Abertura da mostra Crônicas Urbanas

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Bate-papo “Diários da Cidade” será nesta quinta

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> Imagem do fotógrafo Mauro Ângelo, que integra a mostra “Diários da Cidade”

Os fotógrafos que participam da mostra “Diários da Cidade” são convidados a um debate com o público sobre a sua condição de cronistas visuais e as possíveis mudanças existentes na transposição de suas imagens para o espaço da galeria. O bate-papo homônimo, que contará com a participação do fotógrafo Octávio Cardoso, editor de fotografia do Diário do Pará, com mediação da jornalista Dominik Giusti, acontece na próxima quinta-feira (31), às 19h, na Sala Gratuliano Bibas, no Museu Casa das Onze Janelas.

Ao transpor o trabalho das páginas de um jornal para uma galeria de arte, certas intenções e práticas mais factuais abrem espaço para uma leitura mais plástica da ação de registro, livre das legendas e das informações objetivas. Sem perder o embalo do calor das ruas podemos observar, em um tempo mais longo, o trabalho destes fotógrafos e perceber outros tempos superpostos em suas imagens.

PARTICIPE

Bate-papo “Diários da Cidade”, com Octávio Cardoso e fotógrafos do Diário do Pará. Nesta quinta-feira (31), na Sala Gratuliano Bibas, no Museu Casa das Onze Janelas. Informações: 3224-0871 / 3242–8340 / contato@diariocontemporaneo.com.br

Oficina “Diálogos Fotográficos”: confira selecionados

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Foram divulgados hoje (28) os nomes dos selecionados para a oficina “Diálogos Fotográficos”, com Alexandre Sequeira. Tendo o eixo temático “Crônicas Urbanas” como elemento indutor, a atividade pretende estimular a construção de poéticas que, a partir da ação de duplas, estabeleçam relações dialógicas em torno de questões relacionadas à cidade. A oficina lançará mão de procedimentos como dupla exposição em filme cromo, pincel de luz, e outras possibilidades de “conversa” entre as duplas de participantes.

Confira abaixo a lista de selecionados:

1. Alexandre Silva

2. Analú Moraes

3. Bárbara Freire

4. Caio José de Carvalho Brito

5. Cindy Luiza Machado Dória Lopes

6. Desirèe Costa Giusti

7. Douglas Augusto da Silva Caleja

8. Elaine Andrade Arruda

9. Elen Espíndola de Santa Brígida

10. Eline Ribeiro do Nascimento

11. Fátima do Rosário Pacheco Soares

12. Flávia Suanny Santa de Souza

13. Ionaldo Rodrigues da Silva Filho

14. José Ricardo Carvalho de Macêdo

15. Karol Khaled

16. Magalene Rayol Gaspar

17. Mara Rodrigues Tavares

18. Marcos Joel dos Reis

19. Marise Maués Gomes

20. Marta de Lourdes Cosmo Macedo

21. Paulo Sérgio das Neves Souza

22. Renan Marinho de Pina

23. Sandro Destro Lima

24. Simone do Socorro Jares Novaes

25. Sissa Aneleh Batista de Assis

26. Tarso Glaidson Sarraf

27. Teonila Bezerra Lima

28. Veronique Isabelle

29. Wagner Yoshihiko Okasaki

30. Walbert Leite dos Santos

Alexandre Sequeira ministra “Diálogos Fotográficos”

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> “São João e os sapatos”, da série Meu Mundo Teu, de Alexandre Sequeira

Olhar para si e para o outro. Com essa premissa, na oficina “Diálogos Fotográficos”, que integra do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o elemento fundamental para pensar a imagem e a cidade será a conversa, o diálogo. Alexandre Sequeira, professor da Faculdade de Artes Visuais da UFPa e artista visual, é quem vai ministrar a atividade e a ideia é provocar debates sobre experimentação na fotografia contemporânea, para impulsionar o desenvolvimento de trabalhos artísticos. As inscrições estão abertas até o próximo dia 25 e podem ser feitas presencialmente, no Museu da Universidade Federal do Pará.

A partir dos diálogos entre os participantes, a oficina vai permitir a construção de olhares, sejam eles congruentes ou diferenciados. A proposta é justamente descobrir possíveis maneiras de integrar essas concepções na fotografia, com a formação de duplas. “Mais do que ensinar questões novas, a oficina vai funcionar como um laboratório de construção de poéticas, que serão direcionadas pelo tema ‘Crônicas Urbanas’”, explica Alexandre, que enfatiza a dinâmica de pensar a cidade a partir do outro, do parceiro, em um exercício coletivo de diálogo.

“Será um espaço de articulação de ideias, de realização coletiva”, complementa. As duplas poderão utilizar equipamentos digitais ou analógicos e serão orientadas a utilizar técnicas distintas para cada aparelho. Quem optar pelo analógico usará filme cromo com a chamada “dupla exposição”. Como o próprio nome sugere, o procedimento consiste em fotografar com o mesmo fotograma duas vezes, o que resulta em uma imagem com duas fotos sobrepostas. Para conseguir esse efeito é necessário que o filme não avance, mesmo com a liberação do obturador da câmera – aquela janelinha frontal que abre e fecha. Depois do disparo, a imagem será registrada em cima da que já foi feita previamente. Também conhecido como slide, diapositivo ou reversível, o cromo é um tipo de filme fotográfico colorido que permite maior definição da imagem devido à sua granulação mais fina.

Em filmes comuns – aquele rolinho que se costumava usar em câmeras domésticas, conhecidos como negativos –, a imagem é registrada e durante a revelação são invertidos tons e cores. Com as câmeras digitais, o processo que será utilizado é conhecido como “pincel de luz”. Também proveniente do analógico, a técnica constitui- se em manter o obturador aberto pelo tempo que o fotógrafo achar necessário para fazer “pinceladas de luz” no filme.

“Todos os efeitos luminosos serão gravados no filme, que fica permanentemente exposto, com oscilações entre escuridão total e claridade. Assim o artista vai ‘pintando’ o filme, com auxílio de uma lanterna, por exemplo”, explica Alexandre. Em câmeras digitais existem dispositivos específicos para programá-la a ficar registran- do imagens de forma contínua.

“Todas as fontes de luz serão captadas enquanto aperta-se o botão da máquina e o fotógrafo registra o que quiser”, completa o professor.

DISCUSSÃO

A oficina será ministrada em quatro encontros presenciais e inclui ainda a discussão de textos indutores à percepção, à construção e à reflexão da dinâmica de experimentação de cada dupla. Entre os autores estão Nelson Brissac Peixoto, filósofo e professor da PUC-SP e Ítalo Calvino, escritor italiano.

Nos dias de semana, a dupla ficará livre para fotografar e pensar no que será produzido. O objetivo é permitir que cada integrante possa compreender os procedimentos fotográficos para além da produção de imagens e seja capaz de defender sua poética. “Ao final, as duplas vão mostrar os resultados e defender o que foi apresentado. Quero que eles pensem no resultado de um diálogo em forma de um dossiê”, elucida Alexandre, acrescentando que essa é a maneira que muitos salões observam a produção fotográfica contemporânea.

PARTICIPE

II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia apresenta a ocina “Diálogos Fotográficos”, com Alexandre Sequeira. As inscrições podem ser feitas presencialmente, até 25/03, no Museu da Ufpa (Av. José Malcher, 1.192, Nazaré). As atividades serão realizadas de 02 a 30/04. Inscrição gratuita. Informações: 3224-0871.

Oficina “Fotografia Documental”: confira a lista de selecionados

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Foram divulgados hoje (18) os nomes dos selecionados para a Oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. O curso objetiva a realização de um projeto temático de média e longa duração, desde a sua concepção, passando por fases como a pesquisa, a realização, a exibição e a pós-produção. O autor terá como exemplo-base o projeto  “Penitentes: dos Ritos de Sangue à Fascinação do Fim do Mundo”, desenvolvido pelo fotógrafo entre 2002 e 2010.

No projeto, o artista documentou nada menos que 118 grupos religiosos de caráter secretos, nas cinco regiões do país. O ensaio foi exposto recentemente na 29ª Bienal Internacional de São Paulo/2010. Também serão abordados temas como técnicas de abordagem, ética fotográfica, mercado de fotografia autoral e apresentação de projetos para galerias e museus.

Confira abaixo a lista de selecionados:

1. Analú Morais

2. Alexandre Silva

3. Carlos Pará

4. Érika de Fátima de Miranda Nunes

5.Elaine Andrade Arruda

6. Evina Mara Moura Gutierrez

7. Everaldo Pereira do Nascimento

8. Eline Ribeiro do Nascimento

9. Fátima do Rosário Pacheco Soares

10. Irislane Pereira de Moraes

11. Karol Khaled Conceição

12. Josinaldo Vales Ferreira

13. Jorge Leal Eiró da Silva

14. Julio Cesar da Silva Chagas

15. Marcos Joel Cunha dos Reis

16. Marcio Wariss Monteiro

17. Mara Rodrigues Tavares

18. Marise Maués Gomes

19. Maria Olinda Silva de Sousa Pimentel

20. Paulo Sérgio das Neves Souza

21. Polyane de Castro Amaral Feio

22. Shamara Cristian Alves Fragoso da Silva

23. Tarso Glaidson Sarrafo Rodrigues

24. Véronique Isabelle

25. Wagner Yoshihiko Okasaki

26. Wisfredo Guimarães Gama

27. Daniel Hudson Carvalho Vieira

28. Eliane Cristina Souza da Costa

29. Teonila Bezerra Lima

30. Maria das Graças Ferreira Dias

31. Sandro Destro Lima

32. Douglas Augusto da Silva Caleja

33. Daísa Catarina dos Passos Silva

35. Vivian Maria Pereira Santa Brígida

34. Hernani Ferreira da Silva

Aos não selecionados, exclusivamente, haverá uma palestra com o resumo da Oficina no dia 29/03 (terça-feira), às 19h, em local a definir. Os mesmos serão notificados por e-mail.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Circuito de exposições será aberto no dia 15

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> Imagem de Ney Marcondes (PA), que integra a mostra “Diários da Cidade”

Mostra “Crônicas Urbanas” será aberta na próxima terça-feira (15) no Museu da UFPA, que recebe também a exposição “Solitude”, com imagens inéditas de Luiz Braga, fotógrafo homenageado

Será lançada nesta terça (15), às 19h, no Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA), a II Mostra Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – Crônicas Urbanas. Depois de se debruçar sobre a diversidade cultural brasileira em sua primeira edição, desta vez o projeto tomou como ponto de partida a cidade como lugar privilegiado de ação da cultura. E propôs ao artista um exercício sobre o universo urbano, seu cotidiano, suas imagens e representações.

Participam da mostra 21 artistas (veja aqui a lista completa), selecionados entre 254 inscritos provenientes de várias regiões brasileiras. Destes, três foram premiados: Silas José de Paula (CE), na categoria Crônicas Urbanas; Leonardo Sette (PE), na categoria Diário Contemporâneo; e Roberta Carvalho (PA), na categoria Diário do Pará. Cada vencedor receberá um prêmio de R$ 10 mil, além uma ajuda de custo para a produção dos trabalhos, no valor de R$ 1.200 – que será conferida a todos os 21 artistas selecionados.

> Imagem de Francilins Castilho (MG), que integra a mostra “Crônicas Urbanas”

A comissão julgadora do concurso – formada pelo curador, historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli; a curadora e professora Marisa Mokarzel; e o fotógrafo e professor Alexandre Sequeira – analisou um total de 254 trabalhos. Participaram da seleção artistas de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), São Luiz (MA), Cuiabá (MT), Brasília (DF), Aracajú (SE), Macapá, (AP) e Manaus (AM).

Solitude

Na ocasião, também será aberta à visitação a mostra “Solitude”, com trabalhos inéditos de Luiz Braga, fotógrafo homenageado desta edição. A longa trajetória imagética do fotógrafo, marcada pela forte presença humana, aqui se faz inversa. É por meio das ausências que emergem as lembranças da infância, dos vizinhos que se foram, das trocas afetivas.

A mostra retrata momentos importantes da vida de Luiz, com situações fotografadas em casas distintas, como a do escritor paraense Bruno de Menezes, na Cidade Velha. Ainda como parte da programação do II Prêmio Diário Contemporâneo, Luiz fará um bate-papo com o público no dia 6 de abril, no IAP.

> Imagem de Luiz Braga, que integra a mostra “Solitude”

Diários da Cidade

Uma das novidades desta edição, a mostra “Diários da Cidade” reunirá imagens produzidas por fotógrafos do Diário do Pará, com curadoria de Alberto Bitar, Octavio Cardoso – editores de fotografia do Diário – e Mariano Klautau Filho – curador geral do projeto. Dezoito artistas integram a exposição, que será aberta nesta quarta-feira (16), às 19h, na Sala Gratuliano Bibas, no Museu Casa das Onze Janelas.

No Laboratório das Artes, Luiz Braga exibirá o vídeo inédito “Do Outro Lado da Rua”, em que apresenta cerca de 70 fotografias de uma novena feita em uma casa da travessa Tirandentes, no bairro do Reduto, em frente de onde hoje está situado o seu estúdio fotográfico.

PARTICIPE

Mostras “Crõnicas Urbanas” e “Solitude”

Abertura: 15 de março, às 19h, no Museu da UFPA (Av. José Malcher, esquina com Generalíssimo Deodoro, Nazaré).

Visitação: até o dia 15 de maio.

Entrada franca.

Mostras “Diários da Cidade” e “Do Outro Lado da Rua”

Abertura: 16 de março, às 19, no Museu Casa das Onze Janelas (Praça Frei Caetano Brandão, Cidade Velha).

Visitação: até o dia 17 de abril.

Entrada franca.

Novidades também pelo Twitter: www.twitter.com/premiodiario

Informações: 3224-0871 / 3242 – 8340 / contato@diariocontemporaneo.com.br

Luzes inimigas

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Conheça o trabalho de Leonardo Sette, vencedor na categoria “Diário Contemporâneo”

O pernambucano Leonardo Sette é dono de uma trajetória reconhecida no cinema. Graduado em Historia do Cinema pela Université Paris, ele produziu e montou dois longas e mais de 20 curtas, além de ter ministrado oficinas de vídeo para jovens indígenas em várias partes da Amazônia. Como crítico, colabora desde 2006 com a revista Cinética, publicação eletrônica focada na reflexão crítica e ensaística sobre o cinema e o audiovisual – também conhecida pelos textos ácidos. Seus curtas “Ocidente” e “Confessionário” colecionam prêmios em festivais pelo Brasil e ele se prepara para iniciar as filmagens de “Leme”, filme contemplado pelo Programa Petrobras Cultural.

Só que há pouco menos de um ano, Leonardo se descobriu fotógrafo. E nada mais natural que tanta familiaridade com o universo das imagens em movimento também impregnasse sua fotografia estática. O artista celebra Paris como palco político e berço esplêndido da imagem em “As Luzes inimigas”, instalação vencedora do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – Crônicas Urbanas, na categoria “Diário Contemporâneo”.

Composta por 16 fotos acompanhadas pela exibição contínua de um vídeo de sete minutos, o trabalho – produzido entre 2005 e 2008 na Cidade-Luz – levanta questões sobre formatos, vídeo, cinema, cinefilia e a própria fotografia. “’As Luzes Inimigas’ é quase um roteiro de cinema, fragmentado e visual e com apuro técnico impecável”, elogia o curador geral do projeto, Mariano Klautau Filho. “Conversam na mesma medida o rigor da fotografia urbana em preto e branco e a fluidez do vídeo, a serviço de uma narrativa extremamente pessoal”, destaca.

O júri, formado pelo curador, historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli; a curadora e professora Marisa Mokarzel; e o fotógrafo e professor Alexandre Sequeira – analisou 254 trabalhos vindos de todas as regiões do Brasil. Cada um dos três vencedores (veja quadro) receberá um prêmio de R$ 10 mil, além uma ajuda de custo para a produção dos trabalhos, no valor de R$ 1.200 – que será conferida a todos os 21 artistas selecionados. Os trabalhos serão reunidos em uma mostra aberta no dia 15 deste mês no Museu da UFPA.

TEOR POLÍTICO

Em “As Luzes Inimigas”, protestos de rua parecem aprisionados como inofensivas imagens de arquivo, graças a um cenário antiquado – e ao preto e branco documental escolhido pelo fotógrafo. “O excesso de luz contorna a dureza de uma rica e velha sociedade, num país hoje governado com grave teor de extremismo”, destaca o artista no texto de apresentação do projeto.

Na imagem intitulada “Sarkozy-Le Pen”, vemos uma Paris às vésperas das eleições, repleta de cartazes mostrando o rosto do então candidato à presidência Nicolas Sarkozy com o nome do líder da extrema direita Jean-Marie Le Pen. O ano era 2007. “O flerte desinibido com ideias da extrema direita foi parte importante da eficiente estratégia que levou Sarkozy ao poder”, pontua Leonardo.

Em “Gás”, vemos fotógrafos atingidos por gás lacrimogêneo durante repressão às manifestações estudantis em 2006. Já o díptico horizontal “Pedras” é o registro de um ataque à barreira policial que fecha o caminho ao escritório do primeiro-ministro em uma época em que a França tinha até então o mais alto índice de desemprego entre jovens da Europa.

A beleza do caos

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Conheça o trabalho de Silas de Paula, vencedor na categoria “Crônicas Urbanas”

Seduzido pelo caos que é característica fundamental dos grandes centros, com toda a velocidade dos atos e toda a complexidade da vida que há nesses espaços, o fotógrafo capixaba Silas de Paula descobriu um novo sentido para a sua fotografia. Habituado ao preto e branco documental, clássico, e com vários trabalhos autorais na bagagem, ele se viu sufocado, entrou em crise.

Começou a achar suas imagens duras, angustiadas demais. O documental limitava, não dava conta do que ele queria fazer e mostrar. O ano era 1984. “Fechei o estúdio, vendi meu equipamento, fiz um concurso para a universidade e resolvi estudar”, relembra. Foi morar na Inglaterra, fez doutorado, tornou-se professor. E permaneceu 20 anos sem fotografar. Foi quando a vida acabou lhe surpreendendo: a filha havia se tornado fotógrafa.

Com ela, Silas aprendeu a pensar no que hoje chama de “ficcionalização do cotidiano”. E buscou na movimentação apressada do ambiente urbano a poética da dissolução do tempo, das formas, até onde já não seja possível distinguir realidade e ficção. “Andar no centro, durante alguns anos, perceber como é caótico e como a maioria das pessoas que não vivem aquele dia-a-dia reclamam da desorganização, me fez pensar em fazer algo”, relembra.

Dessa inquietude nasceu “Gente no Centro”, série vencedora do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia na categoria “Crônicas Urbanas”. São cinco imagens multicoloridas, quadradas, não-nítidas, mergulhadas em uma atmosfera de sonho, imaginação. Das cenas ordinárias, vemos irromper a figura humana, sem rosto, anônima – absorvida pela pressa da rotina. Não lhe basta a paisagem: “Eu fotografo gente”, acentua.

VIÉS SOCIAL

A experiência como professor na Universidade Federal do Ceará, na convivência com os alunos e seus questionamentos, também aguçou o olhar do artista. Em uma das várias manhãs de exercícios fotográficos no Mercado São Sebastião, em Fortaleza, Fotos: Silas de Paula/ Divulgação um personagem em especial lhe chamou a atenção: o vendedor ambulante. “A mídia pauta estes vendedores como uma praga. Mas eles, com suas cores, dão vida ao centro”, defende.

É claro que não é fácil fotografá- los. Camelôs não costumam simpatizar com fotógrafos. “Eles acham que vamos fazer uma denúncia nos jornais para expulsá-los do centro”, diz Silas. “Converso com eles e explico que quero mostrar um outro lado. Mesmo desconfiados, muitos me deixam fotografá-los mas, às vezes, eu os fotografo sem que saibam”, conta. O “outro lado” a que o artista se refere é a defesa desses personagens como elementos fundamentais para a vitalidade desses espaços.

“As maiores cidades do mundo têm vendedores pelas ruas e são aceitos e, muitas vezes, elogiados pelos turistas. Não acho que eles têm que ser expulsos e sim encontrar um jeito de uma convivência pacífica. É uma questão cultural e de sobrevivência”, define. “Com as fotos percebi, mais ainda, que o que queremos expulsar é algo que dá vida ao centro, que é bonito e muitas vezes divertido. Lógico que existe uma complexidade maior que precisa ser discutida, alguns problemas sérios. Mas pode ser um ponto de partida para uma discussão sobre o assunto”.

Árvores que pulsam

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Conheça o trabalho de Roberta Carvalho, vencedora na categoria “Diário do Pará”

Fugir de obviedades e de temas clichês para integrar arte e natureza é um desafio. A artista Roberta Carvalho tem isso em mente. O desejo de trabalhar instigada pela relação homem / natureza sempre foi um desejo antigo. Na verdade, ela busca essa integração para compreender algo primário: que o homem é natureza. É tudo orgânico, biológico. Não à toa o termo que define essa relação, “simbiose”, dá título a um de seus trabalhos em que a ideia primeira está imbricada com a construção de um discurso artístico em que homem e natureza são elementos centrais.

“A idéia do ‘Symbiosis’ é restaurar essa identidade e fazer com que literalmente nos vejamos nessa natureza da qual nos separamos e vice-versa”, explica. Simbiose é a palavra usada para descrever a relação entre dois ou mais organismos de espécies diferentes, em que não há perdas para nenhum deles e acontece de forma mutuamente vantajosa.

Projeto Symbiosis – vencedor na categoria Diário do Pará, do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – foi sendo desenvolvido ao longo dos anos, por meio de experimentação artística com imagem e vídeo e pesquisas sobre linguagem audiovisual. E quase sempre com um desejo de aliar o projeto às questões da natureza, com uma proposta não usual., na tentativa de descobrir possíveis espaços de projeção, não óbvios.

EXPERIMENTAÇÃO

A artista foi convidada pela Associação Fotoativa para realizar projeções durante o Colóquio de Fotografia, há dois anos, quando teve o insight de que deveria integrar uma imagem à copa de um dos jambeiros da Casa das Onze Janelas. “Fui olhar o espaço para planejar a ação, que era no piso superior, e procurei, procurei… Pensei em várias coisas e fui pra casa. Dormi pensando na proposta e acordei com a imagem exata e o local a ser projetado: a árvore”, relembra a artista, acrescentando que o resultado foi a conjunção de diversas experiências precedentes.

Pronto. Estava feito o primeiro “Symbiosis”, que deu vida ao desejo íntimo de Roberta de falar de natureza por meioda da arte e também de levar a arte para um espaço mais acessível, de fácil entendimento. “Para mim, a arte deve apontar para a vida e não para arte”, explica-se. Agora consolidado como projeto de projeção de fotografia e vídeo, o “Symbiosis” tem uma metodologia própria e um dos processos de pesquisa é fazer um estudo formal das copas das árvores para selecionar a figura humana a ser projetada.

O critério básico da escolha do corpo a ser projetado relaciona-se bastante com sua questão formal. Já houve casos, no entanto, em que a relação conceitual falou mais alto na opção pela imagem. Em uma das exibições do projeto, por exemplo, o rosto de uma criança foi projetado em uma árvore “jovem”, no meio de diversas árvores muito maiores. As imagens em geral são de rostos de homens, crianças, e da própria artista, mas não há um rigor para a escolha de quem estará nas projeções. Segundo Roberta, a base do trabalho é a experimentação e a expressividade das formas. “A ‘symbiosi’ é realmente uma busca deste projeto e ela se dá quando há uma perfeita adequação do corpo (do ser humano ou da arte) com a natureza. E isso, só experimentando ver para sentir”.

Pela qualidade plástica, aliada ao forte apelo conceitual, Roberta Carvalho foi a grande vencedora da categoria Diário do Pará. Quem analisa é Alexandre Sequeira, que integrou a comissão de seleção do Prêmio. “O projeto apresenta projeções em suportes não convencionais, fazendo conexão curiosa com outras linguagens. E conceitualmente humaniza a obra. A poética não demanda conhecimento especifico na área. A pessoa é seduzida, é encantada facilmente, sem contar a elegância plástica”, diz o artista e professor.

Em imagens, o mistério da fé

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> Fotografia da série “Penitentes”, de Guy Veloso

Para compor a série “Penitentes: dos Ritos de Sangue à Fascinação do Fim do Mundo”, o fotógrafo Guy Veloso foi até comunidades distantes do interior do país e lá passou vários períodos, como Semana Santa e Dia de Finados, em busca de grupos que ainda hoje realizam rituais de penitência.

Foram oito anos para fotografar 118 grupos em todas as cinco regiões do Brasil. Mas até chegar à completude, Guy construiu uma rede de informações e contatos necessários para planejar suas viagens e obter permissão para fotografar. O percurso deste projeto será o cerne da oficina “Fotografia Documental”, o segundo curso oferecido pelo II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. As inscrições, gratuitas, podem ser feitas presencialmente no Museu da UFPA, até 11/03.

Saber como elaborar um projeto de pesquisa e de realização de um ensaio deste gênero é o primeiro passo para a consolidação de um trabalho, segundo o próprio ministrante. Com o recorte do projeto “Penitentes”, densa pesquisa iniciada em 2002, Guy foi convidado pelos curadores Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias para compor a mostra oficial da 29ª Bienal de São Paulo em 2010.

Para a oficina, o fotógrafo vai mostrar como se desenvolveram as pesquisas prévia e de campo. “Vou falar sobre como elaborar um projeto prático de fotografia documental e das fases que envolvem o planejamento, desde a escolha do tema, até a pré-produção, os contatos, a exibição, pós-produção, etc”, explica. Além disso, a oficina também prevê elementos que envolvem, por exemplo, técnicas de abordagem pessoal.

PESQUISA

Para fotografar os grupos de alimentadores das almas, como também são conhecidos os penitentes, Guy precisou contatar antes historiadores, sociólogos, antropólogos, e entidades como secretarias de cultura municipais, além de representantes dos próprios grupos. Antes de fotografar, sempre procura conversar com os fotografados, entender como se dá o ritual, imaginar qual a melhor localização para fotografar, qual fonte de luz aproveitar.

“Meu equipamento é discreto e o primeiro contato é sem a câmera. Já fiquei quatro anos para obter autorização e quando consegui o pneu do carro que eu estava furou”, conta. Isso aconteceu em Juazeiro, na Bahia. O nordeste foi a região onde tudo começou e onde se tem maior registro de penitentes. Mas em 2009 Guy começou a supor poderiam existir penitentes nas cinco regiões brasileiras.

Jamais pesquisador algum divulgou essa informação. Guy Veloso testemunhou os grupos religiosos de norte a sul. A pesquisa foi o suporte essencial para a realização do projeto, que no início era intuitivo. “Agora é tudo mais sistematizado. O estudo é fundamental. É importante sempre querer saber mais sobre o assunto, tanto historicamente quanto emocionalmente. O ensaio sai sempre melhor”, destaca o fotógrafo.

Exemplos do envolvimento emocional foram algumas intempéries no meio do projeto, como acidente de carro em Sergipe, furto de uma câmera filmadora em Aracajú, dengue em Oriximiná, depressão no Ceará em decorrência do tema e brigas por telefone com a então namorada. “Nunca pensei em desistir, mas uma vez já `dei um tempo’, saí de Juazeiro com raiva, estava ficando tenso demais com os cânticos tristes e evocações à morte. Fui para Recife, para a praia e fiquei apenas dois dias. Voltei correndo para lá, para o sertão, para o meu tema”.

PARTICIPE

Oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. Inscrições gratuitas no Museu da UFPA (Av. José Malcher,1192, Nazaré). Período da oficina: 22 a 26/03. Informações: 3224-0871.

SAIBA MAIS

Guy Veloso
www.fotografiadocumental.com.br

(Texto: Assessoria de Comunicação)