O Prêmio segundo o artista: Ionaldo Rodrigues (PA)

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Obra da série Botânica do Asfalto, de Ionaldo Rodrigues, selecionada para o Prêmio em 2011.

“Penso que o Prêmio Diário estabelece um diálogo entre o contexto nacional e o local bem característico dos tempos atuais. Ao mesmo tempo em que as trocas entre curadores, artistas e público daqui e de outros lugares é muito dinâmica e ampla em termos espaciais e conceituais, as mesmas trocas acontecem no ritmo das agendas lotadas ou limitações financeiras para uma permanência maior de artistas e curadores externos na programação de oficinas, por exemplo. O ganho que tivemos com a participação do Leonardo Sette [um dos premiados de 2011] no Café Fotográfico [evento da Associação Fotoativa] e a leitura de portfólio que o Eder Chiodetto fez em 2010 [durante a primeira edição do Prêmio] mostram a importância dessa troca ser ampliada.

A importância das oficinas e palestras para a formação e aproximação do público e dos artistas é bem grande. O desdobramento delas no catálogo do Prêmio e no jornalismo cultural é também um ponto forte.

Dentre os fatores mais interessantes em participar do prêmio penso que a projeção nacional em um projeto que abarca a fotografia como produção de conhecimento conceitual, técnico e sensível é o mais importante.

Torço pra que o Prêmio Diário tenha muitas edições e espero que junto com a cena artística ele também amplie no cenário local as possibilidades da presença fotográfica na urgência dos meios de comunicação como o jornal, mas também no tempo expandido das imagens fotográficas arquivadas em acervos públicos e privados da cidade.”

Ionaldo Rodrigues (PA) – Selecionado no Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia em 2011.

Instigando a reflexão sobre a imagem

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Ações educativas integram a programação do Prêmio. Acima, monitora em atividade de 2011. Foto: Irene Almeida.

Não somente um concurso fotográfico. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia chega à terceira edição mantendo as ideias de instigar os artistas com temas propositivos e de fomentar a formação e o conhecimento no âmbito das artes.

Lançado em 2010, o projeto tem uma proposta ampla, reunindo a premiação a atividades educativas e proporcionando um diálogo da produção fotográfica do Pará com o que é realizado em todo o Brasil.

Segundo o curador, Mariano Klautau Filho, trata-se de uma iniciativa pioneira: “Não se resume a uma atividade competitiva. São palestras, oficinas, mostras, atividades educativas e publicação. É uma mostra nacional, com trabalhos de artistas do Brasil todo realizado em Belém. Isso é pioneiro, ou seja, o fato de ser um projeto amplo e nacional. É competitivo, sim, porque é um edital com comissão de seleção e premiação, porém os prêmios não são hierárquicos”.

Desde a primeira edição, o Prêmio tem investido em temas que fujam do caráter generalista presente em antigos concursos. “Precisa ser algo que se torne uma proposição para o artista sem restringir sua liberdade”, explica Mariano. “Deve ser amplo, mas tem que ser uma ideia que os mobilize”.

Em 2012, esta concepção é mantida com o tema “Memórias da Imagem”, resumido pelo curador como “um modo de pensar a fotografia como uma memória que acontece no aqui e agora. E também pensar nas memórias que nós (ao ver ou produzir imagens) atribuímos às imagens”, “uma espécie de reinvenção da memória, algo que se experimenta no presente, algo que construímos, portanto uma memória ou verdade construída”.

O tema permeará também a programação de oficinas e palestras, que ainda está sendo definida e em breve será publicada aqui no site.

Fotografia e a reinvenção da memória

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Visitante observa obra de Leonardo Sette, vencedor do Prêmio Diário Contemporâneo 2011. Foto: Irene Almeida.

Refletindo sobre a relação entre imagem e memória, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, chega à sua terceira edição.

O tema deste ano é “Memórias da Imagem”, que parte da associação constante que se faz da fotografia com a memória, pelo caráter de registro da imagem fotográfica, que promove um diálogo constante com o passado.

De acordo com o curador, Mariano Klautau Filho, na apresentação do tema “Memórias da Imagem”, este ano o Prêmio propõe que se desenvolva uma “concepção em que a imagem fotográfica seja uma experiência atemporal”, que possua em si “também uma espécie de memória particular atravessada pelo passado, presente e futuro”. Segundo ele, esta terceira edição convida o artista “a pensar quais os modos de memória reinventados pela fotografia e como esses elementos podem se constituir como pensamento artístico”.

A partir de 18 de janeiro, o edital de 2012 pode ser acessado aqui no site e também no escritório do Prêmio (Rua Gaspar Viana, n. 773), no Instituto de Artes do Pará, Casa das Onze Janelas, Associação Fotoativa, Sol Informática e Museu da UFPA.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional, aberto a todos os artistas brasileiros ou residentes no país e as inscrições poderão ser realizadas até 18 de fevereiro, gratuitamente, com depósito das obras pessoalmente, pelos artistas residentes em Belém, ou por correio.

Serão oferecidos três prêmios no valor de R$10.000,00 cada: Prêmio Memórias da Imagem, Prêmio Diário Contemporâneo e Prêmio Diário do Pará, este último dedicado somente aos artistas do estado. No total, serão selecionados até 23 artistas – incluindo os três premiados – que participarão da Mostra III Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, na Casa das Onze Janelas, de 28 de março a 27 de maio de 2012.

Além da premiação, o projeto contará com uma série de ações de incentivo à educação e à pesquisa realizadas em Belém, como encontros com artistas, oficinas, palestras e atividades em escolas. O calendário completo estará no ar em breve.

Última semana para conferir a mostra Crônicas Urbanas

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Quem ainda não visitou a mostra Crônicas Urbanas, em cartaz no Museu da Universidade Federal do Pará, tem até o próximo domingo, dia 15. A exposição é composta por obras de 21 artistas de todo o Brasil, selecionados entre 254 trabalhos vindos de todas as regiões do país.

Participam da mostra os artistas Silas José de Paula (CE) – Prêmio Crônicas Urbanas; Leonardo Sette (PE) – Prêmio Diário Contemporâneo; Roberta Carvalho (PA) – Prêmio Diário do Pará; Anita de Abreu e Lima (PA); Everaldo Pereira do Nascimento (PA); Ionaldo Rodrigues da Silva Filho (PA); Ricardo Macêdo (PA); Keyla Sobral (PA); Carlos Alexandre Dadoorian (SP); Fabio Okamoto (SP); Felipe de Aquino (SP); Coletivo Cia de Foto (SP); Fernanda Grigolin (SP); Francilins Castilho Leal (MG);  Pedro Castello Branco (MG); Viviane Gueller (RS); Marina Rieck Borck (SC); Fernanda de Oliveira Antoun (RJ); José Diniz (RJ); Haroldo Sabóia (CE) e Péricles Mendes da Silva (BA).

 

Mutações do Fotográfico

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Curador geral do Prêmio Diário Contemporâneo, Mariano Klautau Filho realiza palestra no Instituto de Artes do Pará

> Detalhe da instalação “Reflexões II”, de Mateus Sá, selecionada na primeira edição do prêmio

Em um exercício de reflexão sobre o trabalho de alguns artistas participantes das duas edições do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o fotógrafo, professor e curador Mariano Klautau Filho ministra nesta terça-feira (10), a palestra “Mutações do Fotográfico”, no Instituto de Artes do Pará (IAP), com entrada franca.

Tomando como base conceitos como fragmentação, deslocamento, ação e narrativa, a atividade propõe a compreensão da atitude poética dos artistas Mateus Sá, Paulo Wagner, Yukie Hori, Gina Dinucci e Rodrigo Torres, participantes da primeira edição do prêmio, que se dedicou ao tema “Brasil, Brasis”; e dos selecionados na segunda edição do projeto, voltada ao tema “Crônicas Urbanas”: Leonardo Sette, Roberta Carvalho, Ricardo Macedo e Keyla Sobral.

> Detalhe da obra “Desenho Fotográfico”, de Keyla Sobral

A ideia, elucida Mariano, é abordar as possibilidades de diálogo entre a fotografia e as mais diversas linguagens artísticas, como o objeto, a instalação, o cinema, o vídeo, a pintura, a performance ou o desenho, o que traduz “a presença inquieta da fotografia no mundo”.

“A fotografia como pensamento está em constante mudança na história da arte, na filosofia, na comunicação, na cultura. E o nosso papel é manter este movimento, esta dinâmica da reflexão sobre essa presença. São mutações de diversas naturezas”, observa.

Sob este aspecto, Mariano, que assina a curadoria geral do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, irá abordar as relações distintas com a fotografia propostas por cada um dos artistas escolhidos. Como, por exemplo, a atmosfera de cinema que marca o trabalho “Luzes Inimigas”, do pernambucano Leonardo Sette, premiado na categoria Diário Contemporâneo.

> Imagem da série “Deixe-me falar sobre meu pai”, de Ricardo Macedo

“O Leonardo estrutura seu trabalho como se fossem peças de um filme em construção: legendas que parecem elementos de um roteiro, imagens que poderiam sair de um storyboard”, diz Mariano. “De repente, a sequência de fotografias em preto e branco, aparentemente tão convencional, vira um labirinto ficcional pelo arranjo narrativo que ele propõe na parede da galeria”, observa.

Também ganha destaque o flerte entre desenho e fotografia presente na obra “Desenho Fotográfico”, de Keyla Sobral, em que ela conjuga texto e traços sutis em nanquim para construir uma narrativa sobre perda, memória e efemeridade – repleta de referências à arte fotográfica.

Já em “Reflexões II”, selecionado na primeira edição do prêmio Diário Contemporâneo, o pernambucano Mateus Sá busca um diálogo envolvendo questões relacionadas à existência, ao meio ambiente, ao individual e ao coletivo, lançando mão de uma narrativa híbrida.

“Poderíamos dizer que é uma video-performance que se realiza também numa instalação fotográfica. Nesta mistura de linguagens, Mateus consegue uma coesão forte. E neste sentido, aciona especialmente dois dos elementos que vou usar como norteadores das análises, como ‘deslocamento’ e ‘ação’”, explica o curador.

SERVIÇO

Hoje, às 19h, palestra “Mutações do Fotográfico”, com o fotógrafo, professor e curador Mariano Klautau Filho, no IAP – Instituto de Artes do Pará (pça. Justo Chermont, 236, ao lado da Basílica). Entrada franca. Informações: 3224-0871.

(Texto: Assessoria de Comunicação)

Redutos da memória

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Luiz Braga apresenta imagens inéditas em que a ausência é principal personagem

> Imagem da série Solitude, de Luiz Braga

Cadeiras vazias. Um corredor. Xícaras penduradas. Uma máquina de costura. Um ferro de passar roupas. Um vaso de cristal sobre uma toalha de crochê. Um copo americano com café com leite, um açucareiro. Objetos que representam ausências: a falta de alguém para sentar, para passar pelo corredor, para beber nas xícaras, para adoçar a média. Na mostra “Solitude”, com fotografias de Luiz Braga, fotógrafo convidado do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, vê-se memórias de quem não está.

>> Confira galeria de imagens sobre a mostra Do Outro Lado da Rua

A exposição segue em cartaz até o dia 15 de maio, no Museu da UFPA. Na série de 11 imagens inéditas – são três fotografias em preto e branco e oito coloridas, nas quais feixes de luz e tons de verde se destacam – o paraense apresenta um trabalho diferenciado.

Sua longa trajetória imagética, marcada pela forte presença humana, aqui se faz inversa. É por meio da falta das pessoas, que estão ligadas cotidianamente àqueles objetos, que surgem lembranças dos tempos de outrora e do afeto que existe impresso nas coisas e cômodos de um lar.

A mostra retrata momentos importantes da vida de Luiz Braga, com situações fotografadas em casas distintas, como a do escritor paraense Bruno de Menezes, na Cidade Velha. Desta residência, a imagem de um mosquiteiro e uma luminária de uma alcova. O fotógrafo recorda-se imediatamente que quando criança, era em um lugar como esse que ele adormecia. Por várias vezes recorda-se da madrinha, que costurava. O estalar das agulhas fixando a linha no pano ainda é latente. Também lembra do crochê que ela fazia. “Tinha em todo lugar. Te confesso que não gostava, achava cafona. Mas quando saí da adolescência – quando negava tudo isso-, e consegui enxergar o que tem de carinho e afeto naqueles pontos… passei a entender”, diz.

“O conceito da exposição surgiu pelas trocas afetivas, de coisas que aconteceram comigo, que falam a mesma coisa. Essas fotos acabaram sendo a realização de um desejo de partilhar as minhas lembranças com os outros”, conta.

As fotografias, a princípio, não foram feitas para uma mostra específica. A primeira data de 1975, e mostra o quintal de sua antiga casa, onde cadeiras de ferro foram abandonadas. Esta é a única imagem feita com objetos que pertenceram à sua família. A mais recente, de 2004, e única feita com tecnologia digital, mostra uma cena comum das tabernas de bairro: uma média com um açucareiro de metal desgastado, “onde a colher nunca está no lugar certo”, ele observa. Foram quase trinta anos para perceber a unidade entre as 11 fotografias.

A dinâmica da produção de Luiz é assim: o tempo dá o tom, a cor, o conceito. E “Solitude” só faz sentido nesse exato momento da existência do fotógrafo. Luiz explica o motivo para expor algo tão subjetivo: a necessidade de externar questões pessoais e confrontar a finitude da vida. “Aos 54 anos, de repente me confrontei com a vida. Não perdi pai nem mãe. Eu vou ser avô. Mas podem acontecer muitas mudanças no período de seis meses. A vida vem e de repente você sente o tranco. Vou ter que lidar em breve com isso”, explica-se.

“No momento em que eu me lanço nesses objetos, estou em busca do meu sentimento”. Ao invés de fotografar a finitude impressa nas coisas ao seu redor, Luiz partiu em busca dos objetos dos outros, para através destes falar do seu afeto e do receio das perdas.

VÍDEO

Em outro trabalho também inédito e desta vez em vídeo, Luiz apresenta a crônica de uma relação urbana, de bairro. O vídeo “Do outro lado da rua”, que será apresentado no dia 16, no Museu Casa das Onze Janelas, o autor apresenta cerca de 70 fotografias de uma novena feita na casa de Dona Zuleide. A vizinha morava em uma casa da Travessa Tirandentes, no bairro do Reduto, em frente de onde hoje localiza-se o seu estúdio fotográfico. E sempre a observava na janela, com um cachorro pequinês nas mãos. Católica, a vizinha sempre recebia as peregrinações da imagem de Nossa Senhora de Nazaré, durante a quadra do Círio. Em uma dessas visitas, em 2003, o fotógrafo decidiu que deveria registrar a fé daquele grupo de idosos.

“O que existia de afetividade, de tradição nesse espaço de convivência, hoje não há mais”, lamenta o fotógrafo. A edição do vídeo é assinada por Alberto Bitar, editor de fotografia do Diário do Pará. E na trilha sonora, as ladainhas que são cantadas em novenas, marcadas pelo barulho das demolições e construções que assolam o bairro.

VISITE

Mostra SOLITUDE

até 15 de maio

Museu da UFPA

Entrada franca

Mostra DO OUTRO LADO DA RUA

até 15 de maio

Museu Casa das Onze Janelas

Entrada franca

Das páginas do jornal para a galeria

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> Imagem do fotógrafo Anderson Coleho, que integra a mostra “Diários da Cidade”

Pela natureza da sua atividade diária, os fotojornalistas do Diário do Pará compõem mostra especial do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, que será aberta hoje (16), às 19h, no Museu Casa das Onze Janelas. A coletiva “Diários da Cidade” reúne imagens de 18 fotógrafos.

A ideia da mostra surgiu a partir do tema do projeto este ano: Crônicas Urbanas. A curadoria foi feita pelo curador geral do Prêmio Diário Contemporâneo, Mariano Klautau Filho; e pelos editores de fotografia do Diário do Pará, Alberto Bitar e Octávio Cardoso, que fez uma seleção cuidadosa, baseando a escolha no estilo de cada fotógrafo. Por conhecerem de perto o trabalho de todos os fotógrafos, os editores buscaram o acento mais autoral de cada um deles.

SELEÇÃO

Selecionar as fotografias para a mostra foi um árduo trabalho. Diariamente, o volume de fotografias produzidas para o jornal é muito grande. Diante da predominância de temas factuais nas imagens, determinadas quase sempre por uma pauta jornalística, observar a plasticidade e os elementos visuais foi essencial para a curadoria. “Os fotojornalistas são autênticos cronistas visuais do cotidiano. Agora a questão do factual deve ser reconstruída revelando o potencial plástico das imagens. O factual tem sua força, mas a fotografia vai permanecer como imagem quando o impacto gera um outro tempo, não mais o factual”, explica Mariano. Octávio complementa que a intenção é expor que os repórteres fotográficos têm poética própria. Ele elucida que não se trata de uma mostra de fotojornalismo, mas de fotógrafos que são fotojornalistas.

Nas imagens apresentadas, Belém e outras cidades dos arredores com suas belezas e tristezas. Cenas das editorias de Polícia e Cidades são predominantes: crimes, incêndios, desastres como o desabamento do prédio na Travessa Três de Maio, enchentes, árvores derrubadas, cenas corriqueiras da periferia, como o movimento em uma quitanda de frutas. As luzes do caos urbano, o movimento de chegada na capital paraense pela visão dos ribeirinhos, de quem mora do outro lado do rio Guamá, crianças brincando de futebol em uma rua de piçarra. “A cidade é a protagonista”, define um dos curadores da mostra, Alberto Bitar. “Tentamos pinçar as fotos pela vida que contêm, independente de estar mostrando um assunto específico, e para mostrar o outro lado da produção desses fotógrafos”, diz Octávio.

Em imagens, o ritmo da cidade

Aproposta é mostrar o trabalho de fotógrafos que estão intimamente relacionados com a dinâmica da cidade. “Algumas imagens não foram publicadas no jornal, mas marcaram muito quando foram feitas, ficaram na nossa memória. Selecionamos as fotografias em conjunto com cada fotógrafo, tiramos outras do acervo do jornal”, diz Alberto Bitar, acrescentando que fotógrafos como Wagner Almeida e Anderson Coelho apresentarão trabalhos inéditos, em vídeo.

Em “Lume”, de Wagner Almeida, um som veloz, rápido, dá o tom das imagens do trânsito caótico de Belém, à noite, em que luzes brancas e vermelhas dos carros compõem as fotografias. Já em “Margem”, de autoria de Anderson Coelho, a ideia é retratar a saída diária de pessoas que moram nas ilhas ao redor de Belém, rumo à capital. Segundo Alberto, que também participou da produção e edição dos vídeos, os trabalhos se completam e por isso vão estar dispostos diametralmente na sala da exposição do Museu Casa das Onze Janelas.

“É a Belém de dentro e de fora. São olhares que se completam. Um mostra a correria de Belém e outro a calma do rio”, comenta.

“A mostra também é uma oportunidade para o fotógrafo experimentar, levando a fotografia estática para o suporte em movimento. Isso é um bom exemplo de como é possível reinventar o tempo de uma fotografia que esteve nas páginas de um jornal e criar uma outra intenção”, acrescenta Mariano, destacando que é também um modo do fotojornalista ver o seu trabalho em outro contexto e perceber outros potenciais.

VISITE

Mostras “Diários da Cidade”, no Museu Casa das Onze Janelas (Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha). Informações: 3224-0871 / 3242 – 8340 / contato@diariocontemporaneo.com.br

Bate-papo “Diários da Cidade” será nesta quinta

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> Imagem do fotógrafo Mauro Ângelo, que integra a mostra “Diários da Cidade”

Os fotógrafos que participam da mostra “Diários da Cidade” são convidados a um debate com o público sobre a sua condição de cronistas visuais e as possíveis mudanças existentes na transposição de suas imagens para o espaço da galeria. O bate-papo homônimo, que contará com a participação do fotógrafo Octávio Cardoso, editor de fotografia do Diário do Pará, com mediação da jornalista Dominik Giusti, acontece na próxima quinta-feira (31), às 19h, na Sala Gratuliano Bibas, no Museu Casa das Onze Janelas.

Ao transpor o trabalho das páginas de um jornal para uma galeria de arte, certas intenções e práticas mais factuais abrem espaço para uma leitura mais plástica da ação de registro, livre das legendas e das informações objetivas. Sem perder o embalo do calor das ruas podemos observar, em um tempo mais longo, o trabalho destes fotógrafos e perceber outros tempos superpostos em suas imagens.

PARTICIPE

Bate-papo “Diários da Cidade”, com Octávio Cardoso e fotógrafos do Diário do Pará. Nesta quinta-feira (31), na Sala Gratuliano Bibas, no Museu Casa das Onze Janelas. Informações: 3224-0871 / 3242–8340 / contato@diariocontemporaneo.com.br

Oficina “Diálogos Fotográficos”: confira selecionados

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Foram divulgados hoje (28) os nomes dos selecionados para a oficina “Diálogos Fotográficos”, com Alexandre Sequeira. Tendo o eixo temático “Crônicas Urbanas” como elemento indutor, a atividade pretende estimular a construção de poéticas que, a partir da ação de duplas, estabeleçam relações dialógicas em torno de questões relacionadas à cidade. A oficina lançará mão de procedimentos como dupla exposição em filme cromo, pincel de luz, e outras possibilidades de “conversa” entre as duplas de participantes.

Confira abaixo a lista de selecionados:

1. Alexandre Silva

2. Analú Moraes

3. Bárbara Freire

4. Caio José de Carvalho Brito

5. Cindy Luiza Machado Dória Lopes

6. Desirèe Costa Giusti

7. Douglas Augusto da Silva Caleja

8. Elaine Andrade Arruda

9. Elen Espíndola de Santa Brígida

10. Eline Ribeiro do Nascimento

11. Fátima do Rosário Pacheco Soares

12. Flávia Suanny Santa de Souza

13. Ionaldo Rodrigues da Silva Filho

14. José Ricardo Carvalho de Macêdo

15. Karol Khaled

16. Magalene Rayol Gaspar

17. Mara Rodrigues Tavares

18. Marcos Joel dos Reis

19. Marise Maués Gomes

20. Marta de Lourdes Cosmo Macedo

21. Paulo Sérgio das Neves Souza

22. Renan Marinho de Pina

23. Sandro Destro Lima

24. Simone do Socorro Jares Novaes

25. Sissa Aneleh Batista de Assis

26. Tarso Glaidson Sarraf

27. Teonila Bezerra Lima

28. Veronique Isabelle

29. Wagner Yoshihiko Okasaki

30. Walbert Leite dos Santos

Alexandre Sequeira ministra “Diálogos Fotográficos”

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> “São João e os sapatos”, da série Meu Mundo Teu, de Alexandre Sequeira

Olhar para si e para o outro. Com essa premissa, na oficina “Diálogos Fotográficos”, que integra do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o elemento fundamental para pensar a imagem e a cidade será a conversa, o diálogo. Alexandre Sequeira, professor da Faculdade de Artes Visuais da UFPa e artista visual, é quem vai ministrar a atividade e a ideia é provocar debates sobre experimentação na fotografia contemporânea, para impulsionar o desenvolvimento de trabalhos artísticos. As inscrições estão abertas até o próximo dia 25 e podem ser feitas presencialmente, no Museu da Universidade Federal do Pará.

A partir dos diálogos entre os participantes, a oficina vai permitir a construção de olhares, sejam eles congruentes ou diferenciados. A proposta é justamente descobrir possíveis maneiras de integrar essas concepções na fotografia, com a formação de duplas. “Mais do que ensinar questões novas, a oficina vai funcionar como um laboratório de construção de poéticas, que serão direcionadas pelo tema ‘Crônicas Urbanas’”, explica Alexandre, que enfatiza a dinâmica de pensar a cidade a partir do outro, do parceiro, em um exercício coletivo de diálogo.

“Será um espaço de articulação de ideias, de realização coletiva”, complementa. As duplas poderão utilizar equipamentos digitais ou analógicos e serão orientadas a utilizar técnicas distintas para cada aparelho. Quem optar pelo analógico usará filme cromo com a chamada “dupla exposição”. Como o próprio nome sugere, o procedimento consiste em fotografar com o mesmo fotograma duas vezes, o que resulta em uma imagem com duas fotos sobrepostas. Para conseguir esse efeito é necessário que o filme não avance, mesmo com a liberação do obturador da câmera – aquela janelinha frontal que abre e fecha. Depois do disparo, a imagem será registrada em cima da que já foi feita previamente. Também conhecido como slide, diapositivo ou reversível, o cromo é um tipo de filme fotográfico colorido que permite maior definição da imagem devido à sua granulação mais fina.

Em filmes comuns – aquele rolinho que se costumava usar em câmeras domésticas, conhecidos como negativos –, a imagem é registrada e durante a revelação são invertidos tons e cores. Com as câmeras digitais, o processo que será utilizado é conhecido como “pincel de luz”. Também proveniente do analógico, a técnica constitui- se em manter o obturador aberto pelo tempo que o fotógrafo achar necessário para fazer “pinceladas de luz” no filme.

“Todos os efeitos luminosos serão gravados no filme, que fica permanentemente exposto, com oscilações entre escuridão total e claridade. Assim o artista vai ‘pintando’ o filme, com auxílio de uma lanterna, por exemplo”, explica Alexandre. Em câmeras digitais existem dispositivos específicos para programá-la a ficar registran- do imagens de forma contínua.

“Todas as fontes de luz serão captadas enquanto aperta-se o botão da máquina e o fotógrafo registra o que quiser”, completa o professor.

DISCUSSÃO

A oficina será ministrada em quatro encontros presenciais e inclui ainda a discussão de textos indutores à percepção, à construção e à reflexão da dinâmica de experimentação de cada dupla. Entre os autores estão Nelson Brissac Peixoto, filósofo e professor da PUC-SP e Ítalo Calvino, escritor italiano.

Nos dias de semana, a dupla ficará livre para fotografar e pensar no que será produzido. O objetivo é permitir que cada integrante possa compreender os procedimentos fotográficos para além da produção de imagens e seja capaz de defender sua poética. “Ao final, as duplas vão mostrar os resultados e defender o que foi apresentado. Quero que eles pensem no resultado de um diálogo em forma de um dossiê”, elucida Alexandre, acrescentando que essa é a maneira que muitos salões observam a produção fotográfica contemporânea.

PARTICIPE

II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia apresenta a ocina “Diálogos Fotográficos”, com Alexandre Sequeira. As inscrições podem ser feitas presencialmente, até 25/03, no Museu da Ufpa (Av. José Malcher, 1.192, Nazaré). As atividades serão realizadas de 02 a 30/04. Inscrição gratuita. Informações: 3224-0871.