

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O CêsBixo: Marise Maués, Carol Lisboa, Bruno Leite e Pedro Rodrigues

Esta semana  as ações do IV Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia ficam mais intensificadas. Além das montagens das exposições que ocuparão os espaços da Casa das Onze Janelas e do Museu da UFPA, respectivamente nos dias 26 e 27 de março, serão abertas, a partir desta segunda-feira, 18, as inscrições para oficina “Experimentos com a imagem que se move – Laboratório de Vídeo”, que o “Coletivo Cêsbixo” irá ministrar de 1 a 12 de abril, no Instituto de Artes do Pará.

O curso é voltado ao pensar fotográfico de forma expandida. Abrangendo a fotografia em múltiplos suportes e meios, como também a questão autoral. Buscando uma dissolução da autoria para a construção de autoria coletiva. Tendo como ator principal o vídeo, por abarcar várias outras linguagens e desdobramentos técnicos e estéticos.

Dessa forma a dinâmica da oficina será baseada na produção de conteúdo que visa criar uma experiência multimídia de cunho documental sobre o salão e seu tema (Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia). A partir da formação de dois grupos que irão produzir de forma coletiva. Porém os participantes de cada coletivo possuirão suas funções determinadas como: redator, produtor, operador de equipamento de captura e editor.

“A intenção é chegar ao resultado em vídeo sim. Mas além do resultado temos a intenção de dar ênfase na linguagem fotográfica e videográfica, suas divergências e convergências, alinhado ao pensamento da fotografia contemporânea que tanto nos influencia e que é a matéria prima do Prêmio Diário”, explica Pedro Rodrigues, do Cêsbixo.

As principais produções do coletivo no campo artístico foram: a produção do vídeo arte “Chippendale”, selecionado na III edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, e no campo documental e comercial, produções em vídeo para a Kamara Kó Galeria, e produção gráfica para a rede de restaurantes Pomme d’Or.

“Pensamos que a produção tem como elemento chave a linguagem, que deve ser sempre bem pensada e administrada de acordo com os recursos que são empregados e com o tipo de material que se pretende obter no final”, explica Pedro.

O Cêsbixo existe desde 2010, formado por artistas visuais que atuam tanto em salões e projetos de arte como em projetos comerciais de fotografia, vídeo e design. O coletivo tem como objetivo integrar áreas de interesse em busca de um produto final de melhor qualidade que converse com múltiplas formas de linguagem visual, dialogando com vários suportes, seja no âmbito artístico ou comercial.

O 4º Prêmio Diário contemporâneo de Fotografia é uma  realização do Jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale e do Shopping Pátio Belém,  e tem apoio institucional da Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Instituto de Artes do Pará e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA).

Serviço

Experimentos com a imagem que se move – Laboratório de Vídeo. Oficina com o Coletivo Cêsbixo – 1 a 5 e 8 a 12 de abril, no Instituto de Artes do Pará. Das 14h às 18h.  INSCRIÇÕES gratuitas: de 18 a 29 de março, pelo site www.diariocontemporaneo.com.br. Mais informações: Informações: Rua Gaspar Viana, 773 – Reduto Belém –PA – ou (91) 31849327/83672468 contato@ diariocontenporaneo.com.br