A arte como ferramenta política e força motriz para enfrentar tempos difíceis. É desse pressuposto que partem as obras que estarão em debate no Diálogos DFC desta segunda-feira (13), às 20h, no canal do YouTube do Diário Contemporâneo de Fotografia. Os artistas Melissa Barbery (PA), Paulo Mendel (RJ/SP), Vi Grunvald (SP/RS) e Tom Lisboa (PR) dialogam sobre seus trabalhos com mediação de Mariano Klautau Filho, coordenador e curador da iniciativa, e de Heldilene Reale, membro do comitê científico.
“Lamber a cidade”. É essa a proposta da arte da paraense Melissa Barbery. De dentro de um veículo em movimento, a artista projeta uma vídeo-ação, de mais de cinco minutos, pelas paredes de Belém. Na arte, trechos do Manifesto Curau do escritor paraense Vicente Cecim. “O resultado é um vertiginoso ensaio literário urbano em que a melancolia recobra as forças e se reveste de esperança”, define o curador Mariano Klautau Filho.
Também é em vídeo a arte de Paulo Mendel (RJ/SP) e Vi Grunvald (PA/RS). Os artistas constroem juntos o Projeto Família Stronger, um trabalho de investigação documental de narrativa transmídia sobre o coletivo Stronger. Durante dois anos, eles filmaram o cotidiano do grupo na periferia de São Paulo. Como outras famílias LGBTs, o coletivo constrói formas de parentesco alternativas, para além das relações de sangue.
“No lugar do sangue como símbolo que estrutura as relações, esses grupos formam comunidades imaginadas e coalizões que são, ao mesmo tempo, afetivas e políticas”, destacam os artistas. Um recorte desse trabalho é visto na obra “Domingo”, na qual duas telas com imagens diferentes são cruzadas e relacionadas entre si. De um lado, um almoço em família do Stronger e, do outro, imagens insurgentes de manifestação de rua que marcou o cenário político contemporâneo no Brasil, na semana da deposição da presidente Dilma Rousseff, em 2016.
As manifestações de rua também estão presentes na obra de Tom Lisboa (PR), na obra “Palimpsestos”, uma experiência em camadas a partir da seguinte pergunta: é a imagem que recria o texto ou é o texto que redefine a imagem? O artista toma como objeto duas páginas de jornal superpostas: uma com a matéria intitulada “Protestos em série” e a outra com fotografia da manifestação de rua, ambas referentes aos protestos de junho de 2013. O vídeo capta a ação do artista em pincelar com água a página de texto. Na medida em que o texto se encharca, surge por trás a imagem fotográfica na transparência do papel molhado.
“Lisboa realiza uma série de contrapontos entre verbo e imagem, entre fotografia e fato, entre movimento e fixidez, ressaltando não somente as implicações de um exercício intersemiótico, como também as contingências que envolvem o controle sobre a imagem e o discurso das notícias”, destaca a curadoria.
O Diário Contemporâneo de Fotografia
A edição 2021 é composta por duas mostras: “Pulsões” e “Desejos pessoais, pulsões coletivas: quando as imagens tomam posição”, que reúnem mais de 50 artistas, entre integrantes da Coleção DCF, instituída em 2016, e convidados do país inteiro. As mostras estiveram em cartaz no Museu da Casa das Onze Janelas e no Museu da UFPA e continuam disponíveis em formato virtual. Acesse em www.diariocontemporaneo.com.br
O DCF é uma realização do jornal Diário do Pará e RBA com patrocínio da Alubar, Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), Sebrae-PA, apoio institucional do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA), e colaboração da Sol Informática.
Serviço
Diálogos DCF #12
13/12 – segunda-feira, às 20h
Com Melissa Barbery (PA), Paulo Mendel (RJ/SP) & Vi Grunvald (SP/RS) e Tom Lisboa (PR)
Mediadores: Mariano Klautau Filho e Heldilene Reale
Canal do YouTube: Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia
Programe-se
Diálogos DCF #13
15/12 (quarta-feira)
Diego Bresani (DF), Péricles Mendes (BA) e Ana Mokarzel (PA)
Mediadores: Mariano Klautau Filho e Savio Stoco