“Imagem, realidade e fabulação” – palestra de Alexandre Sequeira

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Diário Contemporâneo de Fotografia chega a última semana

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São os últimos dias para ver as duas mostras que compõe este ano o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, projeto nacional que incentiva a cultura, a arte e a linguagem fotográfica em toda a sua diversidade. Aberto a todos os artistas brasileiros ou residentes no país, o Prêmio é promovido pelo jornal Diário do Pará e conta com o patrocínio da Vale e com as parcerias da Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA e o Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA).

Em sua 3ª edição, o Prêmio recebeu cerca de 300 inscrições de artistas de todo o país e recebeu a visita de cerca de 1.500 alunos de mais de 30 escolas públicas. O tema Memórias da Imagem reúne 23 trabalhos, na Casa das Onze Janelas enquanto o Museu da UFPA recebe a mostra “Pra ter de onde se ir”, com fotografias do artista convidado deste ano, o fotógrafo Miguel Chikaoka. Desde março, a mostra traz imagens pouco conhecidas do artista convidado da 3ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Entre elas, fotografias feitas na residência do músico Tó Teixeira. Já a Mostra Memórias da Imagem, na casa das Onze Janelas, traz trabalhos que exploram de maneiras diversas, as possibilidades que a experiência da memória evoca nas representações visuais.

A visita por esta mostra passa pelas salas Valdir Sarubbi, Gratuliano Bibas e o Laboratório e é um convite para se perder vendo cada trabalho, vídeos, ouvindo textos ou músicas e lendo cartas ligadas às imagens, por exemplo, da obra “O apanhador de memórias”, por exemplo, de Wagner Okasaki.

O artista apresenta imagens, próprias e apropriadas, obtidas a partir de negativos ou de diapositivos digitalizados em aparato artesanal-caseiro (apelidado de “apanhador de memórias”), composto por uma câmera digital compacta, uma luminária de teto invertida e algumas embalagens recicladas (vide projeto de montagem).

Outra dica é ver o vídeo arte “Chippendale”, que entre outras sensações, nos remete a memória, o gosto das frutas que são degustadas pelo personagem criado pelo do Coletivo Cêsbixo. A obra é considerada um vídeo, no que concerne seu suporte, mas a linguagem busca evidenciar limites mais fluidos no que diz respeito entre semelhanças e diferenças de linguagem fotográfica, de vídeo-arte ou cinema.

PALESTRAS – Este ano, o projeto reforçou seu compromisso com a educação e a pesquisa, através de visitações de estudantes, e  com programação de palestras, encontros com artistas, oficinas e atividade educativa com as escolas. A última delas, encerra neste domingo, com Octavio Cardoso, que trabalha como o tema os ensaios fotográficos no jornalismo impresso.

Este ano foram realizadas três palestras, a primeira ainda em fevereiro, com Heloisa Espada, Doutora em História, Teoria e Crítica da Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. A segunda, com o idealizador da Associação Fotoativa, Miguel Chikaoka e a terceira, na semana passada com o fotografo, professor e pesquisador Alexandre Sequeira.

“Pensamos em ampliar mais a programação de oficinas e palestras, mas estamos fazendo isso aos poucos pois, quando você lida com trabalhos e artistas de todo o Brasil, é uma grande responsabilidade…” diz Mariano Klautau Filho, coordenador do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

Mas nesta 3ª edição do Prêmio percebe-se que o projeto vem ganhando força em todo o país. “Creio que os méritos são basicamente consolidar as ideias que foram pensadas desde o inicio, ou seja, não abrir mão do diálogo nacional, da visão abrangente sobre fotografia em diálogo com a arte e de propor sempre um campo para o artista, mesmo aquele que não seja necessariamente fotógrafo, mas que veja na fotografia um meio pelo qual pode pensar a imagem em suas mais diversas manifestações”, explica.

FORMAÇÃO – A ideia é que cada vez mais o Prêmio se torne um projeto de formação. “É esta a configuração ideal, mas podemos avançar na estrutura de produção para garantir a ampliação das atividades de formação”, continua.

O artista convidado deste ano, Miguel Chikaoka, para a mostra “Pra se ter onde ir”, tem muito haver com esta nova direção a que o premio vem se afirmando. “O Miguel tem uma importância fundamental na formação de diversas gerações de artistas especialmente aos que vem se dedicando à fotografia”, afirma Mariano.

Na exposição, que teve curadoria dele, a ideia foi de fazer realmente um recorte do trabalho do Miguel. “São imagens que indicam uma certa instabilidade mas que são um exercício na construção das imagens. Daí a ideia de que a casa (assim como a fotografia) é um ponto de partida e não somente de chegada”, reflete.

Para Mariano, a curadoria deste ano foi muito feliz, em especial pelo fato da comissão ter selecionado em sua maioria os projetos de cada artista em sua íntegra. “Isso faz a mostra ser uma reunião de trabalhos com muita personalidade em que o traço e escolha do artista ficam mais visíveis e maduros”.

Mariano avalia que os artistas responderam muito bem à proposta do tema Memórias da Imagem, porque subverteram a noção mais convencional da fotografia em relação com a memória. “Era esse o objetivo do projeto. E a Casa das 11 janelas é um espaço generoso e com isso foi possível trabalhar os artistas individualmente, dar mais espaço (literalmente) para seus trabalhos”, complementa.

A realização do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é do Jornal Diário do Pará. Patrocínio da Vale e Governo do Estado. Apoio Espaço Cultural Casa das Onze Janelas – SIM /Secult-PA, Museu da UFPA, Sol Informática e Instituto de Artes do Pará.  Informações: (91) 3184-9327 / (91) 8128-7527. www.diariocontemporaneo.com.br / imprensa@diarioconteporaneo.com.br / Twitter: @premiodiario

A fotografia como documento e memória

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Alexandre Sequeira e Seu Juquinha, na vila de Lapinha da Serra

“Imagem, realidade e fabulação”. A palestra do fotógrafo e pesquisador Alexandre Sequeira, que faz parte da programação do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, será nesta quinta-feira, 17 de maio, a partir das 19h, no Instituto de Artes do Pará, com entrada franca.

Alexandre vai abordar a pesquisa que ele realizou durante o ano de 2010, quando frequentou a vila de Lapinha da Serra, município de Santana do Riacho, na região da Serra do Cipó. O trabalho foi objeto de pesquisa de sua de dissertação de Mestrado, defendida na UFMG.

O trabalho desenvolvido em Lapinha da Serra, segundo Alexandre, tem o mesmo caráter relacional do desenvolvido em Nazaré do Mocajuba e de outro que ele realizou também com dois adolescentes residentes na ilha do Combú e no bairro do Guamá.

“Na verdade a fotografia se apresenta como um instrumento de aproximação e troca de impressões de mundo. O trabalho se afirma muito mais na relação que se estabelece do que na fotografia propriamente dita. Nesse sentido, a fotografia assume um caráter de documento construído a seis mãos, envolvendo eu, Rafael – um adolescente de 13 anos -, e seu avô, Seu Juquinha, de 84 anos”, diz ele referindo-se aos personagens focados neste último trabalho.

Durante o bate papo desta quinta-feira, Alexandre vai utilizar as imagens dessa experiência, além de pontuações teóricas para construir a conversa e a discussão com o público presente. “A palestra trata de nossa relação com a fotografia enquanto documento, enquanto memória de algo que efetivamente aconteceu. Mas a fala procura dirigir as atenções às relações que se estabelecem entre fotógrafo e fotografado, entre o que acontece antes ou mesmo depois do momento do registro. Relações estas que, de certa forma, relativizam ou ampliam esse valor de documento da fotografia”, diz Alexandre.

Laços – Ele conta que ao longo do período na Lapinha da Serra, a fotografia foi responsável pela construção de laços de convívio e afeto com alguns moradores locais, em especial com Rafael, de 13 anos, e sua família. “Refiro-me a um certo caráter performativo do ato fotográfico que envolve a todos que dele fazem parte e que, embora se tenha a impressão que diz respeito à uma produção fotográfica mais recente, na verdade acompanha a fotografia desde seu surgimento”.

Para Alexandre, as relações que se estabelecem a partir do convívio com as pessoas envolvidas e entre seus olhares e interpretações de mundo, tecem laços que os aproximaram enquanto permanentes construtores de sonhos, fantasias e desejos.

“A fotografia, que por vezes animou esse convívio, se apresentou tanto como instrumento de construção de uma etnologia da saudade – por seu inegável valor documental –, quanto por seu potencial emancipador, dada a perda de sentido de realidade que suas possibilidades interpretativas suscitavam”, continua.

Foi nessa perspectiva que palavras, imagens e acontecimentos animaram o convívio de Sequeira com Seu Juquinha e Rafael e por assim em diante se converteram em uma história, com elementos que se oferecem como fio condutor para a construção de uma narrativa capaz de tratar dos espaços da diferença e da alteridade.

O conjunto de fotografias produzidas ao longo dos dois anos pelo artista e por Rafael é guardado por ambos –, como um banco de dados passível de diferentes interpretações. Do mesmo modo, os relatos de Seu Juquinha, que por tantas vezes conduziram Sequeira por entre palavras, pausas ou entonações, no desafio de subverter os regimes do visível e do invisível, também servem como elemento indutor de ressignificações da vida em Lapinha da Serra.

Os registros sonoros desses encontros, fragmentos de conversas e sons da ambiência do lugar, compõe uma partitura sonora que é também encaminhada de volta à vila, como contribuição ao trabalho educativo desenvolvido por alguns moradores no Espaço Cultural situado ao lado da pequena igreja local.

Memória e falas – A intenção é que o material possa servir como outra forma de tratar a história, a memória e as qualidades de Lapinha da Serra, junto às crianças e adolescentes, assíduos frequentadores daquele espaço; como um meio de replicar a fala de Seu Juquinha – figura tão importante para a vila –, dando ao passado através de sua permanente revisão, um sentido de retomada, essa sim, uma forma nobre da memória.

Depois que defendeu a dissertação, Alexandre foi convidado a falar do projeto numa exposição em São Paulo, chamada “Por aqui, formas tornaram-se atitudes”. A exposição reunia nomes da cena das artes visuais como Helio Oiticica, Ligya Clark, Ligia Pape, Laura Lima e muitos outros.

Em seguida, ele também foi convidado a falar no Festival Internacional de Porto Alegre, no Festival de Fotografia de Recife, no Festival Internacional de Fotografia do Rio, no Festival de Fotografia de Manaus, numa palestra que proferi para o curso de Pós Graduação de Fotografia da Faculdade Armando Álvares Penteado em SP, em um curso de fotografia realizado no MAM de São Paulo e, mais recentemente, no Festival Internacional de Fotografia de Montevideo.

Já há algum tempo que o pesquisador não volta à Lapinha da Serra, um vilarejo bem isolado, no meio da Serra do Cipó. No mês que vem, porém, ele regressará à vila. “Em função desta distância e de minha agenda que tem sido um pouco corrida, não tenho tido oportunidade de manter contato com Rafael e Seu Juquinha, mas no fim de junho farei uma fala sobre a experiência em Belo Horizonte, no Palácio das Artes, dentro de uma exposição da qual farei parte, e já estou me programando para conseguir um carro e ir encontrá-los”, finaliza.

Serviço

Palestra ““Imagem, realidade e fabulação”, com o fotógrafo e pesquisador Alexandre Sequeira – Nesta quinta-feira, 17/05, a partir das 19h, no Instituto de Artes do Pará, com entrada franca – Pça Justo Chermont, ao lado da Basílica de Nazaré.

Visita da Escola Duque de Caxias

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“Pra ter de onde se Ir” com Tó Teixeira e Miguel Chikaoka

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O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, em sua 3ª edição, está homenageando o fotógrafo Miguel Chikaoka. Aberta em março, a mostra “Pra ter de onde se ir”, que traz imagens pouco conhecidas do artista convidado, ocupa as salas principais do Museu da UFPA, situado na Av. Governador José Malcher esquina da Generalíssimo Deodoro. Em duas das salas, espalham-se fotografias feitas nos anos 1980 e outras décadas, com cenas cotidianas ou de passagem de Miguel por tantos municípios paraenses. Mas há também um espaço reservado que vem chamando atenção do público.

Lá, vemos uma mesa e sobre ela várias caixas cheias de memória. Dentro delas misturam-se fotografias. Algumas, da casa em que Miguel Chikaoka morava com a família e os irmãos em São Paulo, nos anos 1960, muito antes dele pensar em vir para Belém. Na outra, surge a residência de Tó Teixeira, um dos nomes mais importantes da música e do choro paraense. Miguel chegou, que naquele ano de 1981 já estava na capital paraense e foi levado, por acaso, à casa do músico, por outro ‘chorão’, o saudoso Aldemir Ferreira da Silva, proprietário da Casa do Choro, o reduto mais efervescente do choro, na época, na cidade.

“Logo que cheguei a Belém conheci um grupo que atuava na Casa do Choro entre eles o Aldemir (Ferreira da Silva). Foi ele que me convidou pra ir até a Casa do Tó Teixeira. Enquanto os dois ficavam conversando eu andei pela casa e fiz várias fotos. Naquela época não me dava conta da importância de Tó Teixeira. Não sei direito o que o Aldemir foi fazer ali, acho que bater um papo. Lamento não ter me envolvido mais diretamente com o Tó, eu estava coadjuvante e só depois tive consciência de quem era ele”, diz Miguel revirando sua memória de 30 anos atrás.

É fato. Nos anos 1980 Belém estava completamente envolvida, musicalmente, com a renovação do chorinho paraense, que a partir dali começava a ter espaços especificamente para se ouvir o ritmo. A Casa do Choro, idealizada por Aldemir, foi uma das pioneiras e reunia amigos e apaixonados por choro, incluindo aí, Miguel Chikaoka.

Chikaoka – Miguel é paulista, nasceu em 1950, estudou engenharia na Universidade de Campinas (SP), onde se graduou em 1976. Depois disso morou entre 1977 e 1979 na cidade francesa de Nancy, onde frequentou a École Supérieure de Mécanique et Électricité, mas abandonou o curso antes de seu término. No início dos anos 1980, Miguel se afirma como fotojornalista, colaborando primeiramente com a Agência F/4 (entre os anos de 1981 e 1991) e, em seguida, com a N Imagens (no período compreendido entre 1991 e 1994).

Desde sua instalação em Belém, Chikaoka se destacou como um dos mais empenhados e singulares professores de fotografia do país, tendo exercido profunda influência sobre toda uma geração de fotógrafos paraenses graças a iniciativas como o Foto-Varal (que promovia exposições alternativas em locais públicos) e o grupo Fotoativa, que fundou em 1983 e foi transformada em associação em 2000, continuando em funcionamento até os dias de hoje.

Caixinhas de memória – Dentro das caixinhas expostas na mostra que se encontra no Museu da UFPA, as fotografias mostram, portanto, duas casa, longe uma da outra. E dois destinos que se encontraram, embora rapidamente. Tó nasceu em 1895 e faleceu em 1982, um ano depois de ter sua casa fotografada por Miguel Chikaoka. Na mostra “Pra ter de onde se ir” a ideia é brincar com as  fotos, tentando descobrir de quem é uma e outra casa ali retratada, e também revirar a memória.

Em algumas pode-se perceber claramente a casa de Tó Teixeira, músico consagrado na história da música popular e erudita paraense. Em algumas delas há um cartaz de aviso, onde se lê o endereço do músico: “Rua Domingos Marreiros, 340, entre Almirante Wandenkolk e Dom Romualdo de Seixas”. Em outra, há uma placa de aviso aos seus alunos, datada de 1969: “É favor que o bom aluno faz terminar a lição entregar o violão ao outro e retirar-se. Agradecido. Tó Teixeira”.

Mas para decifrar outras é preciso mais atenção. Eis o jogo proposto ao público visitante, que além da diversão, pode sentir-se instigado a conhecer mais sobre a história deste músico, que dá nome à lei municipal de incentivo à cultura e atualmente também vem tendo sua vida e obra pesquisada pelo músico e estudioso Salomão Habib.

Tó Teixeira – Tó Teixeira é um dos nomes importantes do chorinho, um gênero tipicamente brasileiro. Era negro, pobre, filho de um violonista chamado Aluísio Santos e que, por sua influência, teve contato com a música desde muito criança e, mais tarde, com seu grupo “Os desejados”, acabou se tornando uma das grandes expressões da música do Pará.

Morou sempre no bairro do Umarizal, onde conviveu com seresteiros e boêmios de Belém. Era um artista popular e conhecedor das tradições culturais de rua, visíveis em pássaros juninos, bois-bumbás e pastorinhas do popular bairro negro e operário belenense.  Por volta de 1925, Tó já freqüentava e era bastante conhecido nos espaços musicais da cidade. Sozinho ou acompanhado com seu grupo tocou em salões aristocráticos e em festas populares.

A partir da década de 1930 atuou também nas ondas da rádio PRC-5, a Radio Clube do Pará, em vários momentos. Produziu em gêneros diversos que iam de peças de caráter popular ao clássico, passando por valsas, marchas, choros, sambas, batuques, maxixes, etc.

Como muitos artistas paraenses Tó Teixeira viveu de outras atividades profissionais, foi encadernador afamado na cidade e o seu sustento em grande parte decorreu desta atividade. Em 1968 o pesquisador Vicente Salles fez um registro fonográfico de algumas músicas de Tó, mas tarde este material foi aproveitado no LP “Lá vem o tio Tó”, Editado por Marcos Pereira em 1976. O talento do músico também foi reconhecido com o lançamento do disco Música e Memória v. 2, produzido pelo Núcleo de Artes da UFPa em 1993.

MAIS AÇÕES – O III Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia também continua com a mostra Memórias da Imagem, que reúne obras de três artistas premiados e mais 20 selecionados, aberta até dia 28 de março, só que na Casa das Onze Janelas. O agendamento de turmas escolares para visitação pode ser feito pelo telefone 91 4009.8855 (Casa das Onze Janelas) e, para o Museu da Ufpa, pelo Tel: 91 3224 – 0871.

Em maio, continuam abertas até dia 10, as inscrições para a oficina “Ensaio – Resumindo Uma Ideia”, com o fotógrafo Octavio Cardoso, que acontecerá de 14 a 24 de maio, no Instituto de Artes do Pará. No dia 17 de maio, haverá a palestra Imagem, Realidade e Fabulação – A Reinvenção da Memória na Vila de Lapinha da Serra, com o fotógrafo e pesquisador Alexandre Sequeira, que fará um relato de uma ação artística desenvolvida no pequeno vilarejo de Lapinha da Serra, no interior de Minas Gerais. Às 19h, no Instituto de Artes do Pará, também com entrada franca.

A realização do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é do Jornal Diário do Pará. Patrocínio da Vale e Governo do Estado. Apoio Espaço Cultural Casa das Onze Janelas – SIM/Secult-PA, Museu da UFPA, Sol Informática e Instituto de Artes do Pará.  Informações: (91) 3184-9327 / (91) 8128-7527. www.diariocontemporaneo.com.br / imprensa@diarioconteporaneo.com.br / Twitter: @premiodiario

Mini-curso com Joaquim Marçal

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Oficina Retratos Híbridos – Valério Silveira

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Imagens e memória por todos os sentidos

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Video arte “Chippendale” (Coletivo Cêsbixo)

Visitar a mostra principal “Memórias da Imagem” da 3ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é o mesmo que fazer uma viagem, deixando-se levar por nossos vários sentidos. Tato, audição, visão e até mesmo o olfato, caso resolva-se ir até a Casa das Onze Janelas, naquele horário após a chuva de Belém, quando o cheiro de umidade sobe no ar, mediado pelo calor típico das tardes amazônicas, à beira do rio, onde o Espaço Cultural, parte do Complexo Feliz Lusitânia, fica situado, em plena Cidade Velha. Ou o Paladar. Ao ver o vídeo arte “Chippendale”, entre outras sensações, ele pode nos trazer à memória, o gosto das frutas que são degustadas pelo personagem criado pelo do Cêsbixo.

A obra é considerada um vídeo, no que concerne seu suporte, mas a linguagem busca evidenciar limites mais fluidos no que diz respeito entre semelhanças e diferenças de linguagem fotográfica, de vídeo-arte ou cinema. “Temos a alegoria de um personagem que interage com seu espaço de vivência e sua interação é uma alegoria do seu viver, do seu fazer artístico, de produzir representação, imbricado com o viver artístico, apenas se relacionando com a representação de mundo que a imagem possibilita”, explicam os integrantes da obra.

“Já não consumimos coisas, mas somente signos”. A partir desta afirmação de Baudrilard o grupo tem como o ponto de partida do personagem “Chippendale”, o emaranhado de signos que é apresentado, a vivência e a confluência entre ele, suas ações e sua própria relação com os objetos em cena.  O próprio nome do personagem advém do sobrenome de um designer que concebeu um estilo de mobiliário tão popular no século XIX e início do século XX, uma época evidente da crise da representação, das novas percepções de mundo, a gênese da problemática pós-moderna.

Vários sentidos – Na Casa das Onze Janelas, a visita pode demorar até duas horas, passando pelos três espaços muito bem montados e ocupados pelas obras dos 23 artistas entre os premiados e selecionados pelo Prêmio. É um convite para se perder vendo cada trabalho, os videos, ouvindo textos ou músicas e lendo cartas ligadas às imagens, por exemplo, da obra “O apanhador de memórias”, por exemplo, de Wagner Okasaki.

O artista apresenta imagens, próprias e apropriadas, obtidas a partir de negativos ou de diapositivos digitalizados em aparato artesanal-caseiro (apelidado de “apanhador de memórias”), composto por uma câmera digital compacta, uma luminária de teto invertida e algumas embalagens recicladas (vide projeto de montagem).

Como a fonte de luz é constituída de uma lâmpada fluorescente branca, as fotos resultantes apresentam uma certa distorção de cores. Essas cores “erradas” evocam a mesma atmosfera onírica presente em seus devaneios nostálgicos. Cada imagem ou série de imagens está acompanhada de um depoimento manuscrito dos personagens envolvidos. E durante a exposição, o próprio apanhador de memórias está instalado e disponível para digitalização de negativos/slides dos visitantes. O trabalho é fantástico, pois cada manuscrito vai trazendo identificação com os visitantes. As imagens em si talvez não causassem tanto impacto sem a palavra escrita.

Ouvindo – Há ainda a instalação de Milla Jung, País Imaginário, uma proposição da artista sobre a potência das imagens contemporâneas no campo da arte. Partindo da pergunta de como se apreende uma fotografia, a artista cria um território para o espectador experimentar o sem-fim de possibilidades sobre a escuta das imagens. Uma fotografia que é acordada por uma narrativa que por sua vez também acorda novas imagens, numa via de mão única onde a experiência primeira se perde em nome do multiplicável. Com tudo isso e muito mais, o público que visita a mostra Memórias da Imagem acaba refletindo. Afinal, o que nos traz imagens à memória não são necessariamente as fotografias, pois os sons, as sensações de cheiros e sabor são fatores e sentidos que nos ativam, e muito, a memória. A imagem é ou pode ser mera ilusão.

As obras citadas neste texto ocupam a sala maior da Casa das Onze Janelas, que recebe o nome de Valdir Sarubbi, artista paraense não menos conhecido por sua obra de memória amazônica, e onde está a maioria das obras selecionadas pelo prêmio.  Ainda há muito o que ver também na sala Gratuliano Bibas, que traz a vídeo instalação “Banco de Tempo”, de Isabel Löfgren & Patricia Gouvêa, a instalação “S/T”, de Roberta Dabdab e a o vídeo  “Vazios”, de Alberto Bitar. Na sala “Laboratório”, você confere o trabalho Mikvot, de Marian Starosta.

Este ano, o Prêmio reúne obras de 3 artistas premiados e mais 20 selecionados. A Mostra memórias da Imagem abriu no dia 28 de março, na Casa das Onze Janelas, e no dia seguinte, 29, inaugurou a exposição “Pra te de onde se ir”, do artista convidado Miguel Chikaoka, no Museu da UFPA. A realização do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é do Jornal Diário do Pará. Patrocínio da Vale e Governo do Estado. Apoio Espaço Cultural Casa das Onze Janelas – SIM /Secult-PA, Museu da UFPA, Sol Informática e Instituto de Artes do Pará.  Informações: (91) 3184-9327 / (91) 8128-7527. www.diariocontemporaneo.com.br / imprensa@diarioconteporaneo.com.br / Twitter: @premiodiario

MAIS AÇÕES – O III Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia continua com a Mostra “Pra Ter de Onde se Ir”, de Miguel Chikaoka, abertas até dia 27 de maio, no Museu da UFPA, com entrada franca. Informações sobre o agendamento de turmas escolares para visitação podem ser obtidas pelo telefone 91 4009.8855 (Casa das Onze Janelas) e, para o Museu da Ufpa, pelo Tel: 91 3224 – 0871. Em maio, além da oficina “Ensaio – Resumindo Uma Ideia”, com o fotógrafo Octavio Cardoso, que acontecerá de 14 a 24 de maio, no Instituto de Artes do Pará, cujas inscrições ficam abertas até dia 10 de maio.

No dia 17 de maio, a palestra Imagem, Realidade e Fabulação – A Reinvenção da Memória na Vila de Lapinha da Serra, com o fotógrafo e pesquisador Alexandre Sequeira.

O artista fará um relato de uma ação artística desenvolvida no pequeno vilarejo de Lapinha da Serra, no interior de Minas Gerais, com objetivo de refletir sobre a relação do homem com a imagem fotográfica, enquanto importante elemento de elaboração de um sentido de memória. Esta ação acontecerá no dia 17 de maio, às 19h, no Instituto de Artes do Pará, também com entrada franca.

Palestra Miguel Chikaoka

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Lançamento Catálogo 2011

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